Biden e Putin concordam "em princípio" com cimeira sobre a Ucrânia

21 fev 2022, 04:57
Ucrânia

A proposta foi feita por Emmanuel Macron e é mais uma via para uma eventual solução diplomática, à medida que se adensam os sinais de guerra

O gabinete do presidente francês, Emmanuel Macron, informou em comunicado, durante a noite passada, que tanto Joe Biden como Vladimir Putin se mostraram disponíveis para uma cimeira sobre a situação na Ucrânia. A iniciativa partiu de Macron, que voltou a contactar com os dois presidentes, e lhes propôs um encontro com outros “atores relevantes “para discutir a segurança e a estabilidade estratégica na Europa”. A Casa Branca disse em comunicado que Biden aceitou a reunião “em princípio”, mas apenas “se não houver invasão”.

“Estamos sempre prontos para a diplomacia”, acrescentou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki. “Também estamos prontos para impor consequências rápidas e severas caso a Rússia opte pela guerra.”

Os desenvolvimentos anunciados pela presidência francesa surgiram já bastante tarde, de domingo para segunda-feira, e a sua relevância ainda está por confirmar. À hora a que este texto foi lançado, ainda não havia confirmação oficial do lado das autoridades russas sobre a disponibilidade de Putin para participar na cimeira anunciada pelo Palácio do Eliseu, ou em que termos.

De acordo com o comunicado da presidência francesa, “os presidentes Biden e Putin aceitaram o princípio de uma tal cimeira” e “o seu conteúdo será preparado pelo secretário de Estado [dos EUA] Blinken e pelo ministro [dos Negócios Estrangeiros russo] Lavrov durante uma reunião na quinta-feira, 24 de fevereiro”. O comunicado adiantava desde logo a condição colocada pelos EUA: o encontro “só se pode realizar se a Rússia não invadir a Ucrânia”.

Apesar deste desenvolvimento ter sido apresentado como um triunfo da diplomacia francesa, fontes da Administração Biden citadas pelo New York Times e outros media norte-americanos trataram de baixar as expetativas. Ainda nada foi acordado sobre o formato ou o momento em que a reunião entre os dois líderes poderá acontecer e, de acordo com Washington, todas as evidências sugerem que a Rússia pretende invadir a Ucrânia nos próximos dias.

É precisamente por acontecer num momento em que tudo aponta para um efetivo confronto militar que a hipótese da cimeira promovida por Paris pode ser decisiva para travar a escalada. Macron, que atualmente assegura a presidência rotativa da União Europeia, falou no domingo de manhã com Vladimir Putin por telefone, e mais tarde fez o mesmo com Joe Biden. Segundo o Eliseu, no diálogo com Putin terá havido acordo sobre “a necessidade de priorizar uma solução diplomática para a atual crise” e assegurar um cessar-fogo nas próximas horas. 

O domingo foi marcado por um intensificar dos bombardeamentos na frente que separa as tropas ucranianas e os separatistas apoiados pela Rússia. Tanto Kiev como Moscovo apelaram à desescalada e ao regresso à diplomacia. Mas, em simultâneo, a Rússia anunciou o prolongamento dos exercícios militares com a Bielorrússia, onde as tropas de Putin ficarão estacionadas por mais tempo do que fora inicialmente previsto.

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