Relatório da CPI iliba Governo do pagamento de 500 mil euros da TAP a Alexandra Reis

5 jul 2023, 00:08
Alexandra Reis, ex-administradora da TAP, na Comissão Parlamentar (Lusa/ Antonio Cotrim)

Deputados concluem que decisão de despedir a administradora "partiu de exclusiva vontade e iniciativa" da então CEO da companhia aérea

O Governo não teve responsabilidade na indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis, administradora da TAP cujo despedimento foi da exclusiva responsabilidade da então presidente da comissão executiva, Christine Ourmières-Widener. Estas são duas das principais conclusões do relatório preliminar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP, que foi assinado pela deputada do PS Ana Paula Bernardo.

De resto, e apesar de ter ficado provado que houve contacto entre a CEO da TAP e o Ministério das Infraestruturas, "maioritariamente" com o secretário de Estado Hugo Mendes, os deputados escrevem que o valor final a pagar a Alexandra Reis não foi definido pelo Governo.

De acordo com o documento a que a CNN Portugal teve acesso, "partiu de exclusiva vontade e iniciativa de Christine Ourmières-Widener" a cessação de funções de Alexandra Reis, que meses mais tarde acabaria por aceitar um convite para secretária de Estado do Tesouro, acabando demitida menos de um mês depois do início de funções, ao saber-se do pagamento da indemnização.

Concluíram os deputados que foi a francesa a gerir todo o processo, que só foi dado a conhecer aos restantes membros do Conselho de Administração após o fecho da negociação. Apesar de ter ficado claro durante as audições no Parlamento que houve divergências entre ambas as administradoras, os deputados não conseguiram apurar "com exatidão as razões e motivos" que estiveram na base da saída de Alexandra Reis.

"Foram avançadas à CPI diferentes situações, nem sempre convergentes e fracamente sustentadas em provas documentais. Christine Ourmières-Widener afirma não terem existido motivos pessoais e que a situação se justifica por Alexandra Reis 'estar 15 desalinhada com a estratégia da Comissão Executiva' ou ainda não ter o perfil adequado para o novo modelo de organização pretendido para a Comissão Executiva da TAP", pode ler-se no documento.

Conclusões que também constavam na deliberação da Inspeção-Geral de Finanças, que assinalou a saída "por divergências profissionais irreconciliáveis na comissão executiva que punham em causa o seu funcionamento”.

Ainda que não consigam apurar os motivos concretos para a saída da administradora, os deputados entendem que "foi visível o sentido de urgência que a então CEO imprimiu a todo o processo" de saída de Alexandra Reis. Com efeito, destacam os deputados, essa ngeociação decorreu num "curto espaço de tempo", em concreto "menos de 10 dias" após a comunicação da decisão à administradora. De resto, os deputados não conseguiram apurar qual a urgência de Christine Ourmières-Widener para despedir Alexandra Reis.

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