Jack, de 15 anos, viajava com a mãe na fila da porta que acabou sugada durante a viagem de sexta-feira à noite. O cinto de segurança acabou por lhe salvar a vida, ainda que com ferimentos causados pela sucção
"A camisola foi-lhe arrancada do corpo quando o painel explodiu devido à pressão, e foi o cinto de segurança que o manteve no lugar e lhe salvou a vida. E ali estava ele ao meu lado." Ele era Jack, um jovem de 15 anos que foi transferido para a fila de Kelly Bartlett depois da porta de emergência do avião da Alaska Airlines ter sido sugada em pleno voo.
A passageira viajava na fila 23, três filas à frente da explosão, e em declarações à Associated Press conta que os pilotos tinham acabado de dizer que os passageiros podiam voltar a utilizar os aparelhos eletrónicos quando ouviu uma forte explosão e a cabina encheu-se de ar frio e vento forte.
"Poucos minutos depois do anúncio, todos ouvimos um estrondo muito forte, o que foi muito surpreendente. E o avião encheu-se de vento e ar. É uma loucura, porque isso não devia acontecer, certo? Não se sabe o que se passa e não se sabe o quê. Não sabia de onde o ar estava a vir. A máscara de oxigénio caiu", relembrou Kelly.
Depois da explosão, e enquanto os passageiros colocavam as máscaras, Kelly viu uma assistente de bordo a caminhar pelo corredor em direção à fila da porta arrancada, inclinada para a frente como se estivesse a enfrentar um vento forte. Pouco depois, a tripulação começou a retirar as pessoas que viajavam perto de onde ocorreu a explosão, ajudando-os a afastarem-se.
"Toda a gente sabia o que fazer. Pegámos nas máscaras, mas foi muito enervante porque sabíamos que algo estava errado. Não sabíamos o quê. Não sabíamos qual era a gravidade. Não sabíamos se isso significava que nos íamos despenhar. Quer dizer, algo estava errado e não tínhamos qualquer informação, por isso era uma situação muito assustadora. Estava muito barulho. Estava muito vento e fazia muito barulho. Conseguia-se ouvir o motor do lado de fora do avião e o ar a circular dentro do avião, porque era como se o vento estivesse a entrar. Por isso, sim, foi fresco. Não diria que estava frio. Não estava desconfortavelmente frio. Estava apenas frio e ventoso, o que, mais uma vez, não é o que se quer num voo", explicou.
Foi nesse momento que Jack - que viajava na fila onde a porta explodiu - acabou sentado ao seu lado, sem camisola e com alguns cortes no corpo.
"O miúdo saltou por cima de mim e sentou-se ali, pegou na máscara e colocou-a. Eu não sabia de onde é que ele tinha vindo. Não sabia em que lugar é que ele estava antes disso. Não sabia porque é que ele não tinha uma camisola vestida, porque a camisola foi sugada do seu corpo quando o painel explodiu devido à pressão, e foi o cinto de segurança que o manteve no seu lugar e lhe salvou a vida. E lá estava ele ao meu lado e eu podia ver que a sua pele estava vermelha e tinha alguns cortes. Por isso, não percebi o que estava a acontecer. Ele pôs o cinto de segurança. Tinha a máscara posta. Sei que colocaram a mãe dele noutro lugar. E depois acabei por não ver mais as assistentes de bordo. Por isso, sabia que já tinham tratado do assunto. Eles estavam sentados e estavam seguros. Depois comecei a falar com ele. Tínhamos as máscaras postas e o avião estava muito barulhento, por isso não podíamos falar, mas eu tinha a aplicação de notas no meu telemóvel, onde estava a escrever. Por isso, escrevi-lhe e perguntei-lhe se estava ferido e se tinha estado naquele lugar onde a janela explodiu", contou.
E Jack respondeu que sim, que ele e a mãe estavam sentados na fila onde o painel tinha rebentado. "Eu não conseguia acreditar que ele estava ali sentado", confessou a artista norte-americana.
"O que ele deve ter passado, o que deve ter sentido na altura, porque eu estava assustada e não era eu que estava ali sentada. De qualquer forma, falámos um pouco pelo telemóvel, porque não conseguíamos falar, e ele disse-me que estava bem fisicamente e que a mãe dele também estava bem e foi isso. (...) A sorte que ele teve por ter o cinto posto e isso salvou-lhe a vida."
Segundo Kelly Barlett, Jack apresentava alguns cortes na zona do abdómen e do pescoço.
O avião da Alaska Airlines acabou por fazer uma aterragem de emergência em Portland, no noroeste dos Estados Unidos, em segurança com 174 passageiros e seis tripulantes a bordo, depois do buraco ter provocado a despressurização da cabina. Apesar do susto, o incidente não causou feridos graves.