«Quim dá muita confiança a esta equipa»

21 fev 2001, 21:30

A Sombra de Baía

- Como é construir uma selecção sem Vítor Baía?

- É aquilo que temos feito, infelizmente por um lado, felizmente por outro. O Vítor Baía é um dos melhores guarda-redes portugueses de sempre, e estando bem é o guarda-redes da Selecção. Num dado momento, face à sua ausência, houve ali algum receio - não meu, porque eu conheço bem os jogadores - alguma dúvida na família. Mas essa fase ultrapassou-se a partir do momento em que o Pedro Espinha, primeiro, e essencialmente o Quim, agarraram o lugar dando grande confiança à equipa. Mais do que ao treinador, a confiança deve ser transmitida aos jogadores. E entre eles há códigos, sinaléticas, formas de comunicação que nos mostram estar assente essa confiança. Isto independentemente de eu desejar que o Vítor recupere rapidamente porque, sem tirar mérito aos bons guarda-redes existentes em Portugal, é um Figo ou um Rui Costa no seu posto específico. 

- Se, num cenário que ninguém deseja, não for possível contar com Vítor Baía durante um largo período de tempo, vê em Quim um guarda-redes para lhe assegurar toda a campanha do Mundial?

- Em absoluto. Isso está mais do que confirmado. 

- Para além de Quim, não há muitos outros guarda-redes com perfil de selecção na I Liga...

- Há três ou quatro opções. O Pedro Espinha é um excelente guarda-redes, o Ricardo, do Boavista, é outro. O Nélson, do Sporting, também. Agora, todos eles precisam de jogar. 

- Desses três, só um está a jogar regularmente...

- Sim, mas os outros podem jogar em qualquer circunstância, já o mostraram. O Pedro, por exemplo, é um excelente profissional, tem um carácter fabuloso que todos nós adoramos e, em relação aos outros, tem um extra de maturidade que já não permite alimentar dúvidas. 

- Referiu há pouco um défice de esquerdinos. Na sua primeira passagem como seleccionador solucionou-a quase sempre com o recurso a Folha. Neste caso, tem optado pela adaptação alternada de Figo e Sérgio Conceição. Está à procura de uma solução mais permanente?

- A aposta no Folha tinha a ver com o equilíbrio da equipa. Actualmente, temos dois ou três jogadores extremamente talentosos que, mesmo sendo adaptados, conseguem sempre acrescentar-nos qualquer coisa. Se não houvesse essa versatilidade, de entre o Figo, o Sérgio, o Capucho e o Simão haveria dois que não estavam a fazer nada na Selecção. Felizmente não é o caso, porque posso contar com eles também para a esquerda. Soluções permanentes? Temos vários elementos que podem vir a desempenhar esse papel, mas penso que ainda não é o momento de jogarem na selecção principal, até porque esta não tem lugares em leilão. 

- Está a pensar em Luís Boa Morte?

- O Boa Morte... o Dani, que parece estar a retomar a sua carreira. São três ou quatro opções que poderemos lançar noutra altura. Para já, não me parece ser o momento certo. Até pode ser já na próxima convocatória, quem sabe... 

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