Acidente de Eduardo Cabrita: as explicações do perito que analisou o caso

6 dez 2021, 23:04

A curva e a circulação, a questão da velocidade ou as marcas de travagem. Jorge Martins explica o que está em causa

Jorge Martins, professor do departamento de Engenharia Mecânica da Universidade do Minho, foi o perito que fez a reconstituição do acidente que envolveu a viatura de Eduardo Cabrita, que vitimou o trabalhador Nuno Santos. Em entrevista à CNN Portugal, o docente salienta que o acidente poderia ter sido evitado “por vários fatores”.

“O facto de [o acidente] ter ocorrido numa curva para a esquerda, embora bastante larga, e de o carro ir a circular pelo lado esquerdo”, contribuiu, na opinião do perito, para o desfecho mortal.

Sobre o tema da velocidade, Jorge Martins afirma que “não é possível” estabelecer se o acidente poderia ter sido evitado se o carro circulasse a uma velocidade mais reduzida. Mas ressalva: “Claro que se a velocidade fosse mais baixa, haveria mais tempo e espaço para se ter uma correção de trajetória”.

Contudo, se o carro estivesse a circular pela direita, Jorge Martins afirma que “seria bastante diferente”.

“Para se chegar ao centro da via ou ao lado direito, o peão teria de andar muitos metros, o que seria visível. Circulando pelo lado esquerdo, não terá havido visibilidade. O condutor só terá visto a vítima no último instante”, explica.

Quanto à ausência de marcas de travagem, o docente considera que “não havia, nem poderia haver” marcas, pois os sistemas ABS, que impedem as rodas de bloquear, “existem há bem mais de 10 anos”.

Para a simulação do acidente, Jorge Martins não contou com o número de pessoas do veículo, que considera ser “irrelevante”, garantindo que, nesta situação, “o que conta é o coeficiente de atrito”.

Eduardo Cabrita demitiu-se, entretanto, na sexta-feira, depois de ter sido divulgado que o Ministério Público tinha deduzido acusação contra o seu motorista. Segundo a acusação, a viagem de Portalegre para Lisboa, após uma deslocação oficial do anterior ministro foi feita violando as regras de velocidade e de circulação previstas no Código da Estrada e com inobservância das precauções exigidas pela prudência. Uma situação que podia ter sido diferente, como admite Jorge Martins, caso essas duas regras tivessem sido respeitadas.

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