Os protetores solares são todos iguais? 10 respostas para aprender a escolher o melhor (e garantir eficácia)

2 ago 2023, 22:00
Protetor solar (Pexels)

VERÃO CNN || Durante o mês de agosto, todas as segundas, quartas e sextas-feiras, publicamos dicas para ajudar nas suas férias

1/ Há diferença entre protetor de farmácia e supermercado?

Sim e não: são diferentes no preço e na abrangência de necessidades, mas não são diferentes no que diz respeito à segurança. 

Segundo Marta Ferreira, farmacêutica, doutoranda em Tecnologia Farmacêutica e com uma pós-graduação em Cosmetologia Avançada, “aos olhos da legislação e das características exigidas pela regulamentação dos produtos cosméticos, não”, não há diferenças. E mais: “todos os protetores solares devem demonstrar a sua segurança, qualidade e eficácia através dos mesmos métodos, independentemente do local onde são comercializados”. 

Acontece, aliás, que os laboratórios mais reputados do mundo produzem, simultaneamente, para marcas de supermercado e de farmácia”, diz a farmacêutica. 

As diferenças que podem existir dizem respeito ao quão específico pode ser o protetor solar, o que depois se espelha no preço: os de farmácia, mais facilmente adaptados a várias necessidades, são mais caros, ao passo que os do supermercado, que oferecem uma proteção segura, mas menos personalizada, são mais económicos.

Marta Ferreira afirma que “as marcas de supermercado tendem a ser mais económicas, apresentando fórmulas menos adaptadas para necessidades particulares (sensibilidade, tipos de pele, patologias), embalagens e fragrâncias menos apelativas, e poucas tecnologias inovadoras”, o que não coloca, no entanto, a sua eficácia em causa. “Já na farmácia encontramos frequentemente uma grande variedade de protetores solares, indicados para diferentes tipos, tons e patologias cutâneas, com tecnologias inovadoras e mais atenção às características sensoriais”, continua a também autora da página A Pele Que Habito.

2/ Filtro químico ou mineral - como escolher?

Segundo a revista Health, os protetores solares minerais – também conhecidos como protetores solares físicos – usam filtros UV que bloqueiam os raios solares, “refletindo ou refratando a radiação ultravioleta” através da criação de uma ‘barreira’ (é comum serem em creme e deixarem uma ‘cobertura’ branca na pele). Estes filtros, explica-se no site, "são pequenas partículas dos metais óxido de zinco, dióxido de titânio e, às vezes, óxido de ferro". Os dois primeiros tendem a oferecer uma proteção de amplo espectro.

Já os filtros solares químicos, não só são absorvidos pela pele (ao contrário dos minerais), como absorvem a radiação ultravioleta. É comum nas suas formulações estarem substâncias ativas como benzofenonas e octocrileno.

3/ Qual a diferença entre UVA e UVB?

“Comprar um protetor tem muito que se lhe diga”, assegura Manuela Paçô, dermatologista no Hospital Lusíadas Lisboa. “É preciso saber que o índice [30, 50 ou 50+] só fala em relação ao tempo em que pode estar exposto [ao sol] e não disseca o tipo de proteção que faz”, devendo, para isso, ler-se o rótulo e procurar informação sobre a proteção contra a radiação ultravioleta - que pode ser encontrada nos acrónimos UVA e UVB.

Os raios UVB são os responsáveis ​​pelas queimaduras solares e desempenham também “o maior papel na causa do cancro de pele”, incluindo o melanoma maligno, diz o site da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos. 

Já os raios UVA, continua a instituição no seu site, “também desempenham um papel na formação do cancro de pele” e estão associados “a alterações prematuras do envelhecimento cutâneo, incluindo a formação de rugas (fotoenvelhecimento)” uma vez que “penetram mais profundamente na pele”.

4/ Mas, afinal, o que querem dizer os números FPS 30, 50 e 50+? 

O fator de proteção solar “indica-nos o tempo que a radiação UVB demoraria a provocar uma queimadura solar numa pele protegida com determinado protetor solar em comparação com o tempo que demoraria sem protetor solar”, adianta a dermatologista Helena Toda Brito, que se apressa em exemplificar: “usando um protetor solar FPS 30, a pele demoraria 30 vezes mais tempo a queimar do que sem protetor solar”.

Segundo a DECO, “a capacidade para defender a pele dos raios UVB é indicada pelo fator de proteção solar, apresentado nos rótulos através das siglas FPS ou SPF (do inglês ‘sun protection factor’). E sobre isto há números que vale a pena conhecer: “a percentagem de radiação UVB filtrada por um protetor solar com FPS 15 é de cerca de 93%, sendo de 97% para FPS 30 e 98% para FPS 50. O aumento da proteção conferido acima do FPS 50 é pouco relevante, estando esses protetores englobados na categoria 50+”, refere Helena Toda Brito, que dá consultas na BeClinique e no Hospital Lusíadas.

No entanto, “para atingir estes fatores de proteção é essencial aplicar o produto em quantidade generosa” e durante o dia de praia: “sempre que molha a pele e após duas horas de exposição solar direta”, aconselha Marta Ferreira. Mas quanto protetor é protetor o suficiente para um adulto? “Cerca de 35 ml para todo o corpo”.

No mercado existem também opções (ainda poucas) de protetores solares contra a radiação UVA e UVB com fator de proteção 100, destinando-se, sobretudo, a peles com tendência acneica ou com alergia solar.

5/ É preciso ter em conta o tipo de pele?

Embora Luís Uva, dermatologista na PersonalDerma, em Lisboa, defenda que “o que interessa é usar protetor”, num repto para que todos se protejam no verão, o especialista apela a que sejam também criteriosos e respeitem o tipo de pele: “um protetor de corpo e cara é diferente na sua composição e se a pessoa tem uma pele do rosto oleosa, se colocar um protetor à base de óleo vai ficar mais oleosa”.

Sobre este ponto, Marta Ferreira não tem dúvidas. “Claro que sim!”, diz-nos, destacando que o protetor de rosto pode ter de ser diferente do de corpo e haver a necessidade de usar dois produtos diferentes. “Só dessa forma é possível garantir que o produto será aplicado em quantidade generosa, e reaplicado sempre que necessário”, diz.

A dermatologista Helena Toda Brito destaca ainda que respeitar o tipo de pele é meio caminho andado para que o protetor solar seja usado. “Para garantir uma boa adesão à sua utilização, é importante que o protetor solar seja adaptado ao tipo de pele”.

Ao escolher um protetor solar que respeite o tipo de pele do rosto - oleosa, seca, acneica, atópica, etc. -, Marta Ferreira diz que “é importante ter atenção às características sensoriais (odor, textura, acabamento) do protetor no momento da compra”, evitando que seja reativo para a pele.

“Atualmente existem protetores solares formulados para os diferentes tipos de pele que permitem proteger a pele da radiação solar, sem comprometer a sua cosmeticidade. Alguns destes protetores solares (ex: para peles acneicas, envelhecidas ou com manchas) contém ainda ingredientes ativos na sua composição, que oferecem benefícios adicionais para os diferentes problemas de pele”, continua Helena Toda Brito.

6/ Posso usar o protetor solar de rosto no corpo e vice-versa?

“Embora existam protetores solares que podem ser utilizados tanto no corpo como no rosto, para uma utilização diária aconselho um protetor solar específico para o rosto”, admite a dermatologista Helena Toda Brito. E a questão é simples - e, mais uma vez, promove a proteção-, o protetor solar de rosto é “habitualmente cosmeticamente mais agradável”, pois contém uma “textura mais fluída, fácil de espalhar e sem deixar resíduos brancos ou brilhos”.

No entanto, a médica refere que “para uma utilização pontual não haverá problema em utilizar o mesmo protetor solar no rosto e no corpo”. Mas há uma exceção: “quando existem problemas ao nível da pele do rosto”, como pele com tendência acneica, sensível, com rosácea. “Nesses casos é particularmente importante escolher um protetor solar de rosto dirigido ao tipo de pele”, frisa.

7/ Qual a textura mais indicada?

Se para o rosto podem ser mais apetecíveis os protetores que não deixam a pele branca e com brilho, havendo já alguns com textura em gel, para o corpo, diz a farmacêutica, “é especialmente importante optar por texturas fáceis de espelhar em pele com algum pêlo”.

A eficácia do protetor depende muito da quantidade e da frequência com que é aplicado e estes dois fatores saem beneficiados quando é escolhido um protetor fácil de espalhar e que, por exemplo, não deixe a areia colada. 

Os protetores solares em creme são habitualmente mais confortáveis nas peles secas, enquanto os protetores em spray ou gel são muitas vezes preferidos nas peles oleosas e para zonas com pelos (braços e pernas dos homens, couro cabeludo...)”, diz Helena Toda Brito.

Mas em termos de eficácia, continua a médica, “os protetores solares em stick”, comercializados sobretudo para o rosto, lábios ou para serem aplicados em zonas sensíveis (como cicatrizes, exemplifica), “são habitualmente os mais resistentes à água e remoção acidental”. Já os protetores solares em spray e bruma “são os que requerem mais cuidados na sua aplicação, de forma a garantir que são aplicados em quantidade suficiente e que não ocorre inalação, sobretudo nos dias mais ventosos”, refere Helena Toda Brito.

8/ Como garantir a eficácia do protetor solar?

O segredo está em ser generoso, tanto na quantidade como na frequência com que se aplica protetor solar na pele. Sobre este ponto, Helena Toda Brito diz que o produto deve ser aplicado “em todas as áreas expostas, cerca de 20 minutos antes da exposição solar e repetida ao longo do dia, idealmente de duas em duas horas”. E nada de esquecer dos pés, orelhas e pálpebras.

“A quantidade recomendada de protetor solar é de 2 mg/cm2 de superfície corporal, que corresponde, num adulto médio, a cerca de 35 ml (9 colheres de chá) para cobrir todo o corpo”, explica a médica. “A regra da colher de chá ajuda a compreender a quantidade de protetor solar a aplicar, que deverá ser de cerca de 1 colher de chá na cabeça e pescoço, 1 colher em cada membro superior, 2 colheres em cada membro inferior e 2 colheres no tronco”.

Segundo a farmacêutica Marta Ferreira, quando em causa está a eficácia, a textura é indiferente, pois “os produtos com o mesmo fator de FPS oferecem a mesma proteção desde que sejam aplicados na mesma quantidade” e na quantidade e frequência correta, embora, revela-nos, existam “estudos que indicam que os consumidores tendem aplicar mais quantidade de produtos em creme do que em spray”.

9/ É preciso um protetor solar ‘especial’ quando se pratica exercício físico ao ar livre?

Sim e não. Aplicar protetor é fundamental, assim como reaplicá-lo quando se trata de uma atividade física prolongada, mas há sempre o risco de escorrer com o suor e, com isso, a eficácia ficar comprometida.

Deste modo, para quem pratica exercício ao ar livre, o ideal é optar por um protetor solar que seja resistente à água, existindo já em farmácias e parafarmácias fórmulas destinadas a praticantes de exercício físico - são fórmulas que não escorrem com tanta facilidade na presença de suor, resistindo mais tempo na pele. “Mesmo com a aplicação de protetor solar, é fácil que a proteção desapareça com o suor e já há protetores próprios para a atividade física. E isto é importantíssimo”, destaca Miguel Rato, médico de Medicina Geral e Familiar na CB Clinic.

Ainda no que diz respeito à proteção solar, o dermatologista Luís Uva diz que quem opta por treinar ao ar livre pode optar por “outro tipo de proteção, a oral, com comprimidos de vitamina D e betacarotenos, que ajudam a pele a não envelhecer tanto e a protegê-la dos raios UV”.

10/ Usar o protetor do ano passado: sim ou não?

A resposta é não, sobretudo se passar o período indicado na embalagem (e que pode ser de seis ou 12 meses). Segundo Manuela Paçô, “é arriscado” usar um protetor aberto há vários meses “porque levamos o protetor para a praia, está ao calor e sol e perde características e ganha outras”. “Em termos de efeitos antioxidantes acabou-se a eficácia pelo facto de estar ao calor e sol”, explica.

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