PCP tinha avisado o PS para não "ficar a meio da ponte", considerando que não aprovar a moção de rejeição comunista era ficar "aprisionado" às políticas de direita do Governo de Montenegro
A moção de rejeição apresentada pelo PCP ao programa de Governo foi esta sexta-feira chumbada no Parlamento.
Os votos contra vieram do Chega, Iniciativa Liberal, PSD e CDS-PP. Absteve-se o PS. Votaram a favor as restantes bancadas: PCP, Bloco de Esquerda, Livre e PAN. Foram 13 votos a favor, 138 contra e 77 abstenções. A única diferença face à votação da iniciativa do Bloco de Esquerda foi a posição do PAN, que votou contra na moção comunista e se absteve na bloquista.
Na reação, já depois de o Governo abandonar o plenário, a líder parlamentar comunista Paula Santos considerou que a reprovação da moção “deixa claro quem se opõe, quem apoia e quem contemporiza com as opçoes da política de direita”.
A comunista admitiu que o objetivo desta iniciativa foi “atingido” porque fez com que todos os partidos “assumam as suas responsabilidades” em relação à governação.
E não poupou um novo recado ao PS: “Por mais que falem com voz grossa, no momento da verdade lá estão, a dar a mão a estas opções”.
No documento, os comunistas argumentavam que o executivo de Luís Montenegro “insiste em prosseguir e acentuar as orientações e opções da política de direita” que acabam por “infernizar a vida das pessoas, que vivem com cada vez mais dificuldades”.
Segundo o PCP, a estratégia do Governo “evidencia a descarada intenção de contenção salarial”, com o objetivo de “engrossar os lucros dos grupos económicos e das multinacionais”.
Na intervenção desta sexta-feira, o secretário-geral comunista Paulo Raimundo tinha avisado que não rejeitar o programa de Governo significava ficar “aprisionado” a ele - um recado direto ao PS, que já tinha feito saber que não iria acompanhar as moções de rejeição do PCP e do Bloco de Esquerda.
“Não se pode ficar a meio da ponte: ou se o rejeita ou dele se fica aprisionado”, afirmou Paulo Raimundo no Parlamento, ao exigir “clareza” às restantes forças políticas. Da parte do PCP, “a opção é clara”: a rejeição.
"PSD, CDS, CH e IL caminham juntos e estão unidos nas políticas expressas no programa de Governo", atirou.
O programa de Governo, definiu, é um documento “onde tudo é negócio”, que “não só não resolve nenhum problema como ainda se propõe a agravá-los”.