Couceiro: ainda há lugar para ele no banco

11 mai 2014, 11:18
José Couceiro

Excelente trabalho em Setúbal

Por princípio embirro com
chicotadas psicológicas
. Com a expressão e com a ideia.

Quando escolhem um treinador, os dirigentes devem ter noção de que estão a contratar o empregado mais importante do clube. O que deveria implicar tempo, reflexão, conhecimento e a certeza de que os objetivos são comuns. O resto é trabalho, coerência, apoio firme e um pouco de sorte.

Mas, enfim, admito que por vezes algo possa sair diferente na prática e seja preciso mudar de treinador.

Em alguns casos, esta alteração resulta. Em outros é apenas penosa.

Nesta Liga, José Couceiro e Lito Vidigal foram duas alterações que funcionaram bem. Jorge Paixão foi um dos exemplos contrários.

O regresso de Couceiro ao banco aconteceu depois da derrota nas urnas do Sporting, em confronto com Bruno de Carvalho. Após mais de meia época de trabalho é caso para dizer que o lugar de Couceiro continua a ser no banco e não nos gabinetes e tribunas presidenciais.

O trabalho em Setúbal foi notável . Deu uma ideia de jogo agradável ao Vitória e fê-lo a partir de jogadores jovens e com talento. Numa altura em que quase todos têm menos dinheiro do que era habitual, trabalhar com os mais novos é muitas vezes o único caminho. Nada que assuste o antigo selecionador sub-21, homem que já viveu as mais diversas experiências. 

A classificação final é excelente. O clube valorizou jogadores e passou a ser agradável ver jogar a equipa. Como em outros tempos, já distantes. Uma palavra, creio que merecida, para José Mota: muitos daqueles futebolistas foram detetados por ele.

No Restelo, Lito Vidigal apareceu como última solução. O discurso passou sempre confiança e a verdade é que o Belenenses salvou-se. O primeiro ano depois do regresso foi muito difícil para todos, também por causa do problema de saúde de Van der Gaag e da sucessão equívoca.

Em Braga, a chicotada deu o resultado indesejado.

Se Jesualdo Ferreira estava com dificuldades para garantir a revolução tranquila que António Salvador pretendia, a escolha de um treinador inexperiente como Jorge Paixão revelou-se absurda

Há dirigentes que se julgam deuses, mas o futebol é muito mais do que um jogo de sorte e azar, de fezadas ou apostas mais ou menos inspiradas. Futebol é conhecimento, trabalho e coerência. Um clube como o Sporting de Braga não pode alterar tanto, na mesma época, o perfil do treinador em que acredita. Simplesmente não pode. Ficou a lição. Será que existe humildade para a entender? Duvido. ( Já agora, parabéns ao clube e a João Cardoso pelo momento feliz nos juniores. Apostar no talento da casa pode ser uma ideia)

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