Espanha: protestos noturnos prosseguem frente à sede do PSOE em Madrid

Agência Lusa , DCT
18 nov 2023, 23:58
Protestos em Espanha (Associated Press)

Os contestatários emitiram insultos ao primeiro-ministro Pedro Sánchez, ao ministro do Interior em funções, Fernando Grande-Marlaska, para além de palavras de ordem como “Arriba España” ou “Dónde están los Borbones?”, numa referência ao rei Filipe

Cerca de 1.500 pessoas, segundo fontes oficiais, continuavam na noite deste sábado concentradas nas proximidades da sede do PSOE na rua Ferraz de Madrid, em protesto contra a lei de amnistia, no 16º dia de protestos.

Grupos de encapuçados assumiram pelas 22.30 locais (21:30 em Lisboa) a frente do protesto, entoando o hino franquista “Cara al sol”, tentando derrubar as barreiras policiais e lançando garrafas e latas contra as forças policiais.

Dois manifestantes foram detidos pela polícia e enviados para uma esquadra local, indicou a agência noticiosa Efe.

Os contestatários emitiram insultos ao primeiro-ministro Pedro Sánchez, ao ministro do Interior em funções, Fernando Grande-Marlaska, para além de palavras de ordem como “Arriba España” ou “Dónde están los Borbones?”, numa referência ao rei Filipe

No final da manhã de hoje, Madrid voltou a ser o palco de uma manifestação contra a amnistia de independentistas catalães que mobilizou 170 mil pessoas, segundo números das autoridades, com os organizadores a reivindicarem um milhão.

A manifestação foi convocada por uma plataforma de entidades da sociedade civil e contou com o apoio do Partido Popular (PP, direita) e do Vox (extrema-direita), a primeira e a terceira forças no parlamento de Espanha, respetivamente.

No domingo passado, manifestações convocadas pelo PP em 52 cidades mobilizaram dois milhões de pessoas, segundo o partido, e 450 mil, segundo as autoridades.

Além disso, tem havido manifestações diárias, à noite, em frente da sede nacional do PSOE, em Madrid, convocadas nas redes sociais.

Estas manifestações, apoiadas pelo Vox, mas de que se demarca o PP, já acabaram por diversas vezes com distúrbios e cargas policiais e têm também ficado marcadas por símbolos, cânticos e gestos fascistas e da ditadura espanhola de Francisco Franco.

A proposta de lei de amnistia foi entregue no parlamento na segunda-feira passada pelo PSOE e resulta de acordos com dois partidos catalães que em troca viabilizaram, na quinta-feira, um novo Governo de esquerda em Espanha, liderado por Pedro Sánchez, na sequência das eleições legislativas de 23 de julho.

A direita espanhola considera que a amnistia de políticos catalães que protagonizaram a tentativa de autodeterminação da Catalunha em 2017 pode constituir um ataque ao estado de direito e ao princípio da separação de poderes, num alerta que também já fizeram associações de juízes e procuradores.

O PSOE sublinha que a amnistia já foi considerada legal pelo Tribunal Constitucional espanhol em 1986, que já foi aplicada em Espanha em 1976 e 1977 e está também "perfeitamente homologada" nas instâncias europeias e pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

Os socialistas defendem que esta amnistia devolve um conflito político à esfera política e servirá para recuperar a convivência entre catalães e entre a Catalunha e o resto de Espanha depois da fratura de 2017.

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