O que aconteceu a Nicola Bulley? Uma mãe que foi passear o cão desapareceu do nada e o mistério continua

6 fev 2023, 11:56
Nicola Bulley desapareceu a 29 de janeiro enquanto passeava o cão (Foto: Polícia de Lancashire)

Nicola Bulley passeava o cão junto ao rio, ligada a uma chamada de trabalho no telemóvel, quando desapareceu. Polícia investiga todos os cenários mas acredita que terá caído no rio. Família e amigos pedem travão às teorias da conspiração online

Poucos britânicos devem desconhecer, por esta altura, o nome de Nicola Bulley: a mulher de 45 anos está desaparecida desde o dia 27 de janeiro e as operações de busca decorrem desde essa altura, mas pouco ou nada se sabe sobre o paradeiro de Bulley, consultora de crédito, casada e mãe de duas filhas, uma de seis e outra de nove anos.

O caso está a atrair atenções no Reino Unido, sobretudo pela falta de respostas: Bulley desapareceu de manhã, depois de levar as filhas à escola, enquanto passeava o cão junto ao rio Wyre, na localidade de St. Michael's on Wyre, Lancashire, e estava ligada numa videochamada de trabalho. 

"É como se ela tivesse desaparecido no ar", disse o marido, Paul Ansell, à BBC. "É de loucos", acrescentou, admitindo que cada cenário colocado pelas autoridades para o desaparecimento da mulher tem desembocado, invariavelmente, num beco sem saída. 

As autoridades divulgaram entretanto uma cronologia dos últimos passos conhecidos de Bulley: às 08:47 foi vista a passear o cão, junto ao rio, tendo enviado um e-mail ao chefe às 8:53. Às 09:01 ligou-se numa chamada de trabalho de Teams, com câmara e microfone desligados, e pelas 09:10 voltou a ser vista com o cão, Willow - um springer spaniel de faro apurado. A investigação indica que, pelas 09:20, o telefone de Bulley foi pousado num banco no trilho junto ao rio onde se deslocava e permaneceu ligado na chamada de trabalho, que terminou às 09:30. Pelas 09:35, o telemóvel foi encontrado no banco e, junto dele, o cão de Bulley, sem trela, que foi posteriormente encontrada nas imediações. O animal não estava molhado e correu entre o banco e um portão próximo, no campo onde passeava com Bulley.

A polícia já revelou que acredita que a consultora de crédito tenha caído no rio quando passeava o cão e, segundo a Sky News, uma empresa privada de mergulho está mesmo a auxiliar as autoridades nas buscas debaixo de água - a Specialista Group Internacional ofereceu os seus serviços de tecnologia de ponta sem custos. Mas o facto de o cão de Bulley não estar molhado - teria corrido atrás dela se entrasse na água - e ter chamado a atenção para um portão próximo está a levantar interrogações a quem acompanha o caso.

Crescem conspirações online

Na região britânica de Lancashire, as autoridades têm interrogado sobre o desaparecimento tantas pessoas quantas conseguem encontrar, garantem. Em comunicado, a polícia criticou mesmo a "especulação e abuso nas redes sociais": perante a falta de pistas e informações credíveis, a internet tem sido solo fértil de teorias da conspiração sobre o que aconteceu à britânica de 45 anos, crescendo rumores sobre a relação de Bulley com o marido ou outras questões familiares relacionadas com finanças. 

"A família e os amigos precisam que estas acusações parem imediatamente", escreveu no Facebook Tilly Ann, amiga da desaparecida. Heather Gibbons, outra amiga da família, admitiu em declarações à BBC que a especulação "faz parte da natureza humana", mas que muitas das teorias difundidas são "incrivelmente dolorosas" para os familiares.

A polícia acredita que Bulley desapareceu numa "janela de dez minutos", desde a última vez que foi vista, às 9:10 daquela sexta-feira, até às 09:20, hora a que a polícia crê, pelos dados registados, que o telefone da mulher foi colocado no banco junto ao rio. 

Há mais de uma semana que as equipas de buscas, auxiliadas por especialistas, cães pisteiros, bombeiros e equipas de resgate marítimo e de montanha, batem a zona em busca de Nicola. O terreno era-lhe familiar, pelo que as autoridades não acreditam que Bulley possa ter-se perdido ou desorientado. Na última atualização do caso, a polícia pediu mesmo informações a condutores que tenham eventualmente passado na zona, imagens que possam ter recolhido, e tem compilado vídeos de vigilância e até de vídeoporteiros das casas na zona para analisar e procurar um rasto de Nicola Bulley. Até ao momento, os agentes não acreditam que a consultora de crédito tenha saído da zona onde passeava o cão, que frequentava habitualmente. 

O marido, Paul Ansell, descreveu a situação como um "inferno perpétuo", falando aos jornalistas da casa da família na localidade de Inskip. "Estamos a viver isto mas não parece real. Tudo o que posso dizer é que precisamos de a encontrar. Ela tem duas meninas que precisam da mãe em casa", concluiu. 

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