Marcelo avisa que 2023 será “primeiro grande teste” do qual “dependerá o resto da legislatura”

Agência Lusa , WL
26 nov 2022, 13:44
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa (Lusa/Paulo Cunha)

Aviso chega depois da aprovação do Orçamento do Estado para 2023, com o voto favorável da maioria absoluta socialista

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu este sábado que o próximo ano vai ser “o primeiro grande teste” do Governo e alertou que “como for 2023, assim dependerá o resto da legislatura”.

Em declarações aos jornalistas na Feira de Solidariedade Rastrillo, em Lisboa, o chefe de Estado disse que vai estar “muito atento aquilo que vai ser este ano de 2023”.

“É evidente que 2022 foi muito marcado por ter havido eleições há seis meses ou sete meses. Agora, 2023 é um teste, é o primeiro grande teste antes das eleições europeias de 2024 e esses anos são fundamentais para se testar como é que enfrentamos a crise e como é que há condições políticas para levar por diante aquilo que os portugueses querem, que é ultrapassar essa crise”, defendeu.

Marcelo Rebelo de Sousa disse estar a falar “para o Governo e para todo o país”.

“Nós sabemos que há uma guerra, e sabemos que há inflação e sabemos que 2023 vai ser pior que 2022, e como for 2023 assim dependerá o resto da legislatura”, salientou, apontando que “é um ano decisivo”.

Questionado se serão necessárias mais medidas de apoio às empresas e às famílias para as ajuda a enfrentar a crise, o chefe de Estado afirmou que “se a situação for em 2023 pior do que em 2022 vai ser difícil não haver”.

“É tão lógico, tão lógico, tão lógico que decorre da natureza das coisas. Se de repente a inflação continuar muito alta, se a situação das famílias se degradar, se houver aquilo que não houve felizmente até agora, que é desemprego, então obviamente os apoios sociais têm de aumentar”, considerou. E referiu que os próximos tempos serão “muito duros”.

“O ano de 2023 vai ser um ano de mais guerra, não sabemos até quando, também inflação, não sabemos até quando, de mais custos na vida dos portugueses, não sabemos até quando. Isso implica por um lado uma atenção por parte dos poderes públicos em apoios sociais, mas implica a solidariedade social”, sustentou.

Marcelo nega estar cansado da Presidência

O Presidente da República negou estar cansado de ocupar o cargo e considerou que neste momento “seria mau” uma interrupção ou um encurtamento do mandato, dado o contexto que o país atravessa.

“Não, não estou cansado da Presidência e, pelo contrário, é mais necessário mais Presidente num momento de mais crise, como é evidente”, defendeu Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado referiu que chegou na sexta-feira do Qatar e que tem tido “tantos compromissos, tantos compromissos, a maior parte deles sociais”, mas referiu que não se cansa.

“Eu nunca me canso, eu sou criticado muitas vezes de nunca me cansar e outras vezes de me cansar”, afirmou.

Questionado sobre a proposta do PSD no âmbito da revisão constitucional para que o Presidente da República tenha um mandato único de sete anos (em vez da possibilidade de dois mandatos de cinco), Marcelo assinalou que essa alteração já foi defendida por si.

“Eu não me meto na matéria da revisão constitucional, é uma matéria em que o Presidente da República não tem poderes nenhuns e eu, por exemplo, no passado defendi, quando não era Presidente da República, e mesmo no início, quando me candidatei, que a solução melhor seria um mandato único de sete anos”, apontou.

“No entanto, devo reconhecer que neste momento, com a guerra e com a crise, seria mau haver uma interrupção de mandato, um encurtamento de mandato, precisamente porque é preciso é haver quem enfrente a crise e quem garanta, intervindo. E o Presidente deve intervir para garantir, por um lado, que a maioria absoluta cumpre o que deve cumprir - para isso é que ela existe – e, por outro lado, para garantir que haja uma oposição que possa ser alternativa, como é desejável que haja alternativas no futuro”, defendeu o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa apontou também que está a ser mais exigente no segundo mandato.

“Estou a ser. Já mandei um diploma para o Tribunal Constitucional, posso mandar outros”, avisou.

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