A base para o Mundial 2018 num processo em curso

5 out 2016, 10:25
A festa dos sub-21 frente à Alemanha

Análise aos convocados de Fernando Santos

No dia em que foi apresentado como selecionador nacional, Fernando Santos foi bastante claro: a idade não seria critério para representar Portugal. Ao longo do tempo, tem seguido essa máxima, chamou logo à primeira os veteranos Ricardo Carvalho e Tiago, mas os números mostram que a aposta na juventude tem sido sustentada e que a base para o Mundial 2018, assim a equipa se qualifique, já está a ser implementada e rejuvenescida.

Os resultados são o lado mais evidente do trabalho, mas o selecionador de sub-21, logo após a apresentação de Fernando Santos, lembrou que tem como principal função formar jogadores. A julgar pelos números, Rui Jorge tem cumprido e Fernando Santos aproveitado, como disse que ia fazer.

O atual selecionador chamou 21 futebolistas que trabalharam com Rui Jorge nos sub-21 nacionais. Desses, 13 estrearam-se com ele, dois foram convocados mas não jogaram (ainda): Ivo Pinto e Gelson Martins. Há, ainda, os casos de Renato Sanches e Nelson Semedo, que terão de ser vistos à parte, mas que só aumentam a tendência. O médio do Bayern Munique passou da seleção sub-19 para a principal, enquanto o lateral do Benfica nunca representou uma seleção sem ser os AA.

Refira-se, também, que William Carvalho, Ivan Cavaleiro, Nélson Oliveira, André Almeida, Rafa e Cédric foram convocados por Paulo Bento (Cédric estreou-se com Fernando Santos). 

Na primeira convocatória, o atual selecionador chamou nove jogadores dos 30 anos para cima e sete dos 25 para baixo. Nesta última, seis e 11, respetivamente (na verdade, chamou 12 pois Cédric deu lugar a Nelson Semedo e ambos têm 25 ou menos anos).

Em outubro de 2014, Fernando Santos tinha na lista seis futebolistas que tinham estado com Rui Jorge nos sub-21. Dois anos depois, o número é de 11 (+2: Renato Sanches e Nelson Semedo). O número de subidas dos sub-21 aos AA foi mesmo aumentando ao longo dos tempos do Engenheiro à frente da seleção.

A média de idades da primeira para a mais recente chamada baixou também de 27,6 (influenciada pela presença de Ricardo Carvalho e Tiago) para 26,28 (a contar com Cédric e Adrien que foram dispensados e a contar com a inclusão de Nelson Semedo).

Fernando Santos fez onze convocatórias e meia desde que chegou: a meia explica-se pelo jogo com Cabo Verde, em que à original, o selecionador acrescentou mais nomes.

Anthony Lopes (11 vezes), Cédric (11), João Mário (10), William (9), Danilo Pereira (9), André Gomes (8), Raphael Guerreiro (6) e Bernardo Silva (6) estiveram na maioria delas. Para além destas, há o peso das chamadas de Rafa Silva e Renato Sanches ao Euro 2016, a convocatória com mais relevância de todas.

Ora, para além do que é irrefutável, que são os números apresentados, há ainda as opções para o onze. Essas caberão sempre ao selecionador, mas veja-se esta base: Cédric, Raphael Guerreiro, Danilo, William, André Gomes ou João Mário. 

Todos passaram por Rui Jorge, e ainda há Renato Sanches que também foi titular no Euro 2016, e Bernardo Silva, provavelmente aquele que não foi campeão europeu em França e que estará mais perto de chegar à titularidade.

Embora seja improvável que joguem ao mesmo tempo devido à concorrência que alguns fazem com outros, são oito jogadores potenciais titulares, e que neste momento estão abaixo dos 25 anos. Mais curioso ainda é reparar que destes, só William, Danilo e Cédric estarão acima dessa idade em 2018.

Num exercício futurista, se fosse possível que a convocatória para a fase final do Mundial 2018 fosse igual à última de Fernando Santos (não é porque tem 25 nomes) chegar-se-ia a estas conclusões.

Onze jogadores passaram pelos sub-21 de Rui Jorge e cinco foram vice-campeões europeus da categoria.

Haveria ainda Renato Sanches e Nelson Semedo, que não passaram por Rui Jorge, mas que teriam 21 e 24 anos.

Nove jogadores teriam 25 ou menos anos, 14 estariam dos 29 para baixo.

Rui Patrício (30), Pepe (35), José Fonte (34), Bruno Alves (36), Antunes (31), João Moutinho (32), Nani (31), Quaresma (35), Cristiano Ronaldo (33) e Éder (30) seriam os trintões.

Por aqui se vê, também, que o rejuvenescimento no eixo da defesa é mais lento que noutros setores, enquanto no ataque ainda se sente o estatuto de Ronaldo, Nani e até Quaresma.

O trabalho de Rui Jorge começou em 2010, Fernando Santos surgiu na FPF em 2014. Em 2016, oito campeões europeus foram orientados pelos dois. Em 2018, a previsão é que o número de jogadores que passaram pelos principais selecionadores do país aumente. O processo está, definitivamente, em curso.

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