Devo aplicar protetor solar só por passar o dia em frente ao computador?

7 ago 2023, 22:00
Computador (Pexels)

VERÃO CNN || Durante o mês de agosto, todas as segundas, quartas e sextas-feiras, publicamos dicas para ajudar nas suas férias

O despertador toca e quando dá por si já está com o telemóvel em riste a ver as últimas publicações no Instagram, ao pequeno-almoço recorre ao tablet para saltar de site em site e ficar a par das notícias do dia, no trabalho não tira os olhos do ecrã do computador e à noite faz mais uma longa ronda pelas redes sociais para saber se nada escapou. E a sua pele como fica no meio disto tudo? 

A relação entre a luz visível - luz azul por fontes artificiais com LED ou lâmpadas fluorescentes compactas - e os danos cutâneos não está ainda totalmente estabelecida, mas há já evidência de uma maior propensão para o envelhecimento precoce e aparecimento de manchas escuras no rosto

Apesar de não se saber ainda qual o grau de exposição para que tal aconteça, Manuela Paçô, dermatologista no Hospital Lusíadas Lisboa, explica que a luz azul é “lesiva” tanto para os olhos como para a pele e que é sempre melhor proteger por excesso do que por defeito.

A luz azul tem comprimentos de onda mais curtos do que a luz vermelha ou infravermelha e, por isso, estimula de forma mais rápida e direta a atividade dos melanócitos, que são as células epidérmicas que contêm melanina (proteína responsável pela pigmentação da pele), podendo, com isso, provocar melasma.

“No caso do melasma, que é o que preocupa as pessoas e que é agravado pela luz azul, deve-se aplicar um protetor especial”, diz-nos a especialista, deixando claro que o creme de dia com fator de proteção solar não basta: “não é suficiente, tem uma proteção solar baixa, estamos sempre a falar de um [fator de proteção solar] 15-20, nunca consegue ser mais, em tempos cosméticos não é possível”.

Mas, então, o protetor solar contra a luz azul deve ser especial em que sentido? Com filtros que atuem nesta luz visível, como os filtros solares minerais com óxidos de ferro, como sugere o The New York Times, que são de um largo espectro e que atuem como escudo protetor contra a hiperpigmentação. O protetor em causa deve ter a indicação da presença de filtros contra a luz azul, assim como os já convencionais UVA e UVB. É algo que já se encontra facilmente em farmácias e parafarmácias.

Luís Uva, dermatologista na PersonalDerma, em Lisboa, defende que este tema é “ambíguo” e que a própria ciência não chegou ainda a um consenso. “É controverso, já há estudos que dizem que sim, outros dizem que não”, diz-nos, defendendo que, se a pessoa não tiver sinais de hiperpigmentação, “não vale a pena” aplicar protetor apenas porque passa o dia em frente ao computador. “Sou da opinião que se a pessoa está em casa sem se expor a raios UV e poluição não faz sentido”, sublinha, embora alerte que “se a pessoa tiver tendência a melasma, ok, em certas situações, aplicar um protetor solar poderá ser uma proteção adicional”.

A tendência para o melasma pode ser avaliada junto de um dermatologista, mas um estudo de 2010, publicado no Journal of Investigative Dermatology, mostra que a luz azul causa hiperpigmentação na pele média a escura, deixando a pele mais clara relativamente inalterada. “A exposição à luz emitida por dispositivos eletrónicos nas células da pele humana, mesmo no caso de exposições curtas, pode aumentar a geração de espécies reativas de oxigénio”, diz o estudo Can Light Emitted from Smartphone Screens and Taking Selfies Cause Premature Aging and Wrinkles?, que adianta que “o envelhecimento extrínseco da pele pode ser causado pelo stresse oxidativo” e “os dados atuais mostram que a exposição à luz azul pode levar a diferentes níveis de danos nos olhos e na pele humana”. 

Trocando por miúdos, e com explica um artigo publicado no The New York Times, enquanto a luz ultravioleta danifica diretamente o ADN das células, podendo causar cancro, a luz azul destrói o colagénio por provocar stress oxidativo. Na prática, diz o jornal, a flavina (conjunto de compostos orgânicos presentes na pele) absorve a luz azul e, durante essa absorção, produz moléculas instáveis ​​de oxigénio (os chamados radicais livres) que danificam a pele. “[A luz azul] entra e basicamente abre buracos no colagénio”, diz a dermatologista Michelle Henry.

E para além do protetor solar, como posso proteger a pele da luz azul? Tanto Manuela Paçô como Luís Uva sugerem pequenas ações para minimizar a exposição direta à luz azul - e não só pela pele, mas também pelos olhos. E tudo começa por tentar usar menos dispositivos móveis - um detox digital que pode já praticar nas férias.

É também possível recorrer ao ‘modo noite’, que está presente em quase todos os smartphones, assim como nos ecrãs dos computadores, ou então usar “capas que se podem pôr no ecrã do computador e que bloqueiam a luz visível”, diz Manuela Paçô.

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