Ainda não há acordo. Governo vai fazer contraproposta aos médicos e nova reunião acontece no domingo

Daniela Costa Teixeira , com Lusa, atualizado às 15:39
27 out 2023, 13:30

Os sindicatos médicos e o Ministério da Saúde estão em negociações há 18 meses. O Executivo compromete-se a apresentar uma contraproposta às exigências hoje apresentadas.

O Ministério da Saúde e os sindicatos médicos não chegaram a um acordo na reunião desta sexta-feira, estando previsto um novo encontro no domingo à tarde. No entanto, os sindicatos destacam a abertura do Executivo para negociar.

Aos jornalistas, Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), revelou que o ministro da Saúde irá analisar a proposta apresentada esta sexta-feira em conjunto com a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e que irá fazer chegar aos sindicatos no sábado ao final da tarde uma contraproposta, que será debatida no domingo às 16h00.

À CNN Portugal, Jorge Roque da Cunha revela que o Governo “mostrou abertura em relação a apresentar uma contraproposta a todos os pontos que apresentamos, nomeadamente aproveitando a disponibilidade para a calendarização”.

Quando questionado se está otimista para o encontro de domingo,  o sindicalista diz que “a situação que se vive de grande dificuldade no SNS faz com que o Governo tenha de aproveitar esta disponibilidade dos sindicatos, daí não é uma questão de otimismo, mas de se ser realista, de outra forma não seria sustentável o agravamento dos problemas”.

Da parte do Sindicato Independente dos Médicos, o secretário-geral afirma que estão “totalmente abertos, dada a gravidade que o Serviço Nacional de Saúde atravessa neste momento, a que estas medidas sejam faseadas, que sejam calendarizadas, porque, de facto, o que estamos a pedir não é nada demais”.

Também à saída da reunião com o ministro da Saúde Manuel Pizarro, Joana Bordalo e Sá, presidente da FNAM, explicou aos jornalistas que a calendarização proposta ao Governo “é a nossa disponibilidade, a nossa flexibilidade”. “Obviamente temos o bom senso de entender que todas aquelas medidas que apresentamos, todos os pontos essenciais, não se conseguem já em janeiro, mas temos a disponibilidade para assentarmos num faseamento, mas isso tem de vir escrito na proposta que nos vão enviar”.

“Uma coisa é o que é verbalizado, mas palavras não chegam. Tem de vir por escrito”, vinca a médica, dizendo que a classe precisa de “reuniões que sejam frutíferas e não infrutíferas como aconteceram ao longo destes 18 meses, precisamos de seriedade”.

O ministro da Saúde falou depois dos sindicatos e reafirmou a disponibilidade para chegar a um entendimento, mas avisou que nenhum acordo pode pôr em causa a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“A existir, e estamos muito empenhados em que exista, tem de ser um acordo equilibrado, que seja bom para os portugueses, para que vejam aumentado o seu acesso à saúde, bom para o SNS, permitindo reorganizar o seu funcionamento, e que compense os profissionais”, disse Manuel Pizarro.

O ministro da Saúde destacou ainda que “se houver um compromisso de partilha do esforço entre o Governo e os médicos, esse esforço talvez possa chegar a bom porto com uma decisão que nos comprometa a todos”,, insistindo que importa assegurar que “as medidas que vierem a ser adotadas garantem a sustentabilidade do SNS”.

A proposta em conjunto feita pelos dois sindicatos assenta em três pontos: reposição do horário semanal de 35 horas para todos os médicos que assim o desejem, reposição do poder de compra perdido na última década, com um aumento transversal de 30% para todos os médicos e reposição das 12 horas semanais de trabalho no Serviço de Urgência.

Jorge Roque da Cunha destaca ainda que é preciso “criar condições para que haja mais médicos no SNS e que os médicos se sintam revistos neste acordo e que o descontentamento, que é mais do que evidente e mais do que justo, esta frustração seja ultrapassada”.

 

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