Maria Pevchikh considera que está cada vez mais difícil a situação na Ucrânia
Maria Pevchikh, opositora russa e antiga mão direita do opositor russo Alexei Navalny, afirmou em entrevista ao El País que "na Ucrânia, o tempo corre a favor do Putin" até porque o presidente russo "nunca ficará satisfeito com o nível de repressão".
A também jornalista e ativista visitou Madrid com o objetivo de apertar o cerco às casas, iates e outros bens de luxo que os oligarcas russos têm em Espanha, revelando que "Espanha está entre os três destinos mais comuns para o dinheiro russo corrupto".
"Em Málaga e Marbella, tivemos de fazer paragens constantes. Vimos uma mansão aqui, outra mansão ali ou um clube de golfe propriedade de um vice-primeiro-ministro. Infelizmente, até há bem pouco tempo, eram muito bem recebidos. Ninguém fazia perguntas", revela.
Em entrevista ao jornal espanhol, Pevchikh afirma que a guerra na Ucrânia não está a correr bem e está convencida de que o Kremlin já preparou tudo para que o Vladimir Putin vença as eleições de março de 2024, mesmo que o presidente russo ainda não tenha confirmado que se vá candidatar.
"O governo ucraniano reconheceu que a contraofensiva não está a produzir os resultados esperados. Os fornecimentos ocidentais de dinheiro e equipamento militar estão a diminuir. Na Europa, estão a surgir governos mais críticos, como o da Eslováquia. E a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA seria um desastre para a Ucrânia. (...) Putin não conseguiu apoderar-se da Ucrânia, que era a guerra a curto prazo. Infelizmente, não é provável que ele perca a guerra a longo prazo. O tempo está a correr a seu favor. A Rússia está a impor a sua narrativa de que este é um conflito muito longo, para o qual a sua população tem de se preparar", afirma.
Sobre as possíveis repercussões que uma vitória poderá ter, a ativista diz que "quanto mais tempo Putin permanece no poder, mais o nível de repressão cresce".
Questionada sobre o estado de Navalny, Pevchikh afirma que o opositor russo "está numa situação extremamente má, em isolamento contínuo".
"Não lhe é dado qualquer tipo de tratamento. Está nas mãos das mesmas pessoas que o tentaram matar quando foi envenenado. Mas não sabemos realmente os pormenores", revela.
Navalny foi condenado a 19 anos de prisão por extremismo e está detido na colónia penal IK-6 em Melekhovo, 250 quilómetros a leste de Moscovo, onde é regularmente enviado para uma cela disciplinar.