O secretário-geral do PCP lamentou que o atual modelo de debates seja "muito condicionado"
O secretário-geral do PCP disse hoje não estranhar que o PS faça apelo ao "voto útil" nas legislativas de março mas advertiu que só o reforço da votação na CDU forçará os socialistas a cumprir promessas e dar soluções.
“O PS pode fazer o apelo ao voto útil que quiser, eu estranharia era se não fizesse”, disse o comunista, considerando que o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, “anda à pesca” de votos.
Falando aos jornalistas no final de uma iniciativa para apresentar 30 medidas prioritárias da CDU (coligação PCP/PEV) para o país, Paulo Raimundo deu como exemplo a promessa do PS de acabar com as portagens nas antigas SCUT.
“A única garantia que aquela gente toda que paga portagens tem para aquela promessa, aquela e outras, ser concretizada, não é dar maioria absoluta ou dar maioria ao PS, é votar no PCP e na CDU, porque é a nossa força que vai obrigar a que todas as promessas que estão a ser feitas hoje sejam cumpridas”, defendeu.
O secretário-geral do PCP disse estar “farto desta ideia de que agora é o tempo das promessas e depois há o tempo de justificar porque não se pode cumprir as promessas feitas”.
“O voto útil, se vamos por aí, é o voto no PCP e na CDU, desde logo porque tem as soluções e tem as propostas. É o voto de protesto, é o voto de soluções, é o voto que obriga o Partido Socialista a vir às soluções. Com a força que tivermos, obrigaremos o PS a vir para as soluções que são necessárias e as respostas que são necessárias”, sustentou.
Raimundo salientou também ser “o voto mais seguro, a maior garantia do combate à direita e à política de direita, com anos e anos de experiência acumulada neste combate”.
“Nós estamos a construir por baixo o resultado que nos querem roubar por cima”, afirmou ainda.
Na sexta-feira à noite, no debate que opôs Pedro Nuno Santos ao porta-voz do Livre, Rui Tavares, o líder socialista fez um forte apelo ao voto útil, assumindo que o PS tem uma "agenda compatível" com a do Livre, mas que só será concretizada em caso de vitória socialista nas legislativas.
Questionado também sobre o recuo do líder do PSD, que vai marcar presença no debate desta noite na RTP frente ao secretário-geral do PCP, depois de a coligação ter proposto que fosse o presidente do CDS-PP, Paulo Raimundo afirmou que, assim sendo, “está tudo resolvido”.
“Encontrou-se essa solução e está resolvido. Acho que isso era um caso que deixou de ser caso, diria assim”, acrescentou, considerando que o facto de Luís Montenegro participar à distância “são circunstâncias”.
O comunista antecipou que será “certamente um bom debate, um debate intenso, [de] dois programas profundamente diferentes, duas visões diferentes para o país”.
Raimundo defendeu igualmente que o modelo de debates é “muito condicionado, desde logo pelo tempo” e “não dá para grande profundidade”.
“Eu acho que nós ganhávamos em que houvesse menos pressão e mais tranquilidade para aprofundar as tais diferenças que existem”, sugeriu.
O secretário-geral do PCP, que é estreante nos frente a frente televisivos no âmbito das eleições legislativas, disse estar a aprender, mas disse acreditar que os seus “adversários políticos que têm mais experiência também estão a aprender todos os dias”.
CDU exige aumento de salários este ano e não no “dia de são nunca à tarde”
O secretário-geral do PCP defendeu hoje um aumento de salários e que nenhum trabalhador deve receber menos de mil euros já em 2024, recusando remeter esta medida para o “dia de são nunca à tarde”.
“Reafirmamos a prioridade nacional que é o aumento geral dos salários. Uma urgência, e é para agora e não lá para 2028 ou 2030. Em 2024, nenhum trabalhador pode receber menos de mil euros de salário por mês”, afirmou Paulo Raimundo.
Paulo Raimundo falava numa iniciativa para apresentar as trinta medidas prioritárias da CDU (coligação PCP/PEV) para o país, propostas que já eram conhecidas desde o final de janeiro, quando foi apresentado o programa eleitoral para as próximas legislativas.
Durante a apresentação, que decorreu num hotel em Lisboa, em frente à sede nacional do PCP, o líder comunista defendeu que “o país tem recursos e tem a possibilidade real e urgente de aumentar os salários”, advertindo que o que é preciso “é fazer opções”.
“Este é o momento para revogar a caducidade da contratação coletiva e a reposição do princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador. Medidas decisivas para dinamizar a contratação coletiva e aumentar salários em 15%, com um mínimo de 150 euros para todos os trabalhadores do setor público e privado”, acrescentou.
“Aqui no PCP e na CDU dizemos ao que vamos. Não falamos de impostos para caçar o voto dos pobres e aumentar os lucros dos ricos, não agitamos os problemas do Serviço Nacional de Saúde para justificar que se entregue ainda mais dinheiro público para o negócio da doença, não atiramos os aumentos salariais para um dia de São Nunca à tarde, quando o que se exige é que se responda aqui e agora ao aumento do custo de vida”, garantiu.
Raimundo declarou que a CDU não se apresenta “à esquerda para depois levar por diante uma política de direita”, nem “diz uma coisa antes das eleições, para depois fazer exatamente o contrário”.