Portugal-Nigéria, 4-0 (destaques)

David Marques , Estádio José Alvalade, Lisboa
17 nov 2022, 21:15

A eficácia de Bruno, a bússola de Bernardo, a arte de Félix, a combatividade de Otávio, a segurança de Patrício. E o sonho de um país inteiro suportado por eles

A FIGURA: Bruno Fernandes

No papel foi colocado no lado direito do meio-campo, mas na prática teve muita liberdade e foi efetuando algumas permutas com Bernardo Silva, aparecendo constantemente no corredor central. Inaugurou o marcador aos 9 minutos e bisou aos 35 minutos de penálti. Na última jogada da primeira parte apareceu isolado na cara do guarda-redes da Nigéria, mas falhou o hat-trick por tentar elevar a nota artística. Grande jogo do médio do Manchester United. Pelos golos, mas mais ainda pela dinâmica que apresentou. Saiu ao intervalo.

O MOMENTO: Rui Patrício defende penálti. MINUTO 80

Depois de um período mais frio na segunda parte, Portugal parecia estar a voltar a pegar no jogo e minutos antes João Félix estivera duas vezes perto do golo. Mas um deslize evitável de Diogo Dalot num lance sem grande risco para a baliza de Patrício entregou um penálti à equipa de José Peseiro. A ser concretizado, a Nigéria relançar-se-ia no jogo, mas o guarda-redes da Roma fechou a baliza e adivinhou o lado do remate de Emmanuel Dennis.

OUTROS DESTAQUES

João Félix: o 1-0 é muito dele, pela forma como abriu a defesa nigeriana com um grande passe para Dalot, que viria a servir Bruno Fernandes. Tentou o golo a meio da primeira parte e pouco antes do regresso para o intervalo descobriu nova brecha na defesa contrária e isolou Bruno. Manteve o nível elevado na segunda parte e foi o melhor de Portugal no período em que a Nigéria ameaçou o 2-1. Ameaçou o golo duas vezes e teve papel decisivo do golo que confirmou a goleada.

António Silva: Fernando Santos tinha prometido dar tempo de jogo ao «benjamim» da Seleção no jogo com a Nigéria para que este sentisse «o peso da camisola». Titular ao lado de Rúben Dias, não só não acusou a pressão como mostrou a serenidade habitual com que soluciona os problemas. Aos 24 minutos teve um bom corte e no minuto seguinte voltou a mostrar boa capacidade de leitura numa ação defensiva. Na segunda parte ensaiou dupla com Pepe. Aos 50 minutos «matou» uma transição rápida conduzida por Chukwueze. Apenas um deslize em todo o jogo, foi saiu à queima com Chukwueze, que levou a melhor sobre ele para depois ficar na cara de Rui Patrício.

Otávio: atuou numa posição mais central do terreno do que tem feito no FC Porto, mas a inteligência tática e a capacidade de combate que tem permite-lhe render onde quer que jogue. Protagonizou algumas boas aberturas e juntamente com William Carvalho deu à equipa o equilíbrio necessário para que os homens da frente jogassem sem rédeas.

Bernardo Silva: o elemento mais móvel da equipa das quinas nos 45 minutos iniciais e talvez o líder em campo. Foi visto a baixar para junto dos centrais para dar mais qualidade ao início do processo de construção e baralhou as marcações da Nigéria por estar sempre a aparecer em diferentes zonas do terreno. Arrancou o penálti que esteve na origem do 2-0 de Bruno Fernandes. Saiu ao intervalo.

Rui Patrício: a titularidade no Mundial até pode vir a ser de Diogo Costa, mas o guarda-redes da Roma mostrou que com ele a baliza das quinas também está bem guardada. Na segunda parte negou duas vezes que a Nigéria voltasse à luta pelo resultado quando Portugal ainda vencia por 2-0: primeiro fechou a baliza só com Chukwueze pela frente e depois defendeu uma grande penalidade.

Raphael Guerreiro: cumpriu os segundos 45 minutos e mostrou a capacidade ofensiva que lhe é reconhecida por todos. Assistiu Gonçalo Ramos para o 3-0 e o 4-0 nasce de um soberbo passe picado dele para João Félix. Desequilibrador!

Gonçalo Ramos: que melhor estreia pela seleção principal pode pedir um jogador? Entrou aos 66 minutos e marcou menos de 20 depois numa finalização no coração da área semelhante às muitas que soma no Benfica nesta temporada. Mas não mostrou só faro de golo: a assistência, de calcanhar, para o 4-0 do companheiro de equipa João Mário também é digna de ser revista.

Diogo Dalot: Fernando Santos aproveitou para dar descanso a João Cancelo, o jogador de Portugal com mais minutos nas pernas em 2022/23. O lateral do Manchester United fez uma primeira parte de bom nível e mostrou um envolvimento assinalável nas ações ofensivas. Foi dele a assistência para o 1-0 de Bruno Fernandes. Na segunda parte cometeu um penálti desnecessário que podia ter originado o 2-1, mas Rui Patrício levou a melhor sobre Bonaventure Dennis.

João Mário: está em grande forma e voltou a exibir-se a um nível elevado nesta quinta-feira. Foi lançado no jogo no regresso da equipa dos balneários e participou em alguns dos melhores desenhos ofensivos de Portugal. Combinou com Félix numa jogada em que o guardião nigeriano negou o golo ao avançado do Atlético e fez o 4-0 final ao encostar na zona do segundo poste. O critério do costume.

Simon: o mais irrequieto da equipa de José Peseiro até à entrada de Chukwueze. Conseguiu provocar alguns desequilíbrios pelo corredor esquerdo, mas nada que pusesse a defesa nacional em grande sobressalto.

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