Decisão 22: A "tracking poll" deu-nos uma grande surpresa – e além disso…

Qui, 20 jan 2022

Vamos conversar. Escreva-nos nas redes sociais da CNN Portugal com questões e temas sobre as eleições legislativas

Não é uma opinião, é um facto: novos dados da tracking poll CNN/TVI revelam que a campanha está a correr mal a Costa – e bem a Rio. É essa a avaliação dos portugueses, no dia em que nos choveram perguntas sobre como votar. Esta é uma Porta Aberta. Deixe-nos as suas questões nas nossas redes sociais (Instagram, Facebook, Twitter e LinkedIn) e, se ainda não o fez, subscreva a newsletter aqui. Olá.

MIGUEL A. LOPES/LUSA
“Strawberry fields forever”, candidato Costa? (Foto de Miguel A. Lopes/Lusa)

Uma surpresa às 20:00 e como a campanha está a correr mal a Costa e bem a Rio

Quando esta noite, às 20 horas, a CNN Portugal e a TVI revelaram os dados da “tracking poll” diária das legislativas, houve uma surpresa: um empate técnico entre Costa e Rio. Avançamos nesta newsletter outros dados novos a partir do mesmo estudo. Dados que mostram como a campanha está a ser percecionada pelos portugueses: está a correr melhor a Rio do que a Costa.

 

A “tracking poll” (saiba aqui o que é, como é feita e para que serve), feita pela Pitagórica, estuda diversos dados, e não apenas a evolução das intenções de voto.

 

Uma das colocadas refere-se à exposição mediática: “Face à opinião que tinha sobre esse candidato, diria que aquilo que viu/ouviu ou leu sobre esse candidato?...” … sendo as respostas possíveis as de que melhorou, piorou ou manteve a opinião.

 

As respostas são assim uma espécie de barómetro ao impacto da campanha eleitoral de cada candidato através dos meios de comunicação social.

 

Contando já com as respostas de hoje (que refletem os dados até ontem), verifica-se que houve todos os dias mais pessoas que pioraram a sua opinião sobre Costa do que aquelas que melhoraram (para a construção do saldo no gráfico em baixo, calcula-se a diferença entre a percentagem de respostas); e que são mais as pessoas que melhoraram a sua opinião sobre Rio do que aquelas que pioraram.

 

 

Esta evolução indica que o impacto da campanha de Rio está a ser melhor do que o esperado, enquanto o impacto da campanha de Costa está a ser pior do que o esperado.

 

Já em relação aos demais partidos com assento parlamentar, há vários candidatos com “nota” negativa e vários com “nota” positiva.

 

 

Neste grupo, André Ventura é o que está pior face às expectativas, seguido de Catarina Martins, Francisco Rodrigues dos Santos e Jerónimo de Sousa. Já João Cotrim Figueiredo é quem mais surpreende pela positiva, seguido de Rui Tavares.

 

Leia a ficha técnica desta “tracking poll” aqui.

 

E veja os resultados das intenções de voto de hoje depois das 20h, na CNN Portugal e no Jornal das 8 da TVI.

 

Respostas aos leitores

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Sim. O Governo aprovou hoje, em Conselho de Ministros, a norma que permite que os eleitores em isolamento devido a infeção por covid-19 ou por contacto de alto risco com um infetado possam sair para votar no dia 30 de janeiro.

 


Será obrigatório o uso de máscara cirúrgica ou FFP2 (máscaras comunitárias não são permitidas) no momento do voto.

 


Para que o processo decorra em segurança, o Governo recomenda um horário específico para os eleitores nessa situação votarem - das 18:00 às 19:00. Já aos que não estiverem isolados é recomendado que se dirijam às urnas entre as 08:00 e as 18:00.

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Mesmo antes do anúncio de que pessoas em isolamento poderão votar no dia 30, a lei eleitoral já permitia que eleitores confinados votassem: entre esta quinta-feira e domingo (23 de janeiro), os eleitores que estejam a cumprir isolamento podem requerer o exercício do direito de voto antecipado através da plataforma do Ministério da Administração Interna criada para o efeito, ou através de um representante na freguesia da morada de recenseamento eleitoral.

 


Nos dias 25 e 26 de janeiro, o eleitor deverá aguardar, na morada em que está isolado, pela presença do presidente da Câmara Municipal ou de um representante da autarquia, de modo a poder exercer o seu direito de voto.

 


Apesar de já existir, esta solução para eleitores em confinamento excluía pessoas cuja ordem de isolamento fosse dada na última semana do mês, razão pela qual o Governo decidiu permitir a votação presencial no dia 30.

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Não. O voto em mobilidade é o voto antecipado num local escolhido pelo eleitor, pelo que quem escolher esta modalidade tem até hoje para se inscrever aqui. No dia 30, os eleitores têm de votar na assembleia ou secção de voto onde estão recenseados (os eleitores podem obter esta informação aqui ou através do envio de um SMS gratuito para 3838, com a mensagem “RE [espaço] número de CC/BI [espaço] data de nascimento [aaaammdd]. Ex: “RE 7424071 19820803”).

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Sim, os eleitores que se inscreveram para votar antecipadamente no dia 23, mas não o façam, podem votar no dia 30 na assembleia ou secção de voto onde se encontram recenseados.

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Não, a não ser que sejam cidadãos com nacionalidade brasileira residentes e recenseados em Portugal, que possuam o estatuto de igualdade de direitos políticos.

 

Podem votar nas eleições legislativas todos os cidadãos portugueses maiores de 18 anos, desde que estejam inscritos no recenseamento eleitoral, no território nacional ou no estrangeiro. Também os portugueses que sejam nacionais de outro Estado podem exercer o direito de voto nestas eleições.

 

No caso dos cidadãos portugueses residentes e recenseados no estrangeiro, podem exercer o direito de voto por via postal ou presencialmente nas representações diplomáticas portuguesas.

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Não nestas eleições.

 

A votação online tem vantagens, incluindo possibilitar a pessoas com mobilidade reduzida um meio mais cómodo de exercer o direito de voto, maior celeridade no apuramento dos resultados e possível redução da abstenção.

 

Contudo, há vários riscos, como o da segurança da plataforma de votação, sujeita a ataques informáticos. Existe, também, o risco de desconfiança dos eleitores no processo de votação (ao contrário das mesas de voto, onde há presença de observadores dos vários partidos, com o voto online não há supervisão no local).

 

Em setembro do ano passado, aliás, o secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna, Antero Luís, afirmou, a propósito da votação de eleitores residentes no estrangeiro, que a segurança e universalidade são os principais obstáculos à adoção do voto eletrónico descentralizado.

 

O site da Comissão Nacional de Eleições menciona várias experiências com o voto eletrónico presencial. A primeira foi realizada na já extinta freguesia de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa, nas autárquicas de 1997.

 

Já a única referência ao voto online respeita às legislativas de 2005, nas quais a “experiência de voto eletrónico não presencial foi disponibilizada aos eleitores portugueses residentes no estrangeiro mediante a disponibilização de uma plataforma de voto por internet”. Estas experiências “não contaram para os resultados oficiais”.

 

Com a pandemia, esta alternativa tem sido debatida, mas não há indícios pelos responsáveis políticos de que tal venha a acontecer em breve.

Factos primeiro

CostaLivre

No Debate das Rádios desta quinta-feira, António Costa classificou como “linha vermelha inultrapassável” para um entendimento do PS com o Livre “a possibilidade de estudar o recurso à energia nuclear como uma solução para a transição energética” defendida pelo programa eleitoral do Livre. O fundador deste partido contrapôs: “Não é verdade”. Costa retorquiu: “Rui Tavares, está lá escrito que o Livre está aberto a estudar e considerar a solução da energia nuclear.”

 

Está?

 

Vamos aos factos. No programa eleitoral do Livre, pode ler-se no capítulo dedicado à Emergência Climática e Energia: “Seguir atentamente o desenvolvimento de novas tecnologias de produção de energia nuclear (como os small modular reactors, ou a fusão nuclear), que poderão contribuir para a descarbonização, assim como dar resposta ao crescente consumo energético.”

 

No debate, Rui Tavares clarificou: “O Livre é contra a construção de centrais nucleares em Portugal”, o que defende é que se deve “seguir atentamente o desenvolvimento de novas tecnologias nucleares” - entre as quais a fusão nuclear, que, no seu entender, poderá ser “inteiramente segura” dentro de alguns anos, no âmbito do projeto europeu ITER (Reator Experimental Termonuclear Internacional, em português). Este projeto visa demonstrar a viabilidade científica e técnica da fusão como nova fonte de energia e, tal como Tavares apontou, tem financiamento europeu, que foi renovado em fevereiro do ano passado pelo Conselho da União Europeia (então presidido por Portugal).

 

Conclusão: Verdadeiro. O Livre está aberto a estudar a energia nuclear, não com centrais, mas com progressos científicos mais seguros.

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Cotrim

A declaração de Cotrim de Figueiredo é imprecisa: trata-se de um imposto antigo, sim, mas ainda mais antigo do que o líder da IL diz.

 

O imposto de selo é o mais antigo do sistema fiscal português, não é do século XIX, foi criado no século XVII, mais concretamente em 1660.

 

Originalmente criado para suprir provisoriamente uma falta de receitas do Estado, este imposto existia sob a forma de um selo com valores financeiros impressos, daí o seu nome. Atualmente, incide sobre uma série de atos não sujeitos a IVA, como contratos de compra de casa com recurso ao crédito à habitação, jogos sociais do Estado ou trespasse de estabelecimento.

Só a partir ao ano 2000, na reforma do Código do Imposto de Selo, é que deixou de ser necessário comprar o selo - mas o imposto manteve-se.

 

Conclusão: Não rigoroso

Soundbites

“É evidente que é uma piada, e acho bem, isto tem de ter algum humor.”

Rui Rio, reagindo à disponibilidade de André Ventura para ser vice-primeiro-ministro do líder do PSD

 

"Não sou Rui Rio"

Francisco Rodrigues dos Santos

 

"Quem acredita que, com o Presidente Marcelo, uma maioria do PS podia pisar a linha?"

António Costa

 

“Governar à Guterres é ser campeão das privatizações”

Catarina Martins

 

“Já não há saco para a arrogância de António Costa”

João Cotrim de Figueiredo 

Best (and worst) of

Teve hoje lugar o Debate das Rádios (Renascença, TSF e Antena 1), o último desta campanha eleitoral. Eis as minha avaliação:

 

O pior: Rui Rio e André Ventura, pela ausência. Tiveram mais do que fazer do que debater com os seus adversários políticos. Não é novidade em Rio.

 

O ausente mais presente: Marcelo Rebelo de Sousa. António Costa encostou-se ao Presidente da República para desvalorizar os perigos de uma maioria absoluta, afirmando que ele será um bom vigilante. Duvido que Marcelo goste de ser usado desta forma pelo PS para efeitos eleitorais.

 

O momento: o desentendimento entre António Costa e Rui Tavares em torno da proposta do Livre sobre a energia nuclear. Se o objetivo era contrariar a ideia de que PS e Livre são amigalhaços políticos, duvido que tenha funcionado.

 

O equilibrador: João Cotrim de Figueiredo, pela vivacidade argumentativa num debate que decorreu quase todo à esquerda (dada a ausência de Rio).

 

O equilibrista: Francisco Rodrigues dos Santos, que teve formação militar e faz disso argumento para defender que o CDS seria capaz de ter um bom ministro da Defesa.

Se eu mandasse...

RodrigoCostaFelix

 

… considerava a cultura como um bem essencial.

 

Rodrigo Costa Félix, fadista

 

“A percentagem do Orçamento do Estado dedicada à cultura é quase ofensiva. A cultura deveria ser considerada como bem essencial, como em França ou nos EUA. Nestes países a Lei do Mecenato é uma realidade do dia-a-dia, em que as empresas apostam em novos valores, apostam na cultura, investem na cultura, penso que as empresas também deveriam fazer o mesmo cá. A Lei do Mecenato em Portugal é muito pouco aplicada e em termos de benefícios fiscais não é especialmente atrativa. O Governo deveria incentivar as Juntas de Freguesia e as Câmaras Municipais a direcionarem pelo menos metade do seu orçamento para a cultura à procura de novos valores locais. Leia a resposta na íntegra aqui.

Acontece a seguir

Esta sexta-feira, o PS começa o dia em Lisboa, num encontro com independentes apoiantes de Costa, seguindo depois até à Guarda. O dia termina em Castelo Branco, com um comício no Cineteatro Avenida.
 

 

Depois de uma manhã na Figueira da Foz, com ações de rua, o PSD segue até Coimbra, onde tem marcado uma sessão sobre Ambiente, com a presença de Rui Rio e Salvador Malheiro.

 

A CDU andará por Silves e Lagos, terminando o dia com um comício em Faro. Pelo sul do país andará também Inês de Sousa Real, do PAN, que tem ações de campanha previstas para as Alagoas Brancas e Portimão. O líder do Livre, Rui Tavares, dedicará o dia a visitar uma sapataria ecológica em Braga e a Universidade de Aveiro.

 

Pelo CDS, Francisco Rodrigues dos Santos deslocar-se-á a Leiria, Santarém e Castelo Branco, enquanto o Chega realizará comícios em Viana do Castelo, ao almoço, e em Braga, ao jantar. João Cotrim de Figueiredo, da IL, começa o dia com uma visita à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Lisboa, rumando a Setúbal, onde visitará o Instituto Politécnico.

E finalmente...

Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, pode voltar à campanha eleitoral na próxima quarta-feira, conseguindo dessa forma estar presente nas ações da reta final, após ter sido operado de urgência na semana passada.

 

“Folhetim de Voto: Isto vai bipolarizar (ainda mais)”. A coluna diária de Filipe Santos Costa, cuja edição de hoje pode ler aqui.

 

 

Esta newsletter foi escrita com recolha e tratamento de informação dos jornalistas Beatriz Céu e Pedro Falardo.

 

Acompanhe-nos a qualquer hora na televisão e no site da CNN Portugal. Volto a escrever-lhe daqui a umas horas. Até amanhã!

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