Zelensky: "Processo de paz deve começar com cessar-fogo"

12 mar 2022, 15:29
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em declaração ao país (AP Photo)

Presidente ucraniano, que hoje também conversou com Olaf Scholz e Emmanuel Macron, deu uma conferência de imprensa este sábado onde abordou vários temas do conflito

Volodymyr Zelensky afirmou este sábado, em conferência de imprensa com a imprensa internacional, que qualquer negociação com a Rússia só será possível quando um cessar-fogo for acordado entre Kiev e Moscovo e que as equipas de negociação ucranianas e russas começaram a discutir tópicos concretos em vez de trocar ultimatos.

"Os nossos diplomatas estão a trabalhar e falaram sobre alguns temas numa possível agenda entre nós e a Federação Russa. Quero que isso se concretize e o processo de acabar com a guerra, o processo de paz a 100% deve começar com o cessar-fogo", afirmou o líder ucraniano que voltou a afirmar que está aberto a reunir com Putin.

Zelensky disse ainda que o Ocidente deveria estar mais envolvido nas negociações para acabar com a guerra, mas saudou os esforços do primeiro-ministro de Israel Naftali Bennett para mediar entre a Ucrânia e a Rússia, e disse que sugeriu a Bennett realizar negociações em Jerusalém.

Este sábado, o líder ucraniano, à semelhança de Putin, conversou com Olaf Scholz e Emmanuel Macron, a quem pediu que intervenha na questão do rapto do autarca de Melitopol.

"Discutimos o combate ao invasor, os crimes da Rússia contra civis. Pedi aos meus Aliados que ajudem a libertar o autarca raptado de Melitopol. Perspectivas para negociações de paz também foram discutidas. Devemos parar o invasor juntos", escreveu Zelensky no Twitter.

Para o presidente ucraniano, a Rússia deve ter vergonha do rapto do autarca de Melitopol. Ivan Federov foi capturado por soldados russos, na sexta-feira, quando estava no centro de crise da cidade, localizado a cerca de 120 km ao sul de Zaporizhzhia, para tratar de problemas de abastecimento.

Um alto responsável da administração presidencial da Ucrânia, Kirillo Tymoshenko, publicou no Telegram um vídeo que mostra soldados a sair de um edifício à distância, segurando um homem vestido de preto, com a cabeça aparentemente coberta com um saco preto. O vídeo ainda não foi confirmado por fonte independente.

"A detenção do presidente de Melitopol é um crime contra a democracia. Mataram um autarca e agora capturaram outro. Significa que os presidentes, não interessa em que cidade os militares russos entrem, se não confirmarem a sua colaboração, vão ser mortos. É simplesmente terrorismo. Um humano foi capturado. Não estão sequer envergonhados daquele vídeo. Levaram-no para uma cela para o torturar e vão matá-lo", afirmou o presidente ucraniano. 

Na conferência de imprensa com os jornalistas internacionais, o presidente ucraniano fez também um balanço das perdas militares e revelou que, desde que a invasão russa à Ucrânia começou, morreram 1.300 soldados ucranianos.

Sobre as forças russas, Zelensky disse que, apenas na sexta-feira, entre 500 a 600 soldados russos pediram rendição.

Outra das informações avançadas pelo presidente ucraniano na conferência de imprensa foi a de que, desde que as forças russas entraram em território ucraniano, a maioria dos negócios nacionais pararam de operar. 

O conselheiro económico de Zelensky estima que as perdas já ultrapassem os 100 mil milhões de dólares. 

A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 549 mortos e mais de 950 feridos entre a população civil e provocou a fuga de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais 2,5 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.

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