Marcelo diz que Europa não estava preparada para a guerra: "Custos nas vidas das pessoas já começaram e vão continuar”

Nuno Mandeiro , com Lusa
15 mar 2022, 13:36

Presidente da República comparou a invasão russa com o surgimento da pandemia de covid-19: "Ninguém estava preparado"

Marcelo Rebelo de Sousa reconheceu, esta terça-feira, que a guerra na Ucrânia já está a ter um impacto na carteira dos portugueses, mas alerta que essa será uma situação que não se vai alterar "nos próximos tempos". 

O Presidente da República não exclui a futura criação de um programa europeu semelhante ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), criado para fazer face aos efeitos socioeconómicos da pandemia de covid-19, garantindo que as sucessivas reuniões da União Europeia não se centram exclusivamente na criação de novos pacotes de sanções contra a Rússia.

“De repente, temos uma guerra na Europa. De repente, é um choque que, além de ser psicológico, político e diplomático, é económico, financeiro e social. Tem consequências. Não se sabe quando é que acaba, não se sabe como é que acaba e não se sabe que custos terá até acabar. Sabe-se apenas uma coisa: alguns custos nas vidas das pessoas já começaram e vão continuar nos próximos tempos”, disse.

O responsável português é claro: “Estão aí tempos muito difíceis". Marcelo Rebelo de Sousa lembra que a última guerra na Europa ocorreu há 30 anos, na antiga Jugoslávia, e que este é um cenário a que os europeus não estão "muito habituados".

O Presidente considera que a Europa "não estava preparada" para a invasão russa e que isso é algo evidente quando se olha quer para o setor da energia, quer para o funcionamento atual dos mercados. Marcelo enaltece ainda que o velho continente se encontrava numa fase de recuperação, após sucessivas vagas de SARS-CoV-2, e que agora terá, "dentro das disponibilidades existentes", de ir acompanhando permanentemente "a nova situação que se criou".

“Para ser sincero, é como a pandemia: ninguém estava preparado para esta guerra. Era uma hipótese, era um cenário, mas não se sabia como, quando e se podia haver ou não haver. Para as consequências, como se pode ver, a Europa não estava preparada, tal como muitos países do mundo”, frisa.

O Presidente da República falava aos jornalistas no Palácio de Belém, depois de ter assistido a um encontro entre o fotógrafo Alfredo Cunha e alunos do 11.º e 12º ano de uma escola de Ferreira do Alentejo, no âmbito do programa “Artistas no Palácio de Belém”.

Presidente vê ida a Kiev de três líderes europeus como a forma máxima de solidariedade

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que a ida de três chefes de Governo europeus a Kiev é “o máximo da solidariedade possível” para com a Ucrânia, sublinhando que representa o “sentir da União Europeia”.

O Presidente da República reagia à deslocação dos primeiros-ministros da Polónia, República Checa e Eslovénia a Kiev, onde se irão encontrar esta terça-feira com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pouco depois de ter assistido a um encontro entre o fotógrafo Alfredo Cunha e alunos do ensino secundário, no âmbito do programa “Artistas no Palácio de Belém”.

“É um sinal visível de como a União Europeia acompanha de forma muito próxima o que se passa na Ucrânia, não há maneira mais próxima do que verdadeiramente ir lá em plena guerra – já tinha acontecido antes da guerra – estar lá para dizer ‘olhe que nós, apesar de todos os riscos que pode haver numa deslocação destas, estamos solidários”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Segundo o Presidente da República, a deslocação dos três chefes de Governo representa “o máximo da solidariedade possível”, uma vez que, “não podendo ir muito mais gente", vão "os representantes de alguns dos povos” que “representam o sentir da União Europeia".

Os primeiros-ministros polaco, checo e esloveno viajam esta terça-feira para Kiev como representantes do Conselho Europeu para se encontrarem com o Presidente ucraniano, anunciou o governo da polónia em comunicado.

Os primeiros-ministros da Polónia, Mateusz Morawiecki, da República Checa, Petr Fiala, e da Eslovénia, Janez Jansa, "vão hoje a Kiev como representantes do Conselho Europeu, para se encontrarem com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o primeiro-ministro, Denys Chmygal", segundo o texto oficial.

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