Seleção: assim faz mais sentido

10 nov 2023, 16:14
Roberto Martínez (FPF)

Um aplauso a Roberto Martínez e, acima de tudo, uma declaração de intenções

Ponto prévio: esta até podia não o ser, mas a partir do momento em que foi anunciada, tornou-se a minha lista de convocados.

É um princípio que tenho há muitos anos.

A não ser que Roberto Martínez tivesse deixado de fora Diogo Costa, Bernardo Silva ou Bruno Fernandes, não encontro razões para me divorciar de uma convocatória que globalmente faz sentido.

E tenho este princípio há muitos anos porque verdadeiramente não considero relevante discutir se o 22º convocado é o jogador x ou o jogador y. É relevante para o jogador, claro que sim, mas não me parece que o seja para a seleção.

O que, sim, é relevante para a seleção é a capacidade de o selecionador criar um grupo forte, unido, fraterno e solidário por entre os pingos da chuva: em estágios de uma semana, com jogos e viagens pelo meio.

Acima de tudo não gostava de ver a seleção portuguesa transformada numa espécie de seleção brasileira, que por ter tantas e tão boas opções não consegue criar um grupo forte e estável: desta vez muda quatro, da próxima muda três, a seguir estreia dois e nunca há um trabalho de continuidade.

O passado já nos mostrou que as seleções mais fortes são as que têm a matriz condutora de um clube em particular ou, não tendo essa felicidade por causa das especificidades do futebol moderno, de criarem um grupo estável e forte.

Claro que também acho que Pedro Gonçalves merecia uma chamada, é impossível não o achar, mas admito que Pedro Gonçalves, Ricardo Horta e até Bruma têm características semelhantes: extremos que jogam com o pé trocado, bons em espaços curtos e com exclente capacidade de remate.

Por isso, e porque cada um de nós terá uma ideia diferente, não faz sentido transformar a ausência de Pedro Gonçalves no tópico principal das discussões.

Será mais importante, seguramente, discutir a importância de Portugal criar um grupo raízes fundas e laços fortes: um grupo de jogadores que se conheça, se defenda e se estime, disponível para colocar acima de tudo o bem comum.

Isso só se consegue com tempo, e muitas horas de convívio.

Há no entanto nesta convocatória um caso diferente e que merece o meu aplauso: Matheus Nunes.

Como o próprio selecionador reconheceu, Matheus Nunes tem características diferentes de todos os outros médios. Palhinha, João Neves, Bruno Fernandes, Ruben Neves e até Danilo são jogadores de passe, Bernardo Silva, Otávio e Vitinha têm progressão com bola, mas não são propriamente velocistas, por isso Matheus Nunes acaba por ser o único médio português que acelera o jogo com a bola colada ao pé.

O jogador do Manchester City é um atleta, extremamente rápido, que joga num espaço muito grande de terreno e que pode ser precioso em certos jogos, ou em certos momentos. Por isso gostava de o ver se incluído neste grupo que se quer forte e unido.

Se não o for, tudo bem na mesma.

Afinal de contas, eu só o conheço dentro de campo, e os laços criam-se fora dele.

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