Polémica em Setúbal: Governo e Marcelo prestaram informação "necessária", garante Alto Comissariado para as Migrações

Agência Lusa , NM
2 mai 2022, 14:40
Crianças entre os refugiados da guerra na Ucrânia (AP Photo)

No domingo, António Costa anunciou que o pedido de inquérito feito pela Câmara de Setúbal sobre o acolhimento de refugiados ucranianos vai ser remetido para a Comissão Nacional de Proteção de Dados e para o Ministério da Coesão Territorial. Já o Presidente da República, no mesmo dia, garantiu que há autoridades competentes, designadamente judiciais e administrativas, para investigarem as suspeitas de recolha de informações a refugiados ucranianos

A alta-comissária para as Migrações considerou esta segunda-feira que o Governo e o Presidente da República já prestaram a informação necessária em relação à notícia de que refugiados ucranianos estão a ser recebidos em Setúbal por russos pró-Putin.

“O senhor primeiro-ministro, assim como o senhor Presidente da República, já prestaram a informação que era necessária e que todos esperávamos sobre a situação em Setúbal”, disse Sónia Pereira, em declarações aos jornalistas, em Elvas (Portalegre).

O jornal Expresso noticiou na sexta-feira que refugiados ucranianos estão a ser recebidos no município setubalense por russos pró-Putin, acrescentando que, pelo menos 160 refugiados, já terão sido recebidos por Igor Khashin, antigo presidente da Casa da Rússia e do Conselho de Coordenação dos Compatriotas Russos, e pela mulher, Yulia Khashin, funcionária do município setubalense.

Questionada se o Alto Comissariado para as Migrações (ACM) já respondeu ao pedido de esclarecimento da secretaria de Estado da Igualdade e Migrações sobre o caso de Setúbal, Sónia Pereira, que falava aos jornalistas à margem da inauguração do Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM) de Elvas, apenas referiu que o comissariado desenvolve um trabalho “diário de acompanhamento e monitorização” pela rede.

“O nosso trabalho é diário de acompanhamento e monitorização, designadamente através dos nossos parceiros e, portanto, a rede CLAIM é tão importante, é esse o trabalho que continuamos a fazer e essa a comunicação que fazemos à nossa tutela relativamente ao acompanhamento que vamos fazendo diariamente com toda a rede CLAIM”, disse.

“Não conseguimos chegar a todos os CLAIM diariamente, mas fazemos um esforço muito grande de monitorização e acompanhamento e essa informação é transmitida regularmente. E, reforço, que o senhor primeiro-ministro já deu informação que importava sobre o trabalho que está a ser realizado a nível nacional”, acrescentou.

O primeiro-ministro anunciou no domingo que o pedido de inquérito feito pela Câmara de Setúbal sobre o acolhimento de refugiados ucranianos vai ser remetido para a Comissão Nacional de Proteção de Dados e para o Ministério da Coesão Territorial.

O Presidente da República disse também no domingo que há autoridades competentes, designadamente judiciais e administrativas, para investigarem as suspeitas de recolha de informações a refugiados ucranianos por parte de uma associação pró-russa em Setúbal.

“Há autoridades competentes para isso [investigação], quer do ponto de vista judicial, quer do ponto de vista administrativo”, afirmou aos jornalistas Marcelo Rebelo à margem do Estoril Open, quando questionado se acredita numa investigação ao caso de Setúbal.

Em Elvas, o CLAIM vai dar resposta a pelo menos 50 refugiados ucranianos que se encontram naquele concelho que, nesta altura, segundo o presidente do município, José Rondão Almeida, acolhe migrantes de 14 nacionalidades.

“Atualmente é cada vez mais importante dar resposta a novas realidades no âmbito da migração. Em Elvas, pela sua posição geográfica estratégica na fronteira com o país vizinho, há largas décadas que convivemos com o fluxo de migrantes”, recordou o autarca no decorrer do seu discurso, na cerimónia de inauguração do CLAIM de Elvas.

De acordo com o autarca, com a chegada a Elvas dos refugiados ucranianos “tornou-se ainda mais urgente” inaugurar um CLAIM naquela cidade alentejana.

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