Um sindicato alerta: vem aí escassez de bens em Portugal porque em "Espanha não fazem protestos fofinhos". Mas uma associação contrapõe: calma, não será assim

8 nov 2022, 20:30
Camionistas espanhóis protestam contra o aumento dos combustíveis (AP)

Em causa está o protesto das transportadoras de mercadorias em Espanha

Está agendado para o próximo domingo o início de um protesto das transportadoras de mercadorias em Espanha que, segundo o Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), pode afetar em Portugal a distribuição de bens durante a Black Friday, o período natalício e eventualmente durante um período indefinido.

“Tudo vai depender da adesão e do impacto que terá esse bloqueio por parte das empresas e dos motoristas autónomos. Mas a rutura de stock de alguns produtos é uma possibilidade, sim. Toda a cadeia de abastecimento pode ser comprometida”, diz à CNN Portugal Anacleto Rodrigues, porta-voz do SIMM, que avança que os efeitos se podem sentir “a partir do terceiro dia de protesto”.

O dirigente alerta ainda para a possibilidade de ocorrerem atos de vandalismo contra camiões estrangeiros que passem por Espanha durante o protesto. “A única recomendação que nós podemos dar é que os motoristas não tentem furar qualquer bloqueio e obedeçam àquilo que foi dito por parte dos piquetes, para que não comprometam a sua integridade, bem como a do veículo e das mercadorias que transportam. Não há muito a fazer, em Espanha não fazem protestos fofinhos.”

Quem também está a acompanhar os desenvolvimentos em Espanha é a Associação de Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), que discorda da posição do SIMM. Numa nota enviada à CNN Portugal, a associação diz acreditar que o protesto “não irá provocar escassez de bens em Portugal”. No entanto, salienta que a potencial adesão da Federação Nacional de Associações de Transporte de Espanha (FENADISMER) ao protesto “pode ter alguma repercussão na intensidade da paralisação”.

A ANTRAM refere ainda que, “tão em cima da potencial paralisação, pouco mais pode ser feito do que o acompanhamento”, mas menciona que tem divulgado as informações oriundas de Espanha junto dos seus associados e recolhido opiniões junto das congéneres espanholas. A associação recomenda também às empresas que “priorizem as cargas mais importantes nos poucos dias que antecedem a possível paralisação”.

O protesto foi marcado pela Plataforma de Defesa do Sector do Transporte Rodoviário do Mercadorias, que contesta o facto de não estar a ser cumprida a lei que obriga os expedidores a pagarem preços que cubram, no mínimo, os custos dos serviços. Esta norma foi aprovada em março durante as negociações para pôr termo ao protesto realizado nesse mês e que durou 20 dias.

Do lado do Governo, a ministra dos Transportes, Raquel Sánchez, garantiu que o executivo “tudo fará” para impedir que a greve se inicie, pedindo ainda que se “denunciem” as violações à lei, razão pela qual foi convocado o protesto.

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