E ao primeiro dia do novo Parlamento está aí a primeira polémica. Motivo: eleição do presidente e vice-presidentes do Parlamento
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, considera que "a grande notícia do dia" é que, afinal, "existe uma maioria de direita que se entende", assumindo que o Chega e o PSD fizeram um acordo para elegerem o presidente da Assembleia da República (AR) proposto pelos sociais-democratas (José Pedro Aguiar-Branco) e o vice-presidente proposto por André Ventura (Diogo Pacheco de Amorim).
"Como toda a gente já percebeu, há um acordo na direita entre o Chega e o PSD. Não se preocupem com o voto do PS [em José Aguiar-Branco e Diogo Pacheco de Amorim] porque a eleição do presidente está assegurada entre o Chega e o PSD", disse em declarações aos jornalistas.
Pedro Nuno Santos assinala mesmo que esta é "a grande notícia do dia": "É que, depois de tanta separação e distanciamento, na primeira necessidade o PSD e o Chega entenderam-se".
Escusando-se a adiantar a posição dos socialistas sobre os candidatos propostos pelo PSD e pelo Chega, Pedro Nuno Santos insiste que o que ficou claro é que "a maioria de direita no parlamento de facto existe quando é necessário".
"Não vale a pena estarmos a fazer de conta que não existe uma maioria de direita que se entende. Há uma maioria de direita que se entende e elegeram um presidente [da AR] legitimamente", assume, acrescentando que, tal como já tinha antecipado após a divulgação dos resultados das legislativas de 10 de março, "há uma viragem à direita clara" no parlamento, apesar de ter sido sempre "negada pelo PSD". Depois destas declarações, soube-se que o PS vai votar em branco na votação para a eleição de Aguiar-Branco (o BE anunciou voto contra).
O secretário-geral do PS junta-se assim às vozes da esquerda, como as do Bloco de Esquerda, PAN e Livre, que assumem que há um acordo entre PSD e Chega para fazerem eleger os candidatos propostos por ambos. A coordenadora do BE já revelou que os deputados bloquistas vão votar contra os dois nomes. "José Pedro Aguiar-Branco surge de um acordo entre o PSD e o Chega. Não votaremos a favor do acordo entre o PSD e o Chega, nem para presidente da Assembleia da República, nem para a vice-presidência", indicou aos jornalistas.
André Ventura anunciou esta manhã que vai propor Diogo Pacheco de Amorim como candidato à vice-presidência da Assembleia da República, justificando a escolha com "a experiência política" do deputado, mas também como "um ajuste de contas com o início da última legislatura, quando a Assembleia da República se juntou para boicotar um nome proposto pelo Chega".
Antes de se saber o nome proposto pelo Chega, o ainda líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, disse ter dado indicação aos 78 deputados do PSD para que "votassem favoravelmente os quatro vice-presidentes" propostos pelos quatro partidos mais votados, inclusive do Chega.
"Não é uma questão de consenso (...). O entendimento do PSD, mesmo na legislatura anterior, é de que os quatro maiores partidos devem ter um vice-presidente, o PSD, o PS, o Chega e IL. A indicação que eu dei aos 78 deputados do PSD é que votassem favoravelmente os quatro vice-presidentes que vão a votos", confirmou Joaquim Miranda Sarmento, em declarações à CNN Portugal.
Na segunda-feira, André Ventura anunciou que o PSD vai viabilizar os candidatos propostos pelo Chega para a Mesa do Parlamento e indicou que, “no seguimento desta informação”, iria transmitir aos seus deputados que apoiem também os nomes dos sociais-democratas, inclusive para o cargo de presidente da AR, que se soube hoje que é José Aguiar-Branco.