Vários amigos e familiares celebravam por motivos diferentes quando um fogo mudou tudo de repente
São vários os testemunhos de familiares e amigos que estão a ser divulgados sobre a tragédia ocorrida em três discotecas de Murcia, Espanha, onde morreram 13 pessoas. Desde os dias de folga aos vários aniversários que foram celebrados nos espaços onde as chamas se propagaram, são muitas as histórias que vão surgindo.
Um dos relatos divulgados pelo jornal “El Mundo” chega através de Bryan Alexander, amigo de longa data de Jorge Bajiota e da sua esposa Rosa, casal que estava no segundo andar de uma das discotecas, acompanhado por outras duas pessoas. Os quatro amigos eram provenientes de Caravaca e decidiram ir até à discoteca La Fonda naquela noite.
Jorge, de 34 anos, trabalhava como operador de máquinas agrícolas e estava a aproveitar os seus dias de folga. “Olha, eu não trabalho até terça-feira”, dizia, num áudio enviado a um amigo no decorrer da festa antes de tudo se suceder.
A mãe de Jorge e o amigo Bryan Alexander foram até Murcia com o intuito de ajudar a encontrar os quatro amigos: “Trabalhamos juntos e estamos a fazer tudo o que é possível para ajudar a encontrá-los… ou identificá-los”, disse Bryan.
A rapariga que acompanhava Jorge conseguiu deixar uma mensagem aos pais por volta das 06:00, antes de o seu telemóvel se desligar: “Mamã, amo-a, vamos morrer”, disse. Foi o pai que divulgou o áudio da jovem de 28 anos à imprensa nas portas do Palácio Desportivo de Murcia, onde várias famílias se reuniam receosas.
Para além deste testemunho, o jornal ''El Mundo'' divulgou a aflição de uma família original da Nicarágua, que vivia no bairro El Carmen, naquela cidade. A família estava num camarote no primeiro andar da discoteca Teatre, que desabou, a comemorar o 30.º aniversário de Eric Hernandez. O primo do aniversariante, Walter, foi o único que conseguiu sair com vida, pois desceu até ao bar para pedir uma bebida: "O aniversariante, a mãe do aniversariante, que é a minha tia, o irmão do aniversariante, que também é meu primo, e a companheira do aniversariante. Tínhamos lá amigos do nosso país", contou. ‘’O fogo começou a ser visto pelas condutas de ar e de repente faltou energia. O fumo começou e as pessoas gritaram para sair. Eu não os vi mais”, repetia desesperado.
Inés, tia do aniversariante, conta que optou por não ir à discoteca após o jantar em família. ''Às 07:00 descobri o que tinha acontecido e não consegui entrar em contacto com ninguém", disse.
Entre as vítimas do incêndio, o dono do estabelecimento é um dos feridos internados, enquanto uma das funcionárias da discoteca continua desaparecida.
O jornal “El Confidencial” também partilhou a história de Sara, uma jovem que saiu mais cedo da discoteca, mas expôs o relato dos amigos sobre o que se passou: “Quando a discoteca começou a cheirar a fumo, tudo aconteceu numa questão de segundos. As pessoas começaram a sentir o cheiro a fumo e algumas desmaiaram. Lá fora havia pessoas no chão, a gritar e a chorar".
No domingo, estimava-se que cinco pessoas estivessem ainda desaparecidas, mas, felizmente, duas delas contactaram a família esta segunda-feira. As restantes continuam desaparecidas.
O presidente da Câmara de Murcia, José Ballesta, confirmou que as autoridades espanholas só conseguiram identificar cinco das 13 vítimas mortais do incêndio através de impressões digitais. As restantes vítimas vão ser sujeitas a testes de ADN, por estarem em elevado estado de decomposição.
Devido à tragédia foram decretados três dias de luto na região.