Pedro Nuno Santos não quer “um país a arrastar os pés”. Promete “estabilidade” até com geringonça: a última “foi mesmo estável e funcionou muito bem”

17 dez 2023, 00:57
Pedro Nuno Santos eleito secretário-geral do PS (LUSA)

Elogios à gerigonça, elogios a António Costa, mão esticada a José Luís Carneiro, mensagens de unidade e estabilidade no PS e promessas aos portugueses nas pensões, salários e saúde num país onde "não está tudo bem". Farpas ao PSD houve para todos os gostos. Foi assim o primeiro discurso do novo (e nono) secretário-geral do PS. “Não sou radical nem moderado, sou socialista. Isso é um facto”

O próximo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, prometeu ao país uma “estabilidade” semelhante àquela que tem sido cultivada na liderança socialista, encarando o resultado de 10 de março com a melhor forma de atingi-la. A porta à geringonça fica definitivamente aberta, até porque os elogios não podiam ter sido mais claros: “foi mesmo estável e funcionou muito bem”.

“Esta estabilidade que caracteriza as lideranças do PS é também a estabilidade que queremos dar ao país, que trabalhamos sempre para dar ao país”, disse.

“Uma das principais razões para a estabilidade que conseguimos no primeiro governo foi com o PS a ter um grande resultado. Essa é a melhor maneira de garantirmos estabilidade política no país. É só nisso que estamos focados: ter uma grande vitória a 10 de março”, afirmou.

E concretizou: “logo trataremos de encontrar uma solução governativa. Mas ninguém se esqueça: aquela que melhor garanta o cumprimento do programa eleitoral do PS.”

Questionado sobre a geringonça – para a qual Pedro Nuno Santos teve um papel determinante, enquanto negociador com o Bloco de Esquerda e PCP -, admitiu que não gosta muito da expressão. “Aliás, termo que nunca usei muitas vezes. Aquilo de geringonça teve nada. Aquilo foi mesmo estável e funcionou bem. Foi sólido”

Pedro Nuno Santos insistiu também numa mensagem de unidade, tanto dentro como fora do partido. “O país não se divide entre radicais e moderados. O país, quanto muito, divide-se entre quem tem convicções e não tem convicções. Eu cá tenho convicções. Confunde-se radialismo com ter convicções. É uma confusão que vamos assistindo muito em Portugal. Não sou radical nem moderado, sou socialista. Isso é um facto”, argumentou.

(Lusa)

Vencedor com 62% dos votos, ficando à frente em 18 das 21 federações socialistas, diz-se agora empenhado em prosseguir com mudanças no país.

“O meu sonho sempre foi ter um país decente, um país com menos desigualdade, onde todas as pessoas se sentissem parte, sentissem que contavam. E este sonho estou a concretizar com os meus camaradas”, afirmou.

E juntou: “No Portugal que queremos construir, que temos construído e queremos continuar a construir, é um Portugal onde todos têm lugar, onde ninguém é esquecido, onde ninguém é invisível, onde ninguém fica para depois”.

“Não nos resignamos. Não queremos um país a arrastar os pés. Queremos um país que decida, que faça, que faça acontecer”, reforçou.

(Lusa)

Mensagem de unidade: “aproveitar a experiência” de Costa e integrar o rival Carneiro

O longo discurso foi marcado por várias referências a António Costa, a quem demonstrou um “profundo agradecimento” pelos nove anos à frente do partido. “Tenho muito orgulho de ter estado com ele desde a primeira hora”, disse.

“Não aproveitar a experiência, a inteligência, a sagacidade de António Costa seria tonto da minha parte. Não farei esse erro. Vou aproveitar”, garantiu, lembrando que esteve com o atual secretário-geral do “desde a primeira hora.

E concluiu: “Contamos sempre com ele e ele vai contar connosco”.

Com quem Pedro Nuno Santos também conta é com José Luís Carneiro, candidato derrotado com 36% dos votos. O vencedor considera que tanto Carneiro como Daniel Adrião são “camaradas que foram circunstancialmente meus adversários”.

“Contamos obviamente com eles para trabalharmos a unidade que sempre caracterizou o PS”, resumiu. E juntou: “trataremos de encontrar espaço para poderem participar no PS e neste projeto que é Portugal Inteiro”.

Questionado sobre a possível integração de Carneiro num futuro governo, garantiu que ainda não é o momento de fazer esse tipo de anúncios. “Pensaremos nos melhores para constituírem esse governo”, disse.

(Lusa)

Promessas nas pensões e salários. Farpas ao PSD no SNS, dívida e aeroporto

Pedro Nuno Santos aproveitou para lembrar os feitos do governo a que pertenceu, como a criação de emprego ou a subida do salário mínimo nacional. Admitiu, contudo, que “não está tudo bem”. “

“Há ainda muito trabalho para fazer em Portugal. Nós somos os primeiros a olhar para o país, perceber o que ainda não está bem e o que é preciso fazer. Somos um partido ambicioso, que não se resigna perante as dificuldades e que tem consciência dos problemas e das dificuldades que ainda se vive em Portugal”, afirmou.

Recordando o lema da candidatura, “Portugal Inteiro”, falou para idosos, jovens, empresários, mulheres e fez a defesa do estado social.

Sobre as pensões, argumentou que “um líder do PS não tem de prometer fazer uma coisa diferente do que o PS fez”. “Um líder do PS quando se apresenta perante os pensionistas só precisa de dizer que quer continuar o trabalho que tem sido feito”, resumiu.

O vencedor das diretas do PS definiu a subida dos salários como “uma das nossas grandes lutas”, dizendo ser algo “justo” e um “direito”.

(Lusa)

Já sobre o Serviço Nacional de Saúde, fez questão de vincar as diferenças face ao PSD. “Não está tudo bem com o SNS. Mas a nossa solução não é desistir dele, privatizá-lo ou, como dizem alguns, complementá-lo com o privado. Nós queremos mesmo salvar o nosso SNS”, defendeu-

Farpa ao PSD também no objetivo de manter as contas certas e reduzir a dívida pública: “Não estivemos a cortar salários nem pensões, nem a reduzir a despesa social do estado, em nome da dívida pública” e a “riqueza nacional aumentou com o PS a governar. A nossa estratégia é diferente da deles”.

Outra acusação foi em relação ao novo aeroporto de Lisboa, que não surgiu de forma direta: “Nós não inventamos grupos de trabalho em cima e comissões, nós decidimos”.

Sobre a TAP, e a polémica indemnização a Alexandra Reis que ditou a sua demissão, optou por lembrar o trabalho feito na empresa: “O trabalho na TAP não foi uma indemnização. Foi salvar uma empresa que se não tivesse sido intervencionada estava fechada, e que hoje está a dar lucro”.

(Lusa)

 

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