"Lembrem-se do Brexit": Paulo Portas adverte para os riscos de uma "geringonça 2.0" e dos "populistas" (sem nunca nomear o Chega)

21 jan, 14:18

O ex-governante defende que a AD é a única opção viável para formar governo, advertindo que um eventual governo de uma "geringonça 2.0" seria o executivo "mais radicalizado desde 1976". Paulo Portas alertou também para os riscos do populismo, salientando que "problemas complexos não se resolvem com 142 caracteres"

Paulo Portas subiu este domingo ao púlpito da Convenção da Aliança Democrática (AD) com uma missão: "tentar ordenar ideias para ajudar a ordenar as escolhas", explicou. O ex-vice-primeiro-ministro quis explicar aos eleitores que ainda estão indecisos "o que está em causa" nestas eleições legislativas que, sublinha, só foram antecipadas devido ao pedido de demissão de António Costa.

"Ou a Aliança Democrática ganha e faz um governo de mudança, ou o que teremos não é uma repetição do PS, mas sim da geringonça, com um primeiro-ministro inexperiente, mais esquerdista, e com o Bloco e o Partido Comunista sentados no Conselho de Ministros”, expõe, sublinhando que esse seria "o governo mais radicalizado desde 1976".

Ora, para Paulo Portas, esta "geringonça 2.0" - como a designou repetidas vezes ao longo do discurso - teria repercussões para Portugal, desde longo ao nível diplomático e das relações internacionais, sobretudo agora que o mundo se confronta com vários conflitos em curso: "Uma geringonça 2.0 incluiria parceiros no Conselho de Ministros que estão em rota de colisão com as alianças estáveis de Portugal no plano internacional e isso geraria inevitavelmente desconfiança."

Também do ponto de vista económico, a "geringonça 2.0" geraria "menos confiança, menos investimento e, portanto, menor crescimento" de Portugal em comparação com um governo da AD, que, diz, "gera mais confiança económica.

O ex-governante pede aos eleitores que reflitam se Portugal "está melhor ou pior do que há dois anos", quando o PS ficou com maioria absoluta no parlamento. Para Paulo Portas, a conclusão é óbvia: "Está pior a saúde, a educação, a habitação, a carga fiscal, está pior a relação entre o aumento da carga fiscal e a deterioração dos serviços públicos, está pior a segurança e sacrificadas as forças de segurança, a quem devemos o respeito pela ordem, está pior a execução dos fundos", enumera.

Resumindo, "na maioria dos critérios de avaliação, é evidente que Portugal ficou pior comparando com o início da maioria absoluta do PS", conclui. "Parece-me evidente que (...) a única opção racional é um voto de castigo ao PS", sugere.

Paulo Portas e Luís Montenegro na convenção da Aliança Democrática (António Pedro Santos/Lusa)

Paulo Portas centra depois o discurso em Pedro Nuno Santos, enumerando as várias ocasiões em que o agora secretário-geral do PS "se desembaraça das suas responsabilidades", apontando como exemplo quando o ex-ministro das Infraestruturas disse não saber que "a nacionalização da TAP colocaria o risco todo do lado do Estado, ou seja, do contribuinte", ou quando disse desconhecer "as condições de indemnização à gestora da TAP".

"E outra coisa de que também não se lembra: quem colocou no memorando a privatização da TAP e dos CTT foi um governo do PS", sublinha.

Ora, "um político que revela tanta leviandade política e tanta amnésia, não é o mais qualificado para chefiar o governo de Portugal", argumenta Paulo Portas.

Sem nunca mencionar o Chega, o ex-governante deixa uma "sugestão" aos eleitores que pensem em ceder às "tentações populistas": "Meditem não nas opiniões mas nos factos que já aconteceram onde esse tipo de populismos chegou ao ponto de assumir responsabilidades. Lembrem-se do Brexit. Foram os populistas que levaram à decisão de que os britânicos estão hoje arrependidos e que fez o Reino Unido perder investimento, exportações, acordos comerciais e perder milhares de europeus do continente que trabalhavam nos seus serviços públicos. Tomem cuidado. Problemas complexos não se resolvem com 142 caracteres."

Finalmente, Paulo Portas dirige a palavra a Luís Montenegro e Nuno Melo, as figuras da Aliança Democrática, a par com Gonçalo da Câmara Pereira, do PPM. "Ponham na agenda quatro discussões: a nossa demografia, a nossa produtividade, a nossa inovação e a nossa poupança."

"Sem mudarmos com muita competência a nossa balança demográfica teremos um problema nos nossos sistemas sociais. O aumento da nossa produtividade é a condição para se poder fazer um aumento de rendimentos constante. Portugal foi ultrapassado não por poucos países da Europa em matéria de nível de pesquisa e desenvolvimento no seu PIB. Finalmente, a poupança: sem poupança não há investimento”.

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