Portugal-Rep. Irlanda, 1-1 (Destaques)

8 out 2000, 02:46

As costas largas de Rui O número 10 carburou em pleno, cumprindo com brilho uma tarefa exagerada. Beto foi apsota de sucesso, Figo deixou umas pinceladas de classe que souberam a pouco. E depois veio aquela bomba de Holand, que pôs fim a dez anos de inviolabilidade.

Rui Costa

O melhor jogador em campo, a larga distância, mesmo tendo às costas uma missão desgastante, que o obrigava a desdobrar-se por uma enorme área de terreno. Mesmo com todo o desgaste físico, o médio da Fiorentina manteve a lucidez até final. Na primeira parte, o seu protagonismo foi impressionante, em quantidade e qualidade. No segundo tempo, era inevitável que baixasse de produção (muito durou ele!)), mas ainda assim foi preponderante no lance do golo. Uma grande exibição, num estádio que lhe é grato. 

Beto

Aposta-surpresa de António Oliveira para o papel de lateral-direito, correspondeu em pleno, assinando uma exibição extremamente segura e saudavelmente articipava na construção de jogo. A ideia do seleccionador seria, por certo ganhar centímetros para os duelos aéreos (acabou por não ser necessário) e ganhar para a equipa um elemento que vive fase de superconfiança. Pena que nem tudo tivesse sido tão em cheio como esta opção. 

Vidigal

Uma actuação rigorosamente dentro dos parâmetros a que nos habituou: à indiscutível combatividade e eficácia na recuperação, quetrouxe ao meio-campo português um acrescento de agressividade, juntaram-se as inevitáveis limitações no passe e no auxílio à construção de jogo. Não foi falha sua - ninguém poderia esperar novidades revolucionarias nesse campo - mas ficou mais uma vez patente que a sua utilidade sobe em flecha quando tem a seu lado um parceiro com outra bagagem técnica e táctica (Paulo Bento ou Paulo Sousa). E isto não belisca minimamente 90 minutos de aplicação e esforço, que lhe permitiram regressar à cabina com a sensação de missão cumprida. 

Figo

Pormenores de classe, exceuções fabulosas só ao seu alcance, uns quantos dribles a trocar os olhos a Carr e um punhado de remates extremamente perigosos. Figo não defraudou as expectativas do público e dos próprios irlandeses. E no entanto, no final dos 90 minutos fica a sensação de que a sua actuação foi intermitente, não por falta de empenho ou de disponibilidade, mas porque Portugal poucas vezes conseguiu trabalhar a bola de forma a libertá-lo nas melhores condições. 
 

Quinn e Robbie Keane

O primeiro representa a Irlanda tradicional, lutadora, combativa, e habituada a jogar sistematicamente pelos ares, com momentâneas pausas de bola à flor da relva. O segundo, é o símbolo da nova Irlanda, mais dotada, mais veloz e tecnicista. Juntos, formam uma dupla que se complementa e que, durante 45 minutos, foi capaz de ¿ de forma irregular, e certo ¿ impor respeito à defesa de Portugal. Salvo qualquer problema físico, não se perceberam os motivos da saída de Quinn ao intervalo. Mesmo tendo sido o seu substituto a marcar o golo, a Irlanda não saiu a ganhar com a troca, encolhendo o seu futebol a ponto de ter andado a namorar a derrota até ao pontapé salvador de Holand. 

Sá Pinto

Teve um belíssimo remate (24 m), que passou a rasar o poste esquerdo de Kelly e uma excelente solicitação de calcanhar para Figo, que rematou ao lado (66m). Esses foram os pontos altos de uma actuação irregular, que se traduziu em muitas perdas de bola e em incontáveis movimentações votadas ao insucesso. A tal ponto que a sua substituição por Pauleta começou muito cedo a ser pedida pelo público. Que as características do açoriano encaixassem melhor neste jogo é outra conversa, que nunca mais vai poder ser provada. 

Golo irlandês

Um balde de água fria, porventura imerecido naquela fase do jogo, que pôs fim a dez anos de inviolabilidade da baliza portuguesa no estádio da Luz. Indo para alé da beleza e fortuna do colocadíssimo remate de Holand, uma certeza: a de que faltou alguém, no meio-campo português, que saísse ao caminho do adversário. E Holand até preparou a investida com todos os sinais exteriores de que ia sair dali uma bomba...

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