A honestidade de Manchester City e Liverpool

11 abr 2022, 10:58
Manchester City-Liverpool (ANDREW YATES/EPA)

O melhor que o futebol nos pode oferecer

Estive em incontáveis jogos de futebol. Estive em jogos de terceiro escalão, de seleções de sub-17, sub-18 e todos os sub que existem. Estive em jogos de II Liga, Taça de Portugal, Taça da Liga, Supertaças, uma final de Liga Europa e finais de Champions. E na primeira final feminina no Jamor. Também estive no primeiríssimo jogo de um Mundial, um extraordinário Timor Leste-Mongólia, aí apenas para ver e não reportar.

Fui incontáveis vezes com a esperança de ver grandes jogos de futebol, jogos que entretivessem, jogos que fizessem as pessoas mexer nas cadeiras ou gritar de admiração para o televisor. Mas como qualquer jornalista que cobre Desporto sabe, fui incontáveis vezes desiludido e desapontado. Até mesmo quando o cartaz era grande. Clássicos, dérbis, finais de competições. São incontáveis as vezes em que os nomes prometem muito e não entregam grande coisa, para não dizer praticamente nada.

É por isso que o Manchester City-Liverpool merece todos os elogios. Questionavam em Inglaterra se este era o maior jogo de sempre na Premier League. Aceita-se a ideia e a discussão. Afinal, estamos a falar de duas das três/quatro melhores equipas mundiais, com os dois melhores treinadores do planeta (aqui é mesmo a minha opinião), dos mais influentes na História, a lutar taco a taco pelo mais fantástico campeonato de futebol.

É óbvio que muitos podem lembrar que a Premier League já teve José Mourinho, Arsène Wenger e Alex Ferguson no seu prime, ao mesmo tempo, mas nem é isso que vale a pena discutir. O que vale mesmo a pena é olhar para a honestidade do Manchester City-Liverpool deste domingo.

Pep Guardiola e Jürgen Klopp, Manchester City e Liverpool, foram o mais honestos possível com jogadores, adeptos dos clubes e adeptos neutros. Não se desfiguraram por, apenas, estarem a jogar um contra o outro, não inventaram “truques” para tentar ganhar um jogo a não ser aqueles que Salah, De Bruyne e outros craques que eles por lá têm estão habituados: jogar futebol como poucos no mundo fazem.

No fundo, City e Liverpool tentaram competir um contra o outro pelas ideias que tentam sempre competir quando defrontam outras equipas.  Essa cultura, essa ideia, trouxe para cima do relvado uma honestidade que poucas vezes se vê. Não houve jogadores com queixas demoradas, não houve quem tentasse enganar ou, usando as palavras pela positiva, houve competição séria de tentar ser melhor do que o outro e não ser, simplesmente… mais esperto.

Olhando ao que estava em jogo, a quem são na Premier League, este Manchester City-Liverpool foi tudo aquilo que o FC Porto-Sporting do campeonato idealmente devia ter sido [com as devidas diferenças futebolísticas associadas], como deviam ter sido outros clássicos e dérbis nacionais.

Vem aí outro neste domingo. E mais uma vez, parte-se expectante. O Manchester City-Liverpool cumpriu com tudo o que o cartaz anunciava. Incontáveis vezes não foi assim, esperemos que domingo não seja uma dessas.

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