Mundial 2022: Marcelo realça relações diplomáticas com vários países não democratas

Agência Lusa , MM
22 nov 2022, 15:38
Marcelo Rebelo de Sousa

A deslocação do Presidente da República ao Catar, para assistir ao jogo de Portugal frente ao Gana, foi aprovada esta terça no Parlamento

O Presidente da República realçou, esta terça-feira, que Portugal mantém relações diplomáticas com vários países não democratas e defendeu que o Mundial de futebol é um certame importante e que as autoridades portuguesas devem lá estar.

Em declarações aos jornalistas, em Leiria, Marcelo Rebelo de Sousa sustentou que Portugal mantém “relações diplomáticas com a maioria dos Estados do mundo, [e] a esmagadora não é democrática” e reiterou que falará no Catar, onde decorre o Mundial de futebol, sobre direitos humanos.

“Eu já tive ocasião de dizer que eu intervenho num debate sobre a educação e um dos pontos fundamentais da educação é direitos humanos. Portanto, naturalmente, eu, depois de amanhã, [quinta-feira] estarei a falar de direitos humanos no Catar”, afirmou.

A deslocação do Presidente da República ao Catar para assistir ao primeiro jogo da seleção nacional de futebol no Mundial 2022, na quinta-feira, foi hoje aprovada no parlamento, com votos a favor das bancadas do PS, PSD e PCP, abstenção do Chega e votos contra de IL, BE, PAN e Livre.

Os deputados do PS Isabel Moreira, Alexandra Leitão, Carla Miranda e Pedro Delgado Alves votaram contra este projeto de resolução, e abstiveram-se os deputados do PSD Hugo Carneiro, António Topa Gomes e Fátima Ramos e os socialistas Maria João Castro, Miguel Rodrigues e Eduardo Alves.

O Presidente da República considerou que “os votos contra foram, obviamente, de conteúdo, não foram formais e, portanto, significa que houve uma ponderação política”.

“Já em anteriores votações tinha havido. Já me tinha deslocado a países vários com votos contra, por haver a ideia, daqueles que votavam contra minoritariamente, de que não sendo democracias, não fazia sentido lá ir ou que qualquer contacto seria uma legitimação”, declarou, acrescentando que “não é essa a orientação da política externa portuguesa”.

“Ainda agora foi marcada a COP [conferência do clima das Nações Unidas] do ano que vem para os Emirados Árabes Unidos. Realizou-se se este ano no Egito. Têm regimes muito diferentes dos nossos e tem acontecido isso, sistematicamente, nas reuniões internacionais”, notou, referindo que se trata “da única maneira de democracias poderem falar com não democracias sobre problemas do mundo”, sendo que “isto aplica-se a todo o tipo de relacionamento, económico, político, científico, tecnológico, social, onde esteja em causa a afirmação do interesse nacional”.

Quanto ao Mundial de futebol, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu ser “evidente que a intervenção da seleção portuguesa de futebol é uma forma de projeção do interesse nacional tão forte, tão forte, que o seu capitão é a pessoa mais conhecida do mundo como português e das mais conhecidas do mundo em termos globais e serve - como está a acontecer agora nos Estados Unidos da América - para uma campanha pública da marca Portugal”.

“Portanto, a presença da seleção é uma forma de presença de Portugal e dos interesses portugueses, e entra dentro da lógica que tem sido seguida até agora na política externa portuguesa”, frisou.

Marcelo Rebelo de Sousa insistiu que “a seleção portuguesa tem uma visibilidade e um peso internacional óbvio, não vale a pena desmentir, é assim, e, portanto, é Portugal que está representado por embaixadores muito qualificados”.

O Presidente da República acrescentou que quando foi aprovado este Mundial, em 2010, era chefe de Estado Cavaco Silva e era primeiro-ministro José Sócrates e “não houve na altura, nem depois, qualquer tipo de posição da comunidade internacional, como tinha havido no passado pelo menos nos Jogos Olímpicos”.

“Havendo esse certame, que é de projeção importante para Portugal, as autoridades portuguesas devem lá estar”, disse, para salientar que “é completamente diferente apoiar lá, ir lá dizer o que se pensa sobre a situação política lá”.

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