Mariana Mortágua quer que Governo evite que tragédia de Pedrógão Grande se repita

Agência Lusa , PP (atualizado às 20:28)
17 jun 2023, 18:57
Mariana Mortágua (TIAGO PETINGA/LUSA)

“Há fundos comunitários e públicos que foram dirigidos para precisamente recuperar estas áreas e garantir uma gestão florestal que impeça incêndios. O que sabemos hoje é que muito pouco foi feito", diz coordenadora do BE

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, exigiu hoje, em Lisboa, a intervenção do Governo para que tragédias como a vivida há seis anos em Pedrógão Grande nunca mais aconteçam, lembrando haver fundos comunitários e públicos para o efeito.

Em declarações antes do início da 24.ª Marcha do Orgulho LGBTI+, em Lisboa, a dirigente bloquista argumentou que o melhor que se pode fazer com a memória das vítimas do incêndio é reivindicar “o muito que falta fazer”.

“Há fundos comunitários e públicos que foram dirigidos para precisamente recuperar estas áreas e garantir uma gestão florestal que impeça incêndios. O que sabemos hoje é que muito pouco foi feito e, na estrutura da floresta, muito pouco mudou para evitar ou para proteger o país das alterações climáticas e dos incêndios que sabemos são uma fatalidade nesta altura do ano e ainda mais com o aquecimento que se vive”, assinalou Mariana Mortágua.

Mantendo o tom crítico, frisou que o mais “impressionante é que os fundos que foram disponibilizados não tenham sido utilizados para a gestão territorial que foi prometida”.

“Há gente do interior e que quer viver no interior a quem temos de garantir um terreno seguro, uma casa segura. É preciso fazer uma gestão do território, Portugal tem fundos para o fazer. Se esse trabalho não foi feito há uma responsabilidade política de um governo que não fez”, apontou a líder do BE.

Sobre a postura do seu partido, enfatizou que o “BE foi muitas vezes a Pedrógão, vai e está no terreno”.

“As populações sabem que desde o primeiro momento estivemos ao lado daquelas populações, não só nos momentos simbólicos ou importantes, mas também nas lutas pelas políticas que contam, porque se queremos evitar e relembrar a memória das vítimas de Pedrógão temos de lutar para que não se repita uma tragédia daquelas e isso quer dizer gerir a floresta e é esse trabalho que não está a ser feito e tem de ser feito”, lembrou.

Instada a comentar a escala do Falcon 50 da Força Aérea, em Budapeste, na Hungria, para o primeiro-ministro assistir à final da Liga Europa, em futebol, e dar um abraço ao treinador José Mourinho, segundo afirmou o Presidente da República, a dirigente bloquista considerou-o “lamentável”.

“Parece-me uma péssima ideia. Acho lamentável que o primeiro-ministro tenha decidido parar uma viagem oficial para ir ver futebol, que tenha usado recursos de uma viagem oficial do Estado para fazer essa paragem. Acho ainda mais lamentável que tenha visto este jogo de futebol ao lado de um, enfim, líder autoritário [Viktor Órban] de extrema-direita de um país como é o da Hungria”.

E prosseguiu: “Parece, no entanto, que o país continua a ter coisas mais importantes para discutir. Hoje estamos aqui porque celebramos os direitos das pessoas LGBT, porque temos um país que se alegra por uma vida sem medo. Também por isso temos de perder menos tempo a falar de Viktor Órban hoje e mais tempo a celebrar e a exigir o direito à felicidade de todas as pessoas”.

“Que cada pessoa possa viver sem medo, é por isso que estamos aqui hoje, é por isso que queremos marchar hoje e queremos iniciar essa marcha muito em breve”, disse a líder do BE.

Mortágua confia que comissão de inquérito evitará pagamentos como o de Alexandra Reis

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, afirmou-se ainda convicta de que a comissão de inquérito à TAP serviu para que não se volte a repetir o pagamento de indemnizações como a feita a Alexandra Reis.

“A indemnização a Alexandra Reis ocorre porque, aparentemente, ninguém se lembrou que a TAP é uma empresa pública. As empresas públicas têm regras, transparência e escrutínio e assim tem de ser e eu espero que a comissão de inquérito tenha servido para uma coisa: para que não se volte a repetir e que, de hoje em diante, quanto mais não seja por saberem que uma comissão de inquérito pode existir, que os gestores das empresas públicas e respetivas tutelas tenham cuidado com aquilo que é nosso”, sublinhou.

Reivindicando “mais exigência com as empresas públicas”, argumentou que “elas são de todos” e que é assim que querem que “seja, do país, para desenvolver o país, geridas com toda a exigência e critério”.

“Estou certa de que a comissão de inquérito deu um bom contributo para isso”, acrescentou Mariana Mortágua.

Ainda sobre o fim das audições da comissão, na sexta-feira, Mariana Mortágua avançou com três conclusões, sendo a primeira de que “a privatização anterior da TAP foi um desastre”.

“Confirma-se que [David] Neeleman [anterior acionista da TAP] utilizou dinheiro da TAP para comprar a própria TAP, aliás vem acrescentar uma conclusão que já tínhamos, [a de que] todas as empresas que foram privatizadas em Portugal acabaram destruídas ou em mãos estrangeiras, a enriquecer acionistas estrangeiros”, acrescentou.

E prosseguiu: “Se Portugal quer ter empresas estratégicas, de monta, tecnológicas, tem de saber ter empresas públicas, o que nos leva à segunda conclusão: o inquérito à TAP mostrou que é possível ter uma empresa pública bem gerida se houver escrutínio e transparência”.

“Propusemos a comissão de inquérito e penso que fizemos bem em fazê-lo. Acho que hoje o problema, por exemplo, dos prémios não se vai pôr em outras empresas públicas porque houve esta comissão de inquérito. Esta comissão de inquérito serve para dizer que não basta ter uma empresa pública, [mas que] ela tem de ser bem gerida”, continuou.

A terceira conclusão é que, “apesar de toda a defesa do interesse estratégico que o Governo quis fazer, decidiu privatizar a TAP sem qualquer tipo de garantia”, afirmou Mariana Mortágua, lembrando que “passou um ano desde esse anúncio” e continua-se “sem saber qual é a garantia do interesse público que o Governo mantém na TAP”.

“Não há uma única condição para a privatização, parece apenas que o Governo está à espera de quem dá mais para vender a TAP, mais uma empresa privatizada ao capital estrangeiro, para enriquecer acionistas estrangeiros e logo agora que a TAP está a dar lucro”, insistiu.

Neste contexto, Maria Mortágua desafiou a que se olhe para “as empresas que foram privatizadas e dizer uma que esteja a funcionar melhor ou que não esteja a enriquecer acionistas privados”.

“Olhamos para a EDP e está a lucrar com as contas da luz e com as rendas da energia, a PT foi destruída, a CIMPOR já lá vai, a Sorefame já lá vai. Todas as empresas foram privatizadas. A ANA foi privatizada. Dava lucro e continua a dar lucro ao seu acionista privado e está a prejudicar ativamente a atividade da TAP no aeroporto de Lisboa e a dificultar a sua atividade”, assinalou a líder bloquista.

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