Pedro Nuno e Carneiro chegam a acordo para listas de unidade no PS

Agência Lusa , AG
2 jan, 15:16
José Luís Carneiro e Pedro Nuno Santos

Nas listas para a Comissão Nacional do PS, o órgão máximo partidário entre congressos, José Luís Carneiro terá direito a indicar 35% da totalidade dos lugares, e o mesmo princípio vai estender-se à Comissão Política

O novo líder do PS, Pedro Nuno Santos, chegou a um acordo com José Luís Carneiro, o candidato que derrotou na corrida ao cargo de secretário-geral, para fazerem listas de unidade para as comissões Nacional e Política.

Este acordo para listas únicas foi fechado na sexta-feira, tal como o jornal Público avançou, e foi confirmado à agência Lusa por elementos da equipa do atual ministro da Administração Interna e do núcleo político do novo secretário-geral do PS.

Nas listas para a Comissão Nacional do PS, o órgão máximo partidário entre congressos, José Luís Carneiro terá direito a indicar 35% da totalidade dos lugares, e o mesmo princípio vai estender-se à Comissão Política.

Por outro lado, o acordo tem também uma dimensão política programática. José Luís Carneiro vai indicar o coordenador da sua moção de orientação política, o secretário de Estado da Presidência, André Moz Caldas, para se articular com a ex-ministra Alexandra Leitão, que coordenou a moção de Pedro Nuno Santos, na elaboração do programa que o PS apresentará para as eleições legislativas antecipadas de 10 de março.

No plano político, logo na noite de 16 de dezembro em que Pedro Nuno Santos foi eleito secretário-geral do PS, tanto o novo líder, como o candidato derrotado, fizeram discursos com notas de abertura para uma unidade interna.

Pedro Nuno Santos afirmou que contava com José Luís Carneiro, assim como com a participação do ex-secretário-geral, António Costa, na campanha para as eleições legislativas. Por sua vez, José Luís Carneiro, no discurso em que assumiu a derrota nas eleições internas do PS, acentuou que “estava disponível para a unidade, com respeito pela pluralidade interna”.

“Cabe à nova liderança construir essa unidade”, acrescentou nesse discurso que proferiu na noite de 16 de dezembro.

Ainda no que respeita ao calendário para a eleição dos futuros órgãos nacionais do PS, ao contrário do que tem sido habitual, desta vez, Pedro Nuno Santos considera vantajoso que a Comissão Política Nacional, o órgão de direção alargada, seja eleita já no próximo domingo, no encerramento do congresso, imediatamente após a eleição e constituição da Comissão Nacional.

Assim, para a primeira reunião da Comissão Nacional do PS após o congresso deste fim de semana, ficarão as eleições dos órgãos de direção restrita: O Secretariado Nacional e a Comissão Permanente. Em relação a estes órgãos, desconhece-se se Pedro Nuno Santos optará por convidar elementos que apoiaram José Luís Carneiro.

No passado dia 16, nas eleições diretas para a liderança deste partido, Pedro Nuno Santos foi eleito secretário-geral do PS, com 24.080 votos, correspondentes a 62%. José Luís Carneiro foi o segundo mais votado, com 14.868 votos, correspondentes a 36%, e Daniel Adrião ficou em terceiro lugar, com 382 votos, 1%.

A candidatura de Pedro Nuno Santos elegeu também a maioria dos delegados ao Congresso do PS, 909, seguindo-se a de José Luís Carneiro, que elegeu 407, enquanto a de Daniel Adrião elegeu cinco delegados, de acordo com o presidente da COC, que referiu que estes são resultados provisórios.

Nas negociações entre Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro, a equipa do atual líder, num momento inicial, apenas pretendeu atribuir à linha do ministro da Administração Interna cerca de 31% do total de membros nas comissões Nacional e Política do PS, partindo da ideia de que será este o peso que os delegados afetos a Carneiro irão ter no congresso deste fim de semana na Feira Internacional de Lisboa (FIL).

A candidatura de José Luís Carneiro, pelo contrário, contrapôs que a votação no atual ministro chegou quase aos 37% e que, habitualmente, nos congressos, as listas das minorias conseguem subir em relação ao seu peso em termos de delegados nas votações para a Comissão Nacional.

O acordo entre Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro acabou por fechar nos 35%.

O PS tem aproximadamente 80 mil filiados, dos quais cerca de 60 mil tiveram direito a votar nestas eleições diretas, por estarem inscritos há pelo menos seis meses e com quotas em dia. Votaram nas últimas eleições diretas e para a escolha de delegados ao congresso cerca de 40 mil.

Este processo eleitoral no PS foi aberto com a demissão de António Costa das funções de primeiro-ministro, em 07 de novembro, após ter sido tornado público que era alvo de um inquérito judicial instaurado pelo Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça a partir da Operação Influencer.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aceitou de imediato a demissão do primeiro-ministro e decidiu dissolver o parlamento e marcou eleições legislativas antecipadas para 10 de março.

António Costa foi pela primeira vez eleito secretário-geral do PS em 22 de novembro de 2014, dois meses depois de ter vencido as primárias para candidato do partido ao cargo de primeiro-ministro, abertas a não militantes, que disputou com o então líder António José Seguro, em setembro desse ano. É primeiro-ministro desde 26 de novembro de 2015.

Além do novo líder do partido, os militantes socialistas votaram para eleger 1.400 delegados ao Congresso Nacional do PS, que se reunirá entre 5 e 7 de janeiro, na Feira Internacional de Lisboa – aos quais aos se juntam 1.100 delegados por inerência.

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