China lança manobras militares contra “forças independentistas” de Taiwan

Agência Lusa , AM
23 mai, 06:19

Exercícios estão programados para durar dois dias. Taiwan descreve as manobras como “provocações e ações irracionais”

A China lançou manobras militares “ao redor” de Taiwan, três dias após a posse do novo presidente da ilha, William Lai Ching-te, informou a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

"Os exercícios estão a decorrer no Estreito de Taiwan, no norte, sul e leste da ilha de Taiwan, bem como em áreas em torno das ilhas de Kinmen, Matsu, Wuqiu e Dongyin", disse a Xinhua.

A agência acrescentou que os exercícios, programados para durar dois dias, começaram às 07:45 (23:45 de quarta-feira em Lisboa).

Num comunicado, o porta-voz do Comando do Teatro Oriental das forças armadas da China descreveu as manobras como um “castigo severo” contra o que disse serem as “forças independentistas de Taiwan”.

Esta é uma “punição severa para os atos separatistas das forças da ‘independência de Taiwan’ e uma advertência severa contra a interferência e provocação de forças externas”, disse Li Xi, citado pela Xinhua.

William Lai assumiu o cargo de presidente da ilha em substituição de Tsai Ing-wen (2016-2024), também do Partido Democrático Progressista (DPP, na sigla em inglês), na segunda-feira.

No discurso de tomada de posse, Lai disse que "a paz não tem preço e a guerra não tem vencedores", e deixou clara a intenção de manter o atual status quo entre os dois lados do Estreito e não declarar a independência de Taiwan.

O novo presidente disse também que a República da China (nome oficial de Taiwan) e a República Popular da China "não estão subordinadas uma à outra" e que a soberania da ilha cabe aos seus 23 milhões de habitantes.

"Há quem chame a esta terra República da China, há quem chame Taiwan e há quem chame Formosa. Mas, qualquer que seja o nome usado para referir a nossa nação, nós brilharemos independentemente", assegurou Lai.

Em resposta, a imprensa oficial chinesa acusou na terça-feira o novo líder de Taiwan de “provocar o confronto” e "promover descaradamente a independência" do território.

Em editorial, o Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, acusou Lai de "incitamento ao ódio contra o povo chinês" e de "unir-se em torno da bandeira da independência de Taiwan".

O jornal oficial das forças armadas chinesas, o PLA Daily, observou que as palavras de Lai “estão repletas de intenções sinistras” e acusou o novo líder em Taiwan de “procurar a independência através de meios externos e de utilizar a força militar para a conseguir, revelando mais uma vez a sua posição obstinada sobre a 'independência de Taiwan'”.

Manobras militares da China são “provocações e ações irracionais”

Taiwan descreveu como “provocações e ações irracionais” as manobras militares que a China lançou em torno da ilha. O Ministério da Defesa Nacional de Taiwan condenou “de forma veemente” os exercícios militares, “que prejudicam a paz e a estabilidade regionais” e demonstram “a mentalidade militarista do Partido Comunista Chinês, que é a essência do expansionismo militar e da hegemonia”.

Num comunicado, o ministério acrescentou que enviou “forças marítimas, aéreas e terrestres em resposta (…) para defender a liberdade, a democracia e a soberania” de Taiwan e garantiu que “todos os oficiais e soldados do exército nacional estão preparados para a guerra”.

O território de 23 milhões de habitantes opera como uma entidade política soberana, com diplomacia e exército próprios, apesar de oficialmente não ser independente. Pequim considera Taiwan parte do território chinês e já avisou que uma proclamação formal de independência seria vista como uma declaração de guerra.

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