Autoridades paquistanesas dizem que grande parte das pessoas que seguiam num barco que naufragou na Grécia era cidadã do Paquistão. Buscas prosseguem. Segundo as últimas estimativas, estariam no barco cerca de 750 pessoas, sendo que perto de 100 seriam crianças que estavam fechadas no porão
“É a maior tragédia” de sempre no Mar Mediterrâneo, mas ainda não se sabe ao certo a dimensão do naufrágio de um barco que trazia centenas de migrantes da Ásia. A classificação foi dada pela responsável europeia pelas migrações, Ylva Johansson, numa altura em que o Paquistão avançou com um número que ainda não foi confirmado por outras entidades.
Dizem as autoridades paquistanesas que mais de 300 cidadãos daquele país morreram na tragédia ocorrida ao largo da Grécia, mas os números oficiais da Europa ainda só identificaram 82 mortos. Ao todo, e segundo as últimas estimativas, estariam no barco cerca de 750 pessoas, sendo que perto de 100 seriam crianças, fechadas no porão.
“Os nossos pensamentos e orações estão convosco, e rezamos para que as almas que partiram encontrem a paz eterna”, afirmou o presidente do senado do Paquistão, Muhammad Sadiq Sanjrani, que falou num “incidente devastador” que volta a relevar a importância de se discutir a crise migratória.
A Guarda Costeira da Grécia continua à procura de sobreviventes no local, a sudoeste de Pylos. Nas operações participam uma fragata e três veleiros, sendo que 104 pessoas foram já resgatadas com vida.
Um caso que pode mesmo vir a transformar-se num incidente diplomático. É que o primeiro-ministro do Paquistão garantiu à nação que vai responsabilizar todas as pessoas responsáveis pela tragédia, o que pode envolver a Grécia, uma vez que existem vários relatos de que o barco terá naufragado depois de a Guarda Costeira grega o ter tentado rebocar para terra.
As autoridades gregas negaram esta versão, afirmando que a Guarda Costeira ofereceu ajuda, mas que essa oferta “foi recusada”, mesmo depois de ter sido atirada uma corda para o navio, na tentativa de o “estabilizar e verificar se precisavam de ajuda”.
Tarek Aldroobi, um homem que tinha três familiares no barco, contou à CNN Internacional que as autoridades gregas efetivamente atiraram as cordas, mas que as mesmas foram atadas nos “locais errados”, levando ao naufrágio.
“O barco deles estava em boas condições e a marinha grega tentou rebocá-lo para a praia, mas as cordas foram atadas nos locais errados”, afirmou, acrescentando que foi quando o navio grego tentou puxar o barco com os migrantes que este último acabou por virar.
O porta-voz do governo grego garantiu que a Guarda Costeira chegou duas horas antes do naufrágio, depois de ter sido relatada uma falha no motor. “O motor falhou às 01:40 e às 02:00 afundou, pelo que não existe conexão [entre a abordagem da Guarda Costeira e o naufrágio], acrescentou Ilias Siankanderis, em declarações à ERT.
Uma versão defendida pelo porta-voz da Guarda Costeira, que garantiu à CNN Internacional que as autoridades gregas nem sequer estavam perto do navio na altura em que este virou. “Como podíamos rebocá-lo?”, questionou.
Nikos Alexiou esclareceu que a Guarda Costeira apenas tentou estabilizar o navio com uma pequena corda, mas que isso aconteceu horas antes do naufrágio. “Infelizmente houve um movimento de pessoas, uma mudança de peso provavelmente causou o pânico e o navio virou. Assim que chegámos começámos a operação de salvamento para resgatar os que estavam na água”, concluiu.