Morreu aos 88 anos o maestro Seiji Ozawa

Agência Lusa , MJC
9 fev, 23:29
O maestro Seiji Ozawa (Arquivo AP)

nternacionalmente aclamado, Seiji Ozawa, que tinha como imagem de marca o seu cabelo grisalho, liderou a Orquestra Sinfónica de Boston de 1973 a 2002, mais tempo do que qualquer outro maestro na história da orquestra

O maestro japonês Seiji Ozawa, que surpreendeu o público com a fisicalidade ágil das suas apresentações durante três décadas à frente da Orquestra Sinfónica de Boston, morreu aos 88 anos, informou a sua agência. Segundo avança a Associated Press (AP), o maestro morreu de insuficiência cardíaca, na terça-feira, na sua casa em Tóquio, de acordo com a sua agência, Veroza Japan.

Internacionalmente aclamado, Seiji Ozawa, que tinha como imagem de marca o seu cabelo grisalho, liderou a Orquestra Sinfónica de Boston de 1973 a 2002, mais tempo do que qualquer outro maestro na história da orquestra. De 2002 a 2010, Ozawa foi diretor musical da Ópera Estatal de Viena.

O maestro permaneceu ativo nos últimos anos, principalmente na sua terra natal, tendo sido diretor artístico e fundador do Festival Seiji Ozawa Matsumoto, um certame de música e ópera, no Japão.

Juntamente com a Orquestra Saito Kinen, da qual foi cofundador em 1984, ganhou o Grammy de melhor gravação de ópera em 2016 por ‘L’Enfant et Les Sortileges’ (A Criança e os Feitiços), de Ravel.

Em 2022, conduziu o Festival Seiji Ozawa Matsumoto pela primeira vez em três anos para marcar o seu 30.º aniversário, naquela que acabou por ser a sua última apresentação pública.

Ozawa nasceu em 1 de setembro de 1935, filho de pais japoneses na Manchúria, China, enquanto estava sob ocupação japonesa. Depois de a sua família ter regressado ao Japão, em 1944, Ozawa estudou música com Hideo Saito, violoncelista e maestro responsável pela popularização da música ocidental no Japão.

Ozawa chegou aos Estados Unidos pela primeira vez em 1960 e foi rapidamente aclamado pela crítica como um jovem talento brilhante. Ele dirigiu vários conjuntos, incluindo a Orquestra de São Francisco e a Orquestra Sinfónica de Toronto, antes de iniciar funções em Boston em 1970.

Ozawa ganhou dois prémios Emmy por trabalho na televisão com a Orquestra Sinfónica de Boston, o primeiro em 1976 pela série “Evening at Symphony” e o segundo em 1994, por Realização Individual em Programação Cultural, por “Dvorak in Prague: A Celebration”.

O maestro recebeu doutoramentos honorários em Música pela Universidade de Massachusetts, pelo Conservatório de Música de Nova Inglaterra e pelo Wheaton College em Norton, Massachusetts.

Foi um dos cinco homenageados na cerimónia anual Kennedy Center Honors, em 2015, por contribuir para a cultura americana através das artes. Anos depois, a sua saúde deteriorou-se e cancelou algumas apresentações em 2015 e 2016.

Mensagens de condolências chegaram de todo o mundo, incluindo das orquestras de Viena e Berlim, músicos e residentes de Matsumoto. “A Orquestra Sinfónica de Boston lembra o Maestro Ozawa não apenas como um maestro lendário, mas também como um mentor apaixonado para futuras gerações de músicos, oferecendo generosamente o seu tempo para educação e master classes”, afirmou a orquestra, em comunicado.

O maestro japonês Yutaka Sado, que estudou com Ozawa e Leonard Bernstein e agora atua como diretor musical da New Japan Philharmonic, com sede em Tóquio, fundada por Ozawa, disse à televisão pública NHK que Ozawa foi quem o inspirou a ser maestro. “Continuei a seguir as suas pisadas, mas nunca consegui alcançá-lo, por mais que tentasse”, apontou.

A agência de Ozawa disse que o seu funeral contou com a presença apenas de familiares próximos, respeitando o pedido da família para uma despedida tranquila.

Música

Mais Música

Patrocinados