Sinéad O'Connor sabia o valor do seu legado musical.
Numa entrevista em 2021 à revista People para promover o seu livro de memórias “Rememberings”, O'Connor disse que tinha explicado aos filhos a importância de proteger a sua música e as suas finanças.
Com esse objetivo, ela contou que lhes dissera para eles ligarem para o seu contabilista antes de ligarem para o 112, caso ela fosse encontrada morta.
“Quando os artistas estão mortos, eles são muito mais valiosos do que quando estão vivos”, disse ela à publicação. “O Tupac lançou muito mais álbuns desde que morreu do que quando estava vivo, por isso é um bocado grosseiro o que as editoras discográficas fazem.”
“É por isso que sempre dei instruções aos meus filhos, desde que eram muito pequenos: 'Se a vossa mãe morrer amanhã, antes de ligarem para o 112, liguem para o meu contabilista e certifiquem-se de que as editoras discográficas não começam a lançar os meus discos e não vos dizem onde está o dinheiro'”, explicou ainda.
A cantora irlandesa morreu esta semana depois de ter sido encontrada sem reação numa casa em Londres. Tinha 56 anos.
Não foi divulgada a causa da morte, mas a polícia londrina disse na quinta-feira que não estava a ser tratada como sendo uma morte suspeita.
O'Connor era mãe de quatro filhos. O seu filho Shane, de 17 anos, morreu no ano passado depois de ter desaparecido dias antes.
Ela era uma cantora conhecida pela sua voz pura e nítida, aliada a uma excecional capacidade de composição que evocava os seus pontos de vista sobre política, espiritualidade, história e filosofia.
O seu primeiro álbum, “The Lion and the Cobra”, foi lançado em 1987 e aclamado pela crítica, mas foi o segundo álbum de O'Connor, “I Do Not Want What I Haven't Got”, de 1990, que a tornou numa artista de renome.