A vaga de sanções impostas pelo Ocidente após a invasão da Ucrânia pela Rússia dizimou o rublo. Mas um mês depois da invasão, a moeda fez uma recuperação completa e está agora a ser negociada ao nível a que estava antes da guerra. Como é possível?
O Banco Central da Rússia tomou medidas drásticas nas últimas semanas para intervir no mercado, implementando políticas para impedir que os investidores e as empresas vendessem a moeda e também outras medidas que os obrigam a comprá-la.
O que fez Moscovo para impulsionar o rublo?
• O Banco Central mais do que duplicou as taxas de juro para os 20%. Isso incentiva os aforradores russos a manter o seu dinheiro na moeda local.
• Os exportadores foram obrigados a pegar em 80% das suas receitas em moeda estrangeira e a trocá-las por rublos, em vez de manterem os dólares americanos ou os euros.
• Os corretores russos foram proibidos de vender títulos detidos por estrangeiros.
• Os residentes não podem fazer transferências bancárias para fora da Rússia.
• A Rússia exige o pagamento do gás natural em rublos, não em euros ou dólares.
Estas medidas permitiram a Moscovo fabricar artificialmente uma procura pelo rublo. O problema que os legisladores enfrentam é que, com a economia da Rússia em frangalhos, ninguém quer comprar a moeda por vontade própria. Quando as restrições forem levantadas, a procura pelo rublo vai cair e o seu valor irá resvalar, talvez de forma dramática.
O mesmo é válido para o mercado de ações da Rússia. O índice de referência MOEX esteve em alta quando o comércio foi retomado, há uma semana, após uma longa paralisação forçada pela guerra, mas os analistas dizem que se deve a restrições impostas aos investidores, incluindo a proibição das vendas a descoberto. Apenas 33 ações puderam ser negociadas quando a Bolsa reabriu. Quando as transações foram alargadas a todas as ações, esta semana, o índice voltou a cair.
Com isso em mente, a recuperação do rublo e as movimentações da bolsa de valores não devem ser interpretadas como um sinal de que a economia russa está a melhorar. O país enfrenta a sua maior recessão desde a década de 1990, e a economia vai encolher num quinto este ano, segundo uma previsão recente da S&P Global Market Intelligence.