Rali da Madeira: falhas de segurança não foram corrigidas no decorrer da prova que vitimou uma criança de oito anos

8 ago 2022, 22:51

O Ministério Público vai abrir um inquérito ao acidente que vitimou uma criança de oito anos. A morte ensombrou o final da prova e confirma como os preparativos dos dias anteriores foram insuficientes

Aos pares, em silêncio contemplativo, são muitos os que agora pousam flores no local do acidente que vitimou uma criança de oito anos no Rali Vinho da Madeira, no sábado. A menina  foi colhida por um carro que seguia a alta velocidade naquela descida na zona de Encumeada, quando atravessava a passadeira acompanhada pela irmã mais velha e um outro jovem.

Tanto os pais, como os familiares e o piloto estão a receber apoio psicológico. No rescaldo desta tragédia, surgem muitas perguntas. Perguntas às quais o Ministério Público vai procurar responder e, para isso abriu já um inquérito, sendo que em causa poderão estar questões de segurança para a assistência à prova. 

Em entrevista à RTP Madeira, a organização da prova garante estar a recolher informação para que sejam apuradas as circunstâncias em que o acidente aconteceu. Ao mesmo tempo, Pedro Araújo, diretor do Rali Vinho da Madeira, diz que foram reunidas todas as condições de segurança. "Nós quando falamos de segurança falamos em dois tipos de segurança para quem está dentro da prova e para quem quer ver a prova. A nossa função é enquadrar os sítios certos para que o público possa estar à vontade", diz, explicando que há uma fita que indica um sítio onde podem ou não pode estar as pessoas. "O desporto automóvel é um desporto perigoso, e temos que ter sempre a noção que um despiste pode ter consequências a 50 metros, uma roda que salta de um carro pode provocar isso", por exemplo.

Os bastidores da prova

A TVI/ CNN Portugal acompanhou este rali ainda antes de ele se fazer à estrada. O diretor da prova chamou a atenção para aspetos essenciais na segurança tanto dos pilotos, como dos espetadores que insistem muitas vezes em assistir às classificativas em cima do acontecimento.

Ao longo das várias classificativas, em praticamente todas, a equipa de reportagem viu fitas e barreiras de segurança, mas também muitos aficionados a desrespeitar a sinalética sem que tivessem sido advertidos por comissários e autoridades presentes.

Ainda na manhã do acidente, os comissários presentes naquele troço, terão advertido os espectadores para o incumprimento, particularmente das normas de segurança, e ameaçando mesmo anular a última classificativa. Mas não anularam. Agora a organização lamenta não só a morte da menina, como o excesso de autoconfiança de muitos dos que assistem ao rali. Desta vez não se cumpriu o lema do desporto automóvel: Perto da emoção, longe do perigo.

Morte deixou Marcelo "consternado"

Entretanto, Marcelo Rebelo de Sousa já manifestou a sua "consternação" com a morte da menor. "Foi com consternação que o Presidente da República teve conhecimento do falecimento precoce da criança, vítima de acidente de viação que ocorreu durante a prova Rali Vinho da Madeira 2022". À família enlutada, escreveu em nota publicada no site da Presidência, Marcelo "apresenta as suas sentidas condolências, neste penoso momento para toda a comunidade madeirense."

Também Ireneu Barreto,  representante da República para a Madeira expressou "a sua enorme consternação e pesar pelo falecimento de uma jovem espetadora" e "apresenta as suas mais sentidas condolências" à família e amigos da vítima. Na mesma linha, o presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues fala num “infortúnio que ensombra a nossa Volta à Madeira".

Esta não é, contudo, a primeira vez que o Rali Vinho da Madeira regista acidentes mortais durante a competição. Em 1998, o carro de Adruzilo Lopes despistou-se, provocando dois mortos e dois feridos. Segundo reporta o jornal Funchal Notícias, 16 anos depois a seguradora Fidelidade foi condenada a pagar 300 mil euros às famílias das vítimas em indemnizações. 

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