Amásia. O próximo supercontinente pode formar-se quando o Oceano Pacífico desaparecer

CNN , Ashley Strickland
8 out 2022, 19:00
Os investigadores modelaram o que pensam ser o próximo supercontinente, Amásia, que poderá formar-se cerca de 280 milhões de anos no futuro. Cortesia Curtin University

O mundo pode ter um novo supercontinente daqui a 200 a 300 milhões de anos à medida que o Oceano Pacífico encolhe e se fecha.

Investigadores da Universidade Curtin na Austrália e da Universidade de Pequim, na China, usaram um supercomputador para modelar a evolução das placas tectónicas da Terra e a formação de um futuro supercontinente. A revista National Science Review publicou as suas conclusões recentemente.

"Nos últimos dois mil milhões de anos, os continentes terrestres colidiram para formar um supercontinente a cada 600 milhões de anos, conhecido como o ciclo do supercontinente. Isto significa que os atuais continentes devem voltar a reunir-se dentro de duas centenas de milhões de anos", disse o autor principal, Chuan Huang, investigador do Grupo de Investigação da Dinâmica da Terra de Curtin e da Escola de Ciências da Terra e Planetária, em comunicado.

A formação de supercontinentes ocorreu de formas muito variadas, acreditam os cientistas.

A simulação da equipa mostrou que, devido ao facto de a Terra estar a arrefecer há milhares de milhões de anos desde a sua formação, a espessura e a força das placas tectónicas sob os oceanos reduziram ao longo do tempo.

Este processo natural impediria o próximo supercontinente de se formar como resultado do encolhimento dos oceanos Atlântico ou Índico, que os cientistas consideram ser oceanos relativamente jovens. Estes oceanos provavelmente formaram-se quando o mais recente supercontinente da Terra se separou e as várias peças lentamente se afastaram umas das outras.

De seu nome Pangeia, a massa terrestre formou-se há cerca de 320 milhões de anos, de acordo com os autores do estudo. Separou-se há 170 milhões a 180 milhões de anos, quando os dinossauros andavam na Terra.

Em contraste, o Oceano Pacífico é o oceano mais antigo da Terra. Este vasto corpo de água é na verdade o remanescente do superoceano Pantalassa que começou a formar-se há 700 milhões de anos como um supercontinente ainda mais antigo do que quando Pangeia se começou a separar.

A equipa de estudo descobriu que quando as placas tectónicas diminuem em força e espessura, a formação de um novo supercontinente é mais provável de acontecer com o estreitamento de um ex-superoceano que tinha cercado uma massa de terra colossal anterior. Diminuindo alguns centímetros por ano, o Oceano Pacífico começou a encolher durante a era dos dinossauros. Com base na nova simulação, o alcance atual do Oceano Pacífico de 10 mil km estreitará em menos de 300 milhões de anos.

"O novo supercontinente resultante já foi batizado de Amásia, porque alguns acreditam que o Oceano Pacífico vai fechar (ao contrário dos oceanos Atlântico e Índico) quando a América colidir com a Ásia. Espera-se também que a Austrália desempenhe um papel neste importante evento terrestre, primeiro colidindo com a Ásia e depois ligando a América e a Ásia assim que o Oceano Pacífico fechar", disse Huang.

A Austrália está atualmente à deriva para a Ásia a um ritmo de cerca de 7 centímetros (2,8 polegadas) por ano, enquanto a Eurásia e as Américas se movem a ritmos mais lentos em direção ao Oceano Pacífico, disse o coautor do estudo Zheng-Xiang Li, ilustre professor na Escola da Terra e Ciências Planetárias de Curtin.

Como será este mundo?

As mudanças na distribuição de continentes e oceanos vão provocar alterações nos climas, "especialmente quando as correntes oceânicas são travadas por colisão continental, ou novas correntes oceânicas são formadas quando os continentes se separam", disse Li.

Um exemplo deste fenómeno é quando a Austrália se separou da Antártida há 45 milhões de anos, desencadeando a formação da calota polar antártica.

Os investigadores também esperam mais terramotos à medida que as placas continentais colidem. A atividade sísmica tem ocorrido periodicamente onde as placas da Índia e da Eurásia têm colidido nos últimos 55 milhões de anos, disse Li. O impacto inicial formou o planalto tibetano e os Himalaias.

Rodeado por um novo superoceano, o recém-formado supercontinente também terá diminuído a biodiversidade.

"A Terra como a conhecemos será drasticamente diferente quando a Amásia se formar. Espera-se que o nível das águas do mar seja mais baixo e que o vasto interior do supercontinente seja muito árido com altas variações de temperaturas diárias", disse Li. "Atualmente, a Terra é composta por sete continentes com ecossistemas e culturas humanas amplamente diferentes, por isso seria fascinante pensar como seria o mundo dentro de 200 a 300 milhões de anos."

Os cientistas ainda estão a tentar compreender o ciclo do supercontinente da Terra, que é impulsionado pelo calor e pela gravidade. A equipa de pesquisa quer determinar como começaram as placas tectónicas da Terra e quando se formaram os primeiros continentes, bem como o que iniciou o ciclo do supercontinente.

"Estamos apenas a começar a olhar para todo o sistema terrestre, desde o seu núcleo até à sua atmosfera, como um sistema intimamente ligado que evoluiu em conjunto."

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