"Acidente de carro" de Andy Warhol vendido por 82 milhões de euros

CNN , Jacqui Palumbo
20 nov 2022, 20:00
"White Disaster (White Car Crash 19 Times)", serigrafia da série "Death and Disaster" de Andy Warhol

Andy Warhol talvez seja mais conhecido pela sua pop art iconográfica de Marilyn Monroe, do presidente Mao e das latas de sopa Campbell, mas foi uma das suas serigrafias de um acidente automóvel que se juntou às obras mais valiosas do pós-guerra a serem vendidas num leilão.

"White Disaster (White Car Crash 19 Times)", uma imagem colossal da série "Death and Disaster" do artista, alcançou 85,4 milhões de dólares (cerca de 82 milhões de euros) na Sotheby's de Nova Iorque, uma quantia que a leiloeira descreveu como “monumental”.

No momento em que Warhol criou a obra em 1963, ele estava fixado em imagens tenebrosas e mórbidas — nuvens de bombas atómicas, cadeiras elétricas — e na maneira como a imprensa escrita de grande tiragem as reproduzia, acreditando que os leitores se tinham tornado imunes ao impacto que tinham. De toda a sua produção, esta série foi a que lidou de forma mais explícita com a sua fixação na mortalidade humana.

Andy Warhol fotografado no seu estúdio em Nova Iorque, The Factory, em 1983. Créditos: Brownie Harris/Corbis Historical/Getty Images

Em "White Disaster", Warhol duplicou uma única imagem de um acidente automóvel 19 vezes a preto e branco. Com 3,6 metros de altura e 1,8 metros de largura, é a maior das suas obras com acidentes de carros.

"O que distingue (a obra) não é apenas a sua grande dimensão, que realmente deslumbra qualquer um que esteja à frente dela, mas também a sua paleta", explicou David Galperin, diretor de arte contemporânea na Sotheby's de Nova Iorque, antes da venda. "Parece realmente brilhar, pela maneira como o negro da serigrafia contrasta com o fundo branco", acrescentou, ao explicar que Warhol repetiu a imagem na série em diferentes tonalidades, inclusive lavanda e laranja.

A serigrafia de grandes dimensões tem 3,6 metros de altura e 1,8 metros de largura. Créditos: cortesia da Sotheby's

Galperin comparou a escala e a forma da obra com os retábulos religiosos, em referência à educação católica de Warhol e às subtilezas religiosas dos seus trabalhos — nomeadamente como as pinturas iconográficas religiosas influenciaram os seus retratos de celebridades. Warhol trabalhou na série "Death and Disaster" ao mesmo tempo que fazia as serigrafias das famosas imagens de Monroe após a morte desta em 1962.

"Estas ideias de celebridade, tragédia, fama, morte — são os temas que ocuparam Warhol e creio que a série em que ele estava a trabalhar em simultâneo, os quadros de Marilyn e as obras de ‘Death and Disaster’ estão ligadas de uma forma muito elaborada", disse Galperin.

"Silver Car Crash (Double Disaster)" bateu um recorde ao render mais de 100 milhões de dólares em 2013. Créditos: Emmanuel Dunand/AFP/Getty Images

Em 2013, uma obra menor desta série, "Silver Car Crash (Double Disaster)" foi vendida na Sotheby's pelo valor recordista de 105,4 milhões de dólares (102 milhões de euros). Reinou como a obra de arte mais cara de Warhol até ao ano passado, quando uma das suas serigrafias de Monroe destronou o recorde de qualquer artista americano, atingindo os 195 milhões de dólares (185 milhões de euros à data).

Antes da venda, "White Disaster" esteve durante 25 anos numa coleção privada e pertenceu anteriormente a Heiner Friedrich, fundador da Dia Art Foundation, e ao comerciante de arte, Thomas Ammann, segundo a Sotheby's. Esteve presente nas principais exposições sobre Warhol e a pop art mais vasta no Museu Tate em Londres, no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, no Centro Pompidou em Paris e, mais recentemente, no Walker Art Center em Mineápolis.

A obra esteve à venda num dos dois grandes leilões realizados pela Sotheby's de Nova Iorque na quarta-feira que amealharam um total de 314,9 milhões de dólares. Noutro local, uma obra sem título de Willem de Kooning foi vendida por 34,8 milhões de dólares, o segundo valor mais alto jamais pago por uma obra do artista holandês-americano, disse a leiloeira. Entre as outras vendas milionárias estavam obras de Francis Bacon e Jean-Michel Basquiat.

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