Piloto russo tentou mesmo abater aeronave da RAF em 2022. Causa: interpretou mal o que lhe disseram

14 set 2023, 15:28
F-16 portugueses Caças militares F-16 da Força Aérea Portuguesa participam na Missão de Policiamento Aéreo do Báltico da NATO no espaço aéreo da Lituânia, perto de Siauliai, a 23 de maio. Petras Malukas/AFP/Getty Images

Aconteceu em setembro do ano passado. Comunicações entretanto intercetadas dão novas informações sobre o que sucedeu

Um piloto russo tentou mesmo abater um avião de patrulha da Força Aérea Real (RAF) do Reino Unido em setembro do ano passado. Interpretou mal uma ordem e julgou ter autorização para disparar - e assim fez mas falhou o lançamento do primeiro dos dois mísseis ar-ar.

Ao contrário daquilo que a Rússia alegou na altura, de que o incidente tinha sido provocado por um “problema técnico”, a BBC revela agora que três fontes relevantes da Defesa ocidental tiveram conhecimento do incidente através de comunicações russas intercetadas pela aeronave RAF RC-135 Rivet Joint e relatam uma versão bastante diferente.

Sabe-se que o avião da Força Aérea Real, com uma tripulação de 30 pessoas, realizava uma missão de vigilância sobre o Mar Negro, em espaço aéreo internacional, a 29 de setembro de 2022, quando se deparou com dois caças russos SU-27.

Segundo as comunicações acima referidas, um dos pilotos russos pensava ter recebido “luz verde” por parte da estação terrestre para atacar a aeronave britânica quando ouviu “vocês têm um alvo”. O que, por outro lado, não foi interpretado da mesma forma pelo segundo piloto que o acompanhava.

Assim que o primeiro míssil foi lançado, ainda que sem sucesso, foi desencadeado um confronto entre os dois pilotos face ao sucedido. O segundo míssil caiu da asa, mas desconhecem-se as razões: a arma tinha um defeito ou o lançamento foi simplesmente abortado.

Apesar de o Rivet Joint ter capacidade para intercetar comunicações alheias - o que pode ter permitido que a sua tripulação tivesse evitado a própria morte –, o Ministério da Defesa britânico não divulga detalhes mas afirma que a intenção “sempre foi proteger a segurança das nossas operações, evitar escaladas desnecessárias e informar o público e a comunidade internacional”.

Depois da explicação do Ministério da Defesa russo, o governo britânico confirmou o incidente cerca de três semanas depois, a 20 de outubro.

Numa declaração aos deputados, o então secretário da Defesa Ben Wallace descreveu-o como uma “situação potencialmente perigoso”, mas aceitou os esclarecimentos da Rússia: “Não consideramos que este incidente constitua uma escalada deliberada por parte dos russos e a nossa análise concorda que foi devido a um mau funcionamento”.

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