"Alors on Danse": desculpem, The Strokes, mas a festa do NOS Alive fez-se de Jungle, Parov Stelar e Stromae

7 jul 2022, 02:27

Banda norte-americana não atuava em Portugal há 11 anos, mas concerto ficou àquem das expectativas do público que acabaria por rumar a um dos palcos secundários para ver Parov Stelar

A tarde já caiu em Algés e muitas das pessoas que estão no Passeio Marítimo aproveitam o intervalo a seguir ao concerto de Jungle para recuperar energia, rumando às barracas de comida da praça de alimentação. A razão não será apenas a hora, mas também a energia dispendida no concerto da banda inglesa de soul moderno que colocou o recinto a dançar.

Naquele que foi o sexto concerto do grupo liderado por Josh Lloyd-Watson e Tom McFarland em Portugal, a banda inglesa deu aquilo a que se pode chamar de sunset party ao longo de uma hora de espetáculo para um recinto que procurava todas as sombras disponíveis no recinto.

Com músicas como "Keep Moving", "'The Heat", "Busy Earnin" ou "All The Time" a fazerem as delícias do público, os britânicos agarraram a multidão do início ao fim antes de começar a debandada em procura de alimento. 

E enquanto muitos ainda se encontravam sentados à mesa, ou até no relvado sintético do recinto em frente ao palco, já a banda "The War on Drugs" subia a palco para mostrar que Adam Granduciel, David Hartley, Robbie Bennett, Charlie Hall, Jon Natchez, Anthony LaMarca e Eliza Hardy Jones sabem o que fazem.

Mas, o arranque foi morno, talvez pela hora, talvez pela moleza do fim de tarde ao sol, e o público tardou a levantar ou a regressar à frente de palco para ouvir êxitos como "Old Skin", "I Don't Wanna Wait" e "Strangest Thing".

Soava "Harmonia's Dream" quando, já com o sol posto e a noite a nascer, o público se mostrou entusiasmado por ter a banda de Filadélfia em palco. Mas foi com o êxito "Under the Pressure" que a multidão mostrou que tinha mesmo voltado à frente de palco. Antes tarde do que nunca.

The Strokes tentaram, mas não encantaram

Começou com 20 minutos de atraso e com o peso de que seria um mau concerto, ou não tivessem as críticas ao espetáculo no festival de Roskilde, na Dinamarca, invadido as redes sociais, com muitos fãs a considerarem a atuação "catastrófica".

O vocalista Julian Casablancas disse não ligar "o suficiente ao Twitter para saber o que algum fã confuso pensa ou acha que sabe".

"É o lado mais burro das redes sociais. As preocupações, as questões, tudo na boa. As pessoas andam a fazer-me perguntas. São os estranhos que andam a dizer coisas, como se soubessem algo”, escreveu Casablancas numa publicação já apagada no Instagram.

Estranhos ou não, certo é que a dúvida pairava sobre o concerto em Algés. Mas também havia quem se mostrasse entusiasmado por rever a banda, 11 anos depois, em Portugal. 

"Já tínhamos bilhetes para 2020, mas acabámos por trocar pelo passe geral para 2022. Estamos na primeira fila porque "The Strokes" é a minha banda preferida e chateei-a um bocado para vir cedo. Tinha de ser. Já faz 11 anos que eles não vêm a Portugal, então é muita a vontade de os ver outra vez", conta à CNN Portugal Gil que veio ao festival acompanhado da namorada Melanie.

Já Lia viajou de Paris para se encontrar com a amiga Noémie, vinda de Amesterdão, em Lisboa. A jovem parisiense enverga uma camisola da banda norte-americana e confessa que chegou a comprar o bilhete em 2020, mas que o vendeu.

"Acabei por voltar a comprar o bilhete quando soube que os The Strokes vinham", acrescenta, enquanto Noémie se mostra entusiasmada por ver Stromae.

Mas voltemos ao concerto em si, que arrancou depois de 20 minutos de espera e com um vocalista a afirmar "outra vez bêbado" assim que terminou a primeira canção. Com um alinhamento que arrancou com "Is This It", a banda acabaria prejudicada pelo som do palco, que soava distorcido um pouco por todo o recinto.

The Strokes atuam no primeiro dia de NOS Alive (Arlindo Camacho/NOS Alive)

Seguiram-se êxitos como "The Adults Are Talking", "New York City Cops", "Automatic Stop" ou "Bad Decisions", com um Casablancas conversador e a interagir com o público. 

"Lisboa! Este é um grande concerto para nós", afirmou quando a banda regressou para o encore, garantindo que adorava todo o público, que a banda também e que o público também adorava a banda. Se o vocalista tinha a certeza, no recinto existiam dúvidas, tal era a debandada geral para o palco Heineken. É que era ali que Parov Stelar davam um concerto em que a tenda do palco não era suficiente para quem queria assistir (já lá vamos).

No final do concerto de The Strokes, o sentimento era de que "faltava qualquer coisa" e que o espetáculo "tinha sido fraquinho". Pedro, que veio com os primos, diz à CNN Portugal que sai com a sensação de que o concerto "soube a pouco".

"Ele nem a mais famosa tocou, pois não?", questiona, referindo-se à música "Last Nite" que não fez parte nem do alinhamento, nem do encore.

"Alors on Danse"

Quase que podíamos escrever que o concerto de Parov Stelar tinha sido um aquecimento para o Stromae iria fazer no Palco NOS Alive para encerrar a noite, mas estaríamos a ser injustos para com a banda liderada por Marcus Fuereder.

O concerto tinha arranque marcado para as 23:10 e, quem entrasse na tenda logo no início, talvez não esperasse que esta ficasse a abarrotar. A cada minuto que passava, o espaço enchia mais e mais e ficava cada vez mais apertado para dançar e saltar perante a energia da banda que se encontrava em palco.

"Lisboa, vocês são incríveis!", garantia a banda perante uma plateia entusiasmada e com vontade de dançar. E a vontade era tanta que o concerto, que contou com músicas como "Catgroove 22", "Gringo", "All Night" e "Mambo Rap", acabou por ter mais 15 minutos do que o previsto, até porque o concerto de Modest Mouse foi adiantado para as 20:00.

Final do concerto no palco Heineken e era hora de ver Stromae a subir ao palco principal, na sua estreia em Portugal. Se no início parecia que grande parte do público tinha abandonado o recinto, rapidamente a frente de palco encheu (e voltaram as conversas paralelas enquanto o artista atuava), para ver o belga a mostrar que nem só de inglês se faz a música.

Com um espetáculo marcado pelas roupas escolhidas (havia logo na primeira fila uma menina com um fato exatamente igual ao de Stromae Etterbeek) e com os instrumentos escondidos em mesas brancas com leds que mudavam de cor ao longo do espetáculo, o artista não poupou nas mudanças de roupa nem nas danças que fez em palco.

E o público não poupou na voz nem na dança, mostrando saber as canções como "Mon Amour", "Tout les Memes" e "Fils de Joie" (cujo cenário era um púlpito com vários microfones a imitar uma conferência de imprensa) na ponta da língua.

Stromae atua no primeiro dia de NOS Alive (Arlindo Camacho/NOS Alive)

Mas foi com êxitos como "Papaoutai" e "Alors on Danse" que o Passeio Marítimo de Algés se tornou numa verdadeira pista de dança. Com a "Alors on Danse", Stromae pediu mesmo ao público que alinhasse numa "dancinha de tik tok" ao som da música. E o público não desiludiu.

O concerto, que terminou com uma música acapella enquanto no recinto se fazia silêncio, encerrou o primeiro dia de NOS Alive. 

Até sábado, o NOS Alive acolherá, entre outros, os Metallica, Da Weasel, Dino D’Santiago, Florence + The Machine, Imagine Dragons, Manel Cruz, Phoebe Bridgers, St. Vincent, Two Door Cinema Club, DJ Vibe e Três Tristes Tigres.

Relacionados

Música

Mais Música

Patrocinados