Direção nacional da PSP manda apagar post nas redes sociais para "não continuar a alimentar qualquer polémica"

13 mar, 16:34
PSP

Vários utilizadores criticavam a publicação, assumindo que a PSP estaria a proteger uma manifestação anti-imigração. À CNN Portugal, a PSP esclarece que a publicação tinha como objetivo "apenas dar mais um exemplo dos inúmeros policiamentos" que efetua

A publicação da PSP que estava a gerar polémica foi eliminada após ordem superior da direção nacional da PSP para "não continuar a alimentar qualquer polémica".

Em causa está uma fotografia, publicada esta terça-feira na conta oficial da PSP na rede social Instagram, na qual se observa uma barreira de segurança da polícia em frente a manifestantes que participavam no protesto “Contra a Islamização da Europa”, convocado pelo grupo 1143, liderado por Mário Machado. Por detrás dos agentes da PSP, é possível ver o próprio Mário Machado, bem como um cartaz com a inscrição ‘Orgulhosamente Sós’ e sinais de proibição de mesquitas.

"Não deixa de ser peculiar que a mesquita, presente na imagem, tenha dois minaretes. Normalmente, a mesquita tem um, como a mesquita Hassan II que tem o minarete mais alto do mundo, ou vários, como as mesquitas antigas na Arábia Saudita de que são exemplo a Mesquita Sagrada em Meca e a Mesquita do Profeta em Medina", destaca à CNN Portugal Célia Belim, professora de semiótica do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP).

A publicação tinha a seguinte mensagem: “A nossa missão é garantir a sua segurança.”

Numa resposta escrita enviada à CNN Portugal, a PSP esclarece que a intenção da publicação era "apenas dar mais um exemplo dos inúmeros policiamentos" que a polícia efetua "e que implicam a manutenção da ordem pública e a segurança de todos os cidadãos".

Numa análise da imagem, a professora Célia Belim entende que "os polícias estão presentes [na manifestação] para garantir a segurança face às ideias polémicas dos manifestantes". "No dia dessa manifestação (4 de fevereiro) ocorria outra para contrariá-la e mostrar a não identificação com as ideias do grupo neo-nazi", lembra.

Após a publicação, surgiram vários comentários de utilizadores que criticavam a imagem, assumindo que a PSP estaria a proteger uma manifestação anti-imigração. “Mostrarem a PSP a defender uma manifestação anti-constitucional e fazerem disso bandeira de marketing. Impecável”, podia ler-se num dos comentários. Noutro, lia-se o seguinte: "A sério que a PSP, uma força de segurança pública, escolheu uma foto da manifestação fascista, xenófoba, racista e ANTICONSTITUCIONAL para publicar no dia a seguir a termos um partido de extrema direita eleito como terceira maior força no parlamento? Isto não dá direito a um inquérito interno? O que é isto? O que é que estão a tentar dizer à população?!"

Esta quarta-feira, cerca de uma hora antes da eliminação da publicação, a PSP escreveu um comentário, no qual dizia ter “por missão assegurar a legalidade democrática, garantir a segurança interna e os direitos de todos os cidadãos”.

No mesmo comentário, a PSP esclarecia que "os policiamentos a manifestações são altamente dinâmicos e implicam, a cada momento, um dispositivo policial ajustado, de forma a garantir a proteção do direito de reunião, liberdades e garantias de quem se manifesta e para que cause o mínimo impacto na vida de todas as pessoas".

Além disso, acrescentava-se, “os policiamentos a manifestações são altamente dinâmicos e implicam, a cada momento, um dispositivo policial ajustado, de forma a garantir a proteção do direito de reunião, liberdades e garantias de quem se manifesta e para que cause o mínimo impacto na vida de todas as pessoas”.

“Tendo em conta o princípio constitucionalmente previsto do direito à reunião e manifestação, a prioridade da PSP é sempre no sentido de assegurar o normal desenvolvimento das ações de manifestação previstas, acompanhando, dialogando e facilitando as intervenções que se mostrem pacíficas, legais e legítimas, impedindo e não tolerando toda e qualquer ação que atente contra a Constituição e contra a Lei”, explicou a PSP, comprometendo-se a “zelar e proteger TODOS os cidadãos, mantendo a normal ordem e tranquilidade públicas”, ao mesmo tempo que procura “proporcionar aos cidadãos uma sensação de segurança, encontrando o ponto de equilíbrio entre Liberdade vs Segurança e Ordem pública vs Direitos, liberdades e garantias.”

Depois, a publicação foi eliminada. A PSP esclareceu à CNN Portugal que "a decisão da remoção da publicação das redes sociais teve por objetivo não continuar a alimentar qualquer polémica."

A CNN Portugal tentou entrar em contacto com o MAI para obter esclarecimentos, mas o gabinete de imprensa remeteu a questão para a PSP. A CNN Portugal sabe que a publicação foi eliminada por ordem superior da direção nacional da PSP.

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