O desaparecimento de Nicola Bulley, no Reino Unido, está a deixar as autoridades "confusas". Peter Faulding, chefe da equipa de especialistas forenses que está a realizar as buscas subaquáticas, disse que tudo apontava para que Nicola tivesse caído no rio, mas o caso parece ser mais complexo
O caso de Nicola Bulley continua a intrigar o Reino Unido, bem como aqueles que têm participado nas investigações e nas operações de busca. Há quem já leve anos nesta área e nunca tenha visto um caso assim. Esta mulher, de 45 anos, saiu de casa de manhã para ir passear o cão e está desaparecida desde 27 de janeiro. As buscas estão a ser feitas desde então e, no entanto, pouco ou nada de novo se apurou.
Sabe-se que é consultora de crédito, casada e mãe de duas filhas, uma de seis e outra de nove anos. Bulley estava ligada numa videochamada de trabalho, enquanto passeava o cão num campo junto ao rio Wyre, na localidade de St. Michael's on Wyre, Lancashire. Entretanto, as autoridades já fizeram uma cronologia de todos os passos conhecidos até ao desaparecimento:
08:47 - Bulley foi vista a passear o cão junto ao rio;
08:53 - Enviou em e-mail ao chefe a partir do telemóvel;
09:01 - Ligou-se numa chamada de trabalho de Teams, com câmara e microfone desligados;
09:10 - Voltou a ser vista com o cão, Willow - um springer spaniel de faro apurado;
09:20 - O telefone de Bulley foi pousado num banco no trilho junto ao rio onde se deslocava e permaneceu ligado na chamada de trabalho;
09:30 - Terminou a chamada;
09:35 - O telemóvel foi encontrado no banco e, junto dele, o cão de Bulley, sem trela, que foi posteriormente encontrada nas imediações. O animal não estava molhado e correu entre o banco e um portão próximo, no campo onde passeava com Bulley.
Peter Faulding, chefe da equipa de especialistas forenses que está a realizar as buscas subaquáticas, revelou que um outro trecho perto da zona onde Bulley desapareceu está a ser examinado. Com 25 anos de experiência, Peter disse à BBC que nunca tinha lidado com um caso "tão incomum".
"Normalmente, quando lidamos com vítimas de afogamento, elas estão onde se afundam. Eu esperava encontrar a Nicola dentro de água, em frente ao banco onde ela caiu. Ela não se teria movido, apenas dois ou três pés [cerca de 0,91m]. Isto é tudo muito estranho. Faço isto há mais de 20 anos, trabalhei em centenas de casos, e nunca vi nada tão incomum."
O especialista explicou que, uma vez que as buscas começaram logo no dia em que Nicola foi dada como desaparecida, seria de esperar que "os mergulhadores da polícia a tivessem encontrado naquele mesmo dia, se ela tivesse caído naquele ponto". Peter Faulding admitiu que o caso tem sido "desconcertante" e que a polícia "está confusa".
As equipas de busca e salvamento continuam a explorar várias hipóteses, mas estão concentradas na chamada "área-chave", ou seja, perto do banco onde o telemóvel foi encontrado. As buscas subaquáticas têm percorrido diariamente cerca de quatro milhas (perto de 6,5 kms).
No entanto, existe de facto a hipótese de Nicola Bulley não ter caído dentro de água, até porque o seu cão não estava molhado e, dizem as autoridades, o mais lógico seria que o animal tivesse corrido para dentro da água atrás na dona. Em vez disso, correu entre o banco e um portão próximo.
As autoridades garantem ter falado "com inúmeras testemunhas", analisaram o smartwatch e o telemóvel de Bulley, revistaram uma casa abandonada localizada do outro lado do rio, "bem como quaisquer caravanas vazias nas proximidades".
A polícia de Lancashire acredita que esta mulher desapareceu numa "janela de dez minutos", desde a última vez que foi vista, às 09:10 daquela sexta-feira, até às 09:20, hora a que a polícia crê, pelos dados registados, que o telefone da mulher foi colocado no banco junto ao rio. Uma vez que o terreno lhe era familiar, as autoridades não acreditam que possa ter-se perdido ou desorientado.
Para além disso, através de imagens de vigilância do parque, perceberam que Bulley não saiu do campo por nenhuma das vias possíveis durante os "momentos-chave".
Em comunicado, a polícia pediu informações a condutores e ciclistas que tenham passado na Garstang Road, imagens que possam ter recolhido e continuam a compilar imagens de vigilância e até de vídeoporteiros das casas na zona para analisar e procurar o rasto de Nicola Bulley. Todos os esforços estão no caminho feito junto ao rio.
Desde o dia 27 de janeiro que participam nesta operação equipas de busca e salvamento, auxiliadas por especialistas forenses, cães pisteiros, bombeiros, polícia, equipas de resgate marítimo e de montanha, mergulhadores, drones e helicópteros.