Premier League impõe limite de gastos aos clubes até 85 por cento das receitas

6 jun, 18:54
Troféu da Premier League 2023/24 (Tom Dulat/Getty)

Novas regras entram em vigor já na próxima temporada, a título experimental

A Premier League, entidade que gere as ligas profissionais inglesas, decidiu esta quinta-feira introduzir, a título experimental, um limite de gastos para os plantéis, que não pode exceder 85 por cento das receitas do clube.

De acordo com este novo regulamento, que, segundo a Premier League, será utilizado «de forma não vinculativa» a partir da próxima época, 2024/25, os clubes não podem gastar mais de 85 por cento das suas receitas anuais na manutenção e compra de jogadores de futebol.

Esta nova iniciativa tem o nome de «Regras de Custo de Equipa» (SCR, na sigla iglesa).

«Isto vai permitir à liga e aos clubes avaliar o sistema, incluindo o equivalente aos novos regulamentos financeiros da UEFA. O sistema visa melhorar e preservar a sustentabilidade financeira e a competitividade equilibrada da Premier League, bem como ultrapassar as aspirações dos clubes, facilitar alinhamento com outras competições e apoiar a competitividade dos clubes nas competições da UEFA», disse em comunicado a Premier League.

Os clubes acordaram também a introdução, igualmente em fase experimental, das «Regras de Ancoragem do Topo ao Fundo» (TBA), que implica que os clubes não poderão gastar, no total, mais do que um «múltiplo das receitas (da televisão e dos prémios) do clube que menos ganha no campeonato». Para já, o múltiplo em causa é desconhecido, mas a imprensa inglesa especializada coloca a fasquia em cinco vezes.

Esta é uma medida que visa manter o equilíbrio competitivo da Premier League e que não pretende ter impacto, a menos que haja um «desequilíbrio significativo», entre as receitas dos clubes.

Na prática, isto significa que, se a equipa com menor rendimento na Premier League encaixasse 100 milhões de libras (117 milhões de euros) no final da temporada, isso seria multiplicado por cinco (500 milhões de libras, ou 587 milhões de euros) e esse seria o limite total de gastos dos clubes em competição.

A par destas medidas, vai continuar a funcionar o fair-play financeiro da liga inglesa, que permite perdas de 105 milhões de libras ao longo de três anos e que, para já, não foi atualizado, apesar de estes números terem sido apurados em 2013 e a inflação desde então ter aumentado mais de 30 por cento.

Nesta temporada, o Everton sofreu duas sanções por irregularidades financeiras que resultaram na perda de 10 pontos, reduzidos para seis, e ainda de dois pontos adicionais.

Além disso, o Nottingham Forest também perdeu quatro pontos por irregularidades financeiras e o Leicester City, recentemente promovido à competição, é acusado de violar as regras do fair-play financeiro.

Num patamar superior está o Manchester City, dos internacionais portugueses Bernardo Silva, Matheus Nunes e Rúben Dias, que foi acusado pela Premier League de 115 irregularidades cometidas entre 2009 e 2018.

O emblema de Manchester, que pode apenas saber o resultado das acusações no verão de 2025, decidiu processar a liga inglesa pelos seus regulamentos relativos às operações com empresas que pertencem ao mesmo proprietário, porque, segundo o City, isso limita a competitividade de grandes equipas, obrigando-as a passar por uma comissão independente caso queiram tramitar um acordo económico com uma empresa com a qual o seu proprietário já mantém relacionamento.

Esta regra entrou em vigor no final de 2021, quando o Newcastle United foi comprado pela Arábia Saudita, com o objetivo de os magpies não aproveitarem as suas ligações com este Estado para obter vantagens económicas.

O City, por exemplo, tem uma dezena de acordos de patrocínio com empresas dos Emirados Árabes Unidos, que compraram o clube em 2008. Isso inclui o seu principal patrocinador de camisolas e do estádio, a Etihad Airways.

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