SNS tem problemas mas é “porto seguro” dos portugueses. Pizarro quer continuar as negociações com os médicos

Agência Lusa , MJC
10 nov 2023, 16:24
Manuel Pizarro, ministro da Saúde (Lusa/ Miguel A. Lopes)

“Continuaremos a trabalhar sempre para garantir que o SNS seja essa resposta às necessidades dos cidadãos”, disse o ministro da Saúde

“O Serviço Nacional de Saúde tem dificuldades que eu nunca escondi e que nunca desvalorizei, mas o Serviço Nacional de Saúde continua hoje, como sempre, a ser o porto seguro para os portugueses”, afirmou o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, esta sexta-feira, à margem do 32.º Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas a decorrer em Matosinhos, no distrito do Porto.

Reafirmando reconhecer os problemas e constrangimentos que existem no SNS, o governante considerou que o funcionamento em rede das instituições tem permitido até hoje colmatar essas dificuldades. “Continuaremos a trabalhar sempre para garantir que o SNS seja essa resposta às necessidades dos cidadãos”, frisou.

Mais de 30 hospitais do país estão a enfrentar constrangimentos e encerramentos temporários de serviços devido à dificuldade das administrações para completarem as escalas de médicos, na sequência de mais de 2.500 médicos terem entregado escusas ao trabalho extraordinário, além das 150 horas anuais obrigatórias, em protesto após mais de 18 meses de negociações sindicais com o Governo. Esta crise já levou o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, a admitir que este mês poderá ser dramático, caso o Governo e os sindicatos médicos não consigam chegar a um entendimento.

O Governo vai estudar até onde pode ir nas negociações com os médicos, garantiu o ministro da Saúde, frisando, contudo, que o país não está em circunstâncias normais, referindo-se à atual crise política. “Nós temos de avaliar em que condição é que cada opção política do Governo pode ser tomada, porque se é verdade que o Governo está em funções, não é menos verdade que não estamos em circunstâncias normais”, afirmou Manuel Pizarro. E, por esse motivo, a negociação com os médicos exige “um estudo muito atento” do ponto de vista daquilo que é, não apenas a conformação legal, mas também a legitimidade política para que cada decisão seja tomada, frisou. “Vamos estudar até onde é que podemos ir nessa matéria”, acrescentou.

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) anunciou hoje que vai manter a greve ao trabalho extraordinário nos cuidados de saúde primários e pede a retoma das negociações com o Ministério da Saúde. Também hoje, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) pediu que fossem retomadas de imediato as negociações com o Ministério da Saúde.

Dizendo ter tomado “boa nota” dessa intenção dos sindicatos, Pizarro confessou não ter visto da parte do sindicato que decidiu manter a greve na próxima semana “nenhuma vontade de ele próprio se aproximar das posições do Ministério da Saúde” e desconvocar a greve face às atuais “circunstâncias muito especiais”.

A última reunião entre o Ministério da Saúde e os sindicatos médicos estava marcada para a passada quarta-feira, mas foi cancelada na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa. Nesse dia, o ministro da Saúde tinha declarado no parlamento que as negociações com os sindicatos médicos iriam prosseguir, afirmando que ainda não tinha perdido a esperança de chegar a um acordo com os médicos.

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