Para uns é indiferente, outros aplaudem: como reagiram as ruas de Moscovo aos ataques na Ucrânia

10 out 2022, 22:12
Moscovo (EPA)

Uma jornalista do New York Times percorreu esta segunda-feira as ruas de Moscovo à procura de reações das pessoas às notícias dos ataques a Kiev e outras cidades da Ucrânia

Uma série de ataques russos atingiu esta segunda-feira várias cidades ucranianas, incluindo a capital, Kiev, que não era atacada há vários meses. Mas se o dia amanheceu na Ucrânia com grande sobressalto, já na capital russa foi mais uma segunda-feira normal.

Aliás, em Moscovo havia pouca consciência dos ataques. A maioria das pessoas que foi questionada por uma repórter do The New York Times sobre uma reação aos ataques disse que não acompanhava as notícias e que não sabia o que tinha acontecido. A vida seguia, com os moscovitas a correrem para o trabalho ou compromissos.

Um homem - que, como muitos dos entrevistados, se recusou a compartilhar até mesmo o seu primeiro nome - disse ter ouvido falar que havia “alguns bombardeamentos” na Ucrânia, mas não procurou mais informações.

Já Vladimir, um veterano do exército de 37 anos que trabalha na construção civil, aplaudiu a destruição na Ucrânia, chamando-a "um pequeno tiro de alerta" e disse esperar que isso aumente ainda mais. Mas o veterano frisou ao NY Times que o verdadeiro inimigo da Rússia era o aliado da Ucrânia - os Estados Unidos. "É importante atacar não a Ucrânia – porque é um país dependente que não é culpado de muita coisa – mas diretamente os Estados Unidos porque os Estados Unidos estão ao comando de tudo e estão a destruir tudo”, disse, acrescentando: "Eles não podem atacar a Rússia diretamente e é por isso que estão a usar países diferentes", como a Ucrânia, afirmou, repetindo um argumento que o próprio Putin deu.

O New York Times revela ainda que alguns russos mais jovens expressaram tristeza pelos ataques com mísseis em áreas civis mas não estavam prontos para culpar diretamente o Kremlin. "É mau quando as pessoas são mortas por qualquer motivo”, disse Sasha, de 19 anos, estudante universitária de psicologia. “Em qualquer luta ambos os lados são responsáveis.”

Várias pessoas disseram esperar que a guerra termine em breve, embora não atribuam culpa. "Sinto que estou em transe, em choque", disse uma mulher que se identificou como Ekaterina, de 34 anos. A russa assumiu estar frustrada com a punição do Ocidente a Moscovo com sanções e isolamento. "É tudo como um pesadelo e não sabemos como continuar a viver. Somos todos pessoas sem futuro."

"Eis a resposta"

Se nas ruas de Moscovo as reações foram contidas, já as redes sociais e os media reagiram de forma diferente. A célebre jornalista russa pró-Kremlin Margarita Simonyan congratulou o regime de Putin pelo ataque. "Eis a resposta".

Na televisão estatal Russiya 1, o programa de debate conduzido Olga Skabeyeva e que conta com as opiniões de Solovyov, Simonyan e Kisele mostra imagens dos últimos ataques e analisa a iminência de uma III Guerra Mundial à boleia de declarações de Joe Biden, Elon Musk e Donald Trump.

As forças russas lançaram um ataque com mísseis em grande escala a várias cidades ucranianas esta segunda-feira de manhã. No total, mais de 80 mísseis foram disparados.

Além da região da capital ucraniana, Kiev, a Rússia bombardeou regiões ucranianas como Lviv, Khmelnytskiy, Dnipro, Vinnitsia, Zaporijia, Sumy, Kharkiv e Jitomir, desencadeando “uma manhã muito dura” no país, como afirmou o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, referindo que os ataques foram feitos com recurso a armamento iraniano.

De acordo com o Ministério da Defesa ucraniano, a Rússia utilizou 83 mísseis e 17 drones de fabrico iraniano nos bombardeamentos.

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