"Temos armas capazes de vos derrotar no vosso próprio território": Putin ameaça atacar países NATO. "São pessoas que não passaram por experiências árduas"

29 fev, 12:11
Putin

Presidente russo fez o ponto da situação do estado da sua nação. Falou para a sua elite e pediu ao povo para se reproduzir: "As famílias numerosas devem ser a norma". E deixa um aviso global: "Sem uma Rússia forte não há uma ordem mundial estável"

Vladimir Putin deixou sérios avisos ao Ocidente - nomeadamente aos países NATO - no discurso sobre o estado da nação que fez esta quinta-feira perante os deputados e a elite política russa, bem como funcionários do Estado e militares. “Nós também temos armas”, disse o presidente russo, avisando para o "perigo da ameaça nuclear".

 "Estão a preparar-se para atacar o nosso território e a utilizar as melhores forças possíveis e mais eficazes para o fazer. Mas nós lembramo-nos do destino daqueles que tentaram invadir o nosso território e é claro que o seu destino será muito mais trágico do que qualquer coisa que possamos enfrentar. Eles têm de compreender que nós também temos armas. Armas que os podem derrotar no seu próprio território e, claro, tudo isto é muito perigoso porque pode efetivamente desencadear a utilização de armas nucleares. Será que eles não compreendem isso? Estas são pessoas que não passaram por experiências árduas. Esqueceram-se disso, mas nós passámos por elas durante a guerra do Cáucaso, por exemplo, e agora no conflito na Ucrânia", avisou Putin.

O presidente russo dirigiu críticas e acusações contundentes aos Estados Unidos. Disse que, em 2018, a Rússia apresentou uma proposta de acordo nuclear entre os dois países mas que os EUA “arrasaram-na”. Putin diz que os EUA só têm interesse no diálogo com a Rússia quando há um benefício claro e querem agora porque há eleições na América ainda este ano.  s políticos norte-americanos querem mostrar aos eleitores que “eles ainda governam o mundo”, justificou. E garante que está disposto a dialogar.

"A Rússia está pronta para dialogar com os Estados Unidos sobre a estabilidade estratégica", garantiu, acusando, no entanto, os EUA de estarem "a tentar infligir uma derrota estratégica à Rússia". "Há acusações infundadas contra a Rússia por causa de tentativas de instalar armas no espaço. É uma tentativa de forçar a Rússia a entrar em conversações. A declaração dos EUA sobre a disponibilidade para conversações sobre estabilidade estratégica é demagógica. Compreendemos que o Ocidente está a tentar atrair a Rússia para uma corrida ao armamento", afirmou perante o Parlamento.

"Sem uma Rússia forte não pode haver uma ordem mundial estável"

A fase inicial do discurso, que ocorre duas semanas antes da eleição presidencial, em que se espera que Putin seja reeleito para mais um mandato de mais seis anos, foi dedicada à guerra na Ucrânia, que o presidente russo voltou a justificar com a “defesa da soberania”. Insistiu em chamar ao conflito “operação militar especial” e voltou a argumentar que não foi iniciada pela Rússia.

“Hoje, quando a nossa pátria defende a sua soberania e segurança e protege as vidas dos nossos compatriotas em Donbass e Novorossiya [regiões da Ucrânia anexadas pela Rússia], o papel decisivo nesta justa luta pertence aos nossos cidadãos. As nossas qualidades foram manifestadas de forma clara e inequívoca logo no início da operação militar especial, quando foi apoiada pela maioria absoluta do povo russo. Apesar de todas as provações e amargura das perdas, as pessoas estão inflexíveis nesta escolha."

Vladimir Putin falou de uma “russofobia” que vitima todos os russos. Uma visão que classifica como“estupidez”, já que "sem uma Rússia soberana e forte não pode haver uma ordem mundial estável". Num momento muito aplaudido pelos membros do seu Governo, considerou que “a Rússia é hoje a maior economia da Europa em termos de PIB e a quinta do mundo”.

Apelo à natalidade - e ainda "uma enorme vantagem competitiva"

O presidente russo virou depois atenções para questões internas e deixou um apelo à população para que tenha "famílias numerosas", admitindo o declínio da taxa de natalidade no país. "Os laços familiares e os valores morais estão a ser destruídos" no Ocidente, afirma Putin, lembrando que a Rússia apoia os "valores civilizados". O presidente russo propõe uma série de medidas financeiras para apoiar as famílias grandes e lembra que "as famílias numerosas devem ser a norma".

Concentrou atenções na Educação e prometeu construir 150 novas escolas e 100 novos jardins de infância para colmatar a falta de estabelecimentos escolares, sobretudo nas cidades. Agradeceu aos professores pelo trabalho realizado e prometeu um aumento de 500 mil rublos a partir de setembro.

Putin falou ainda do desenvolvimento científico e tecnológico, onde afirma que a Rússia tem uma “enorme vantagem competitiva”. Afirmou que pretendem mais do que duplicar o seu investimento em investigação científica, incluindo produtos farmacêuticos e programas espaciais. Putin diz que a Rússia pretende aumentar o seu investimento em ciência e tecnologia para 2% do PIB até 2030, de forma a fomentar a independência tecnológica do país, dependendo significativamente menos de importações. E quer “fabricar bens de consumo em volumes muito maiores”.

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