“Se houver maioria parlamentar de direita, tenho a garantia total - não posso revelar de quem - de que haverá governo de direita. Com ou sem Montenegro. E não tem de ser com Passos”: André Ventura na íntegra

CNN
26 jan, 09:56

Se houver maioria de direita e Montenegro não viabilizar um governo, o PSD passa-lhe por cima. É o que dita André Ventura, que diz ter garantias de "forças vivas" do PSD de que tal acontecerá

André Ventura traça novos cenários eleitorais. E, em entrevista ao jornalista Anselmo Crespo para a CNN Portugal, revela que não apresentará moções de rejeição a um governo AD. Mas também diz que  a direita governará se tiver maioria absoluta, "com ou sem Luís Montenegro".

Vejamos esse excerto da entrevista (que pode ver ou rever na íntegra no vídeo em cima):

André Ventura - ... Eu tenho quase 99% de garantia, 99%, e isto é muito, de que se houver uma maioria à direita, haverá um governo de direita. E eu tenho dito isto aos eleitores…

Anselmo Crespo - Com ou sem Luís Montenegro?
- Com ou sem Luís Montenegro. Haverá. E eu tenho essa garantia. E portanto…

Tem essa garantia de quem?
Isso não, não, não…

Do PSD?
… não posso revelar isso, mas tenho a garantia e confiança de que isso acontecerá. E também lhe digo uma coisa: era totalmente irresponsável que isso não acontecesse.

André, desculpe, mas sou jornalista e tenho mesmo de lhe perguntar: se tem essa garantia, e se o líder do PSD se chama Luís Montenegro, é porque Luís Montenegro lhe deu a garantia, ou alguém próximo dele, de que se houver uma maioria de direita, haverá uma maioria de direita com o Chega. 
[Interrompendo] Porque sei que as forças do PSD não deixariam que o PS governasse.

Isso são outras coisas.
É a mesma coisa, porque quem manda são essas forças. E portanto tenho a garantia total de que haverá um governo de direita se tivermos uma maioria à direita. E ninguém compreenderia se não fosse assim.

Portanto, acha que se Luís Montenegro não quiser entender-se com o Chega…
… haverá outro.

… ele será afastado do partido?
Não acho, tenho a certeza. É uma certeza que eu tenho. Absoluta. Portanto, haverá um governo à direita se houver uma maioria à direita. E também não compreenderia que esse cenário não acontecesse. Porque isso então é que seria dar-lhe razão, não a si mas à pergunta, de deixar governar o PS. Sei que isso no vai acontecer, sei que a maioria dos dirigentes do PSD não deixará que isso aconteça. O Presidente da República nunca – na minha perspetiva – aceitaria um governo que fosse instável numa situação já de instabilidade.

É aí que vem Pedro Passos Coelho?
Seja quem for. Não vou decidir por outros partidos. Todos sabem a minha preferência – não, a preferência, não o prefiro a Luís Montenegro – sabem a consideração e a amizade que tenho por Pedro Passos Coelho mas não tinha de ser Pedro Passos Coelho, podia ser outro líder que aceitasse… E como lhe digo, pode acontecer que fique o Chega à frente e aí como é que é? Porque há outra pergunta: o PSD viabilizaria um governo que fosse liderado pelo Chega?

Acho que essa resposta está dada por Luís Montenegro.
Mas então, estaríamos na mesma situação. Quem é que governaria?

Este excerto é retirado logo do início da entrevista, em que Ventura também deixa claro que "nunca viabilizarei um governo do PS." Esse é um dos cenários que o líder do Chega não admite, mas o próprio desenha outras possibilidades. Incluindo a de o PS ganhar mas existir uma maioria de direita. "A minha solução, um governo à direita", diz. "É isso que farei". Mas "é preciso  ver o que é que o PSD fará nestas circunstâncias. Nem me estou a referir a Luís Montenegro: Montenegro diz que sai, resta saber o que é que o PSD fará enquanto partido. Eu acho que só há uma solução mas não vou estar a decidir por outros partidos. Da minha parte, pegarei no telefone, ligarei aos dois partidos, da Iniciativa Liberal e do PSD, 'olhe, eu acho que temos condições para formar um governo, só não governamos se não quisermos', e é isso que direi."

Há ainda outra variante: "O PS tem mais votos mas é o Chega o partido mais votado à direita, com o PSD e a IL atrás – na última sondagem estávamos a quatro pontos -, farei a mesma coisa. Contactarei os outros líderes para termos uma maioria."

É então que Anselmo Crespo confronta Ventura com outra possibilidade, a de se repetir o cenário de 2015, em que o PSD e o CDS ganharam as eleições, o Presidente da República (então, Cavaco Silva) convidou a aliança a formar governo mas o programa eleitoral foi chumbado na Assembleia da República, abrindo caminho à formação da "geringonça" de esquerda.

O Chega fará o mesmo? Apresentará - no caso de vitória da AD com maioria de direita mas sem Chega no Governo - uma moção de rejeição? "Não", responde Ventura. “O Chega só o fará se esse for um governo que não combate a corrupção, que não permite o crescimento económico e a diminuição de impostos.” 

"Se for um governo AD mas que decida não incluir o Chega, eu terei de pedir respeito pelos 18 ou 20%.."

Decisão 24

Mais Decisão 24

Patrocinados