"A justiça falou e decidiu afirmar a minha inocência". Presidente da Câmara de Sines reage após ser libertado

14 nov 2023, 16:01

Nuno Mascarenhas foi libertado esta segunda-feira, após ter sido descartado o crime de corrupção pelo juiz de instrução.

O presidente da Câmara Municipal de Sines falou, esta terça-feira, após ter sido libertado na sequência da Operação Influencer, depois de o juiz de instrução ter considerado que não está em causa o crime de corrupção, um dos que era imputado a Nuno Mascarenhas.

O autarca, que foi detido há uma semana, começou por agradecer à população, nomeadamente aos seus eleitores e “a todos aqueles que ao longo dos últimos dias viveram com intensidade estes acontecimentos e demonstraram a sua solidariedade”.  

"Estes foram dias muito difíceis, marcantes e com impacto na minha vida pessoal e familiar", afirmou, defendendo que o seu papel "foi e só podia ser o de colaborar com a justiça" e que, por isso mesmo, terá prestado "todos os esclarecimentos que foram solicitados".

O autarca garantiu estar inocente e afirmou que lidou com toda a situação "com a seriedade possível", acrescentando estar convicto de que sempre pautou a sua conduta de presidente da Câmara Municipal de Sines "na prossecução do interesse público, inerente ao exercício das funções" para as quais foi eleito. 

"A verdade, em bom rigor, é que a justiça falou e decidiu, nesta fase, afirmar a minha inocência", declarou. "Uma vez que o processo continua a decorrer, nada mais posso acrescentar sobre o mesmo, cumprindo a obrigatoriedade de reserva". 

Salientou ainda que, embora seja tentador defender-se publicamente "de alguns comentários menos apropriados e desconhecedores da realidade", não o fará neste momento, nem naquela sede. 

"Irei aguardar com serenidade e com tranquilidade pelo desfecho do processo, confiante de que a justiça irá prevalecer", conclui, agradecendo aos funcionários da Câmara Municipal de Sines, aos colegas do executivo e à sua família.

A Operação Influencer, que se tornou pública na passada terça-feira pelo Ministério Público (MP), envolveu 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas, uma delas o autarca de Sines.

Os outros foram o agora ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro Vítor Escária, o consultor Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa, e os administradores da empresa Start Campus Afonso Salema e Rui Oliveira Neves.

Os cinco detidos acabaram por sair em liberdade na segunda-feira, por decisão do Tribunal Central de Instrução Criminal, que aplicou somente uma caução de 150 mil euros e a proibição de sair do país a Diogo Lacerda Machado, tendo esta última medida de coação sido igualmente imposta a Vítor Escária.

Por sua vez, o autarca de Sines e os dois administradores da Start Campus, empresa construtora de um centro de dados naquela cidade do litoral alentejano, ficaram somente com termo de identidade e residência.

No total, há nove arguidos no processo, incluindo o agora ex-ministro das Infraestruturas João Galamba; o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta; o advogado, antigo secretário de Estado da Justiça e ex-porta-voz do PS João Tiago Silveira; e a empresa Start Campus (que foi sujeita a uma caução de 600 mil euros).

O primeiro-ministro, António Costa, é alvo de um inquérito no MP junto do Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos no processo que investiga tráfico de influências no negócio de um centro de dados em Sines (entre outros negócios) terem invocado o seu nome como tendo tido intervindo para desbloquear procedimentos.

O MP considera que houve intervenção do primeiro-ministro na aprovação de um diploma favorável aos interesses da empresa Start Campus, responsável pelo centro de dados, de acordo com a indiciação. No dia da demissão, Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável”.

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